Filmes

Notícia

Era Uma Vez...

Diretor de 2 Filhos de Francisco reconta Romeu e Julieta no Rio de Janeiro dos dias de hoje

24.07.2008, às 13H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H38

A frase "Era uma vez..." é muito ligada aos contos de fada, aqueles bonitinhos em que a a princesa se casa com o príncipe encantado e os dois vivem felizes para sempre. No mundo real a história é outra. Os desafios são maiores que qualquer gigante, mais feios que os dragões e mais cruéis que madrastas com verruga na ponta do nariz. Apesar de alguns elementos estrategicamente plantados para justificar o título, o filme Era Uma Vez... (2008) tem pouco das histórias felizes que são contadas para as crianças.

O cenário é o Rio de Janeiro. A princesa, Nina (Vitória Frate), não mora em um castelo, mas sim em um apartamento de frente para a praia de Ipanema. E seu príncipe encantado é Dé (Thiago Martins), um dos milhares de jovens que desce o morro diariamente atrás de trabalho honesto. Da barraca de côco que fica na frente do apartamente dela, Dé acompanha o dia-a-dia da moça, as festas, as amigas, os problemas com os namorados. Sonha com o dia em que vai vencer a timidez e falar com ela.

era uma vez

None

era uma vez

None

era uma vez...

None

A distância entre o casal é física, cultural e social, mas seria também intransponível? Não para os dois, que querem ficar juntos apesar de seus caminhos apontarem para horizontes diferentes.

O que acabou se tornando este romance dramático que você vai ver no cinema - e os lindos enquadramentos que eles fizeram do Rio de Janeiro merecem esse esforço seu - teve um início bem diferente. Quando Breno Silveira era o diretor de fotografia de Santa Marta - Duas Semanas no Morro (1987), de Eduardo Coutinho, ele passou um tempo na favela e decidiu que aquele duro cotidiano continha tudo o que era necessário para a sua estréia como diretor. Tentou, então, comprar os direitos de um livro chamado Cidade de Deus, de Paulo Lins. Chegou atrasado. Fernando Meirelles já tinha passado antes e o resto é história.

A solução foi chamar o mesmo Paulo para ajudá-lo a escrever uma nova história. Mas mesmo com o roteiro pronto e em mãos, Breno acabou se envolvendo com um outro projeto: 2 Filhos de Francisco, a história de Zezé de Camargo e Luciano. No papel, o filme tinha elementos para carregar o que a palavra popular tem de negativo. No entanto, o que se viu na tela foi um belo drama, muito bem filmado, que usou a popularidade dos biografados e se converteu na maior bilheteria nacional desde a Retomada.

Breno gosta de contar que fazer 2 Filhos de Francisco criou nele um gosto muito forte em falar de amor e emocionar as pessoas. Foi este sentimento que o levou a pegar a história escrita com Paulo Lins, que era bem mais violenta e reescrever, desta vez com a ajuda de Patrícia Andrade, a mesma que assinou o roteiro de 2 Filhos com Carolina Kotscho.

Se adicionou dramaticidade e elementos românticos, a trama caiu no clichê de recontar a história de Romeu e Julieta. Apesar de clássica e muito bem interpretada (com exceção do pai de Nina, papel do Paulo César Grande), a opção era óbvia demais. Mas Breno sabia disso e usou a última cena para fazer tudo ganhar novo sentido. Sabemos que no mundo real não dá para vivermos todos "felizes para sempre", mas ainda dá para melhorar muito!

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.