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DVD: <i>Jornada nas estrelas: Generations</I>

DVD: <i>Jornada nas estrelas: Generations</I>

07.04.2005, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H17
Jornada nas Estrelas: Generations
3 ovos

Após sete anos de sucesso na TV, chegava o momento de A nova geração de Jornada nas estrelas alçar vôos mais altos. Para uma série televisiva, isso significa migrar para as telas do cinema. Ate aí, nenhuma novidade. Àquela altura, uma década atrás, Jornada já acumulava, em seu currículo, seis longa-metragens, todos com o elenco da série clássica dos anos 60.

Em maio de 1994, fora ao ar All good things..., o último episódio de A nova geração. Um dia depois do término de sua gravação, o elenco já se encontrava em estúdio filmando Jornada nas estrelas: Generations, o sétimo segmento cinematográfico da franquia e o primeiro com a tripulação da Enterprise-D do século 24, liderada pelo capitão Jean-Luc Picard (Patrick Stewart). No entanto, não apenas as personagens de A nova geração estariam presentes. James T. Kirk (William Shatner), Scotty (James Doohan) e Pavel Chekov (Walter Koenig) fariam a passagem da tocha de uma geração para a outra.

Encontro frustrado

Em Generations, após um acidente com a Enterprise-B, o lendário capitão Kirk é dado como morto. Setenta e oito anos depois, a tripulação da Enterprise-D tem de lidar com um maluco de nome Soran (Malcolm MCDowell). O vilão planeja explodir algumas estrelas para atrair uma faixa de energia chamada Nexus capaz de levá-lo a uma dimensão onde os sonhos tornam-se realidade. Para concretizar seu desejo insano, Soran e suas aliadas, as irmãs klingons Duras, não medem esforços, o que inclui assassinatos e a destruição de um planeta inteiro. Por sua vez, Picard e a conselheira Guinan (Whoopi Goldberg) tentam obter a ajuda de Kirk, preso no Nexus desde o acidente com a Enterprise-B.

Já na pré-produção, ficou bem claro que Generations seria o filme em que se encontrariam as duas tripulações de Jornada. Por questões contratuais e de roteiro, no entanto, parte do elenco original só apareceria na seqüência inicial e quase sem falas. Muitos artistas não aceitaram esta limitação e, por conseguinte, apenas Scotty e Chekov, além do óbvio Kirk, foram as personagens da série clássica que sobreviveram ao roteiro final.

Mais furos do que uma peneira

O começo do filme, que mostra o lançamento da Enterprise-B e a monótona aposentadoria dos tripulantes do seriado original, é bastante divertido, assim como a falta de experiência do capitão da nova Enterprise, o inseguro John Harriman (Alan Ruck, o Cameron de Curtindo a vida adoidado) que recorre a Kirk quando a nave se depara com o tal Nexus em sua viagem inaugural. Em seguida, a trama salta para o futuro e são apresentados os integrantes de A nova geração.

Escrito pela dupla Ron Moore e Brannon Braga, o roteiro vai bem até Soran entrar em cena. Com suas motivações reveladas no final do segundo ato, o caldo começa a desandar numa sucessão de eventos confusos que culminam com Picard adentrando Nexus em busca de Kirk.

Para evitar viagens no tempo, um dos vícios de Brannon Braga, os roteiristas bolaram um tempo paralelo onde Kirk está preso sem se dar conta. Recém-chegado à bolha temporal, Picard mata a charada em questão de minutos e leva Kirk para o século 24. Mais chocho impossível.

Há furos no roteiro por onde até um elefante passaria. Vejamos... se podia voltar no tempo, por que raios Picard simplesmente não prendeu Soran a bordo da Enterprise-D ou em algum outro momento mais conveniente? E o míssil do vilão? Disparado, atinge a estrela Veridian em menos de um minuto, o que faz o planeta Veridian III ficar às escuras sessenta segundos depois, contrariando todas as leis da física. Todavia, a cerejinha podre no topo do bolo azedo foi a insossa e inútil morte de James T. Kirk. Nada mais anticlimático e broxante do que o fim deste ícone da ficção científica. Assista e tire suas próprias conclusões.

Às pressas

Descontando o roteiro, que, de tantos furo, lembra uma peneira, Generations é bem produzido e tem lá seu charme.

A direção ficou por conta do britânico David Carson, que já havia comandado vários episódios de TV de A nova geração. A trilha sonora de Dennis McCarthy é excelente, uma das melhores de toda a cinessérie.

Talvez, com mais tempo para se elaborar o roteiro, o filme tivesse tudo para brilhar. Feito às pressas para aproveitar a popularidade do seriado que chegava ao fim, virou uma colcha de retalhos descartados pela televisão com um incômodo e constrangedor remendo representado pela desnecessária morte de Kirk.

Se você não é trekker, talvez apenas lamente a pobreza narrativa, mas, se for um fã, vai se sentir ofendido.

No fim das contas, um resultado razoável

O DVD duplo especial foi lançado no Brasil pela Paramount.

Como de costume, a qualidade de som e de imagem é muito boa. No primeiro disco, há comentários de Ron Moore e Brannon Braga, bem como opção de som em DTS. Já a segunda bolachinha, traz documentários, featurettes, cenas excluídas e entretenimento para um dia inteiro.

Generations foi a primeira tentativa de levar uma nova tripulação de Jornada nas estrelas para o cinema. Não alcançou todo seu potencial, mas, com as atenções da mídia voltadas para a morte de Kirk, alavancou a popularidade da franquia. O filme foi até capa da revista Time, e a repercussão garantiu um novo longa-metragem dois anos depois, o bem mais elaborado Primeiro contato. Esse sim, um verdadeiro sucesso e uma obra com poucas ressalvas.

Fernando Penteriche é editor do Trek Brasilis

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