Filmes

Entrevista

Omelete Entrevista Mark Waters, diretor de As Crônicas de Spiderwick

Cineasta conta segredos da produção

20.03.2008, às 00H00.
Atualizada em 12.12.2016, ÀS 06H11

Você vai ler agora um dos últimos textos ainda inéditos da Comic-Con 2007. Mark Waters, o diretor de As Crônicas de Spiderwick chegou, sentou-se à mesa e falou 15 minutos sem parar de como foi fazer o filme, por que ele escolheu Freddie Highmore para interpretar dois papéis e os efeitos especiais que ele ajudou a construir. Confira:

Jamais imaginaria ver você dirigindo um filme de trols, duendes e fadas. Como isso aconteceu?

as cronicas de spiderwick

None

as cronicas de spiderwick

None

as cronicas de spiderwick

None

Mark Waters: O pessoal da Paramount é maluco! Desde que peguei este filme, quis fazê-lo o mais baseado na realidade possível. A história é muito simples: é um filme sobre uma família que enfrenta goblins e outros seres estranhos. No início, não imaginava que ia ser um filme com tanta computação gráfica e que tera Freddie Highmore contracenando com ele mesmo no papel de um gêmeo idêntico. Se soubesse o que teria pela frente, ia procurar abrigo, me esconder embaixo dos cobertores. Mas justamente porque começamos tão devagar e fomos evoluindo um passo de cada vez, o processo sempre me pareceu bastante tranqüilo.

Como você está lidando com os efeitos digitais?

Estou adorando, me divertindo muito! Sendo um maluco controlador, eu acabo me envolvendo em todas as áreas da produção e gastei muito tempo com o pessoal da ILM. Eles me mostravam uma cena e eu gritava do outro lado "Não! Os goblins vão fazer isso, e gritar nesta hora" e os animadores ficavam meio assustados, mas entendiam o que eu queria.

O livro foi escrito para crianças entre 7 e 10 anos, mas o filme foca crianças um pouco mais velhas. Quais foram as mudanças que vocês tiveram de fazer?

Em vez de desafios, eu vi isso como oportunidade. [Os criadores] Tony DeTerlizzi e Holly Black foram muito receptivos com relação a isso. O primeiro livro foi lançado em 2001 e eles sabiam que uma criança que leu o livro naquela época vai ter 17, 18 anos na época do lançamento do filme e conseqüentemente vai querer ver algo diferente. Mudamos coisas pequenas, trocando, por exemplo, uma perseguição de carro pelas crianças correndo dentro de um túnel com um trol-topeira gigante atrás deles tentando devorá-los, o que acho muito mais divertido. Em vez de apenas contar a mesma história, nós tentamos aumentar a tensão e a diversão. E uma vez que nós estávamos lidando com criaturas que eles criaram e em uma estrutura também inventada por eles, os dois nos apoiaram o tempo todo.

Nós vimos em A Lenda de Beowulf que hoje em dia tudo pode ser feito usando computação gráfica. Você chegou a cogitar deixar os atores de lado e criar tudo digitalmente?

Eu não sou tão esperto quanto Robert Zemmeckis e vamos deixar isso registrado aqui. É uma maluquice aquilo que ele faz. Eu já fico maravilhado com o que estamos fazendo em Spiderwick. (risos) A nossa expectativa aqui era fazer com que as pessoas realmente acreditassem que tem um duende sentado na mesa ou ali no jardim. Este foi também um dos motivos que nos levou para Montreal. Não dava para correr o risco de criar algo que parecesse falso na tela, recriado artificialmente. Queria algo que fosse bem cheio de terra por todos os lados, meio sujo, bagunçado e real.

Como foi trabalhar com Freddie Highmore? Ele parece estar em todos os filmes hoje em dia.

Ele é ótimo! Ele fez os dois papéis e os dois com um sotaque de estadunidense. Eu tinha essa idéia de criar um ótimo filme de fantasia tipicamente do meu país e a melhor pessoa que achei para fazer o papel principal era um inglês. E sua irmã é interpretada por uma garota irlandesa, Sarah. (risos) Mas é claro que nós tivemos ajuda de um ótimo treinador de dialetos, Brooks Baldwin, que praticamente morava no trailer deles. E eu desafio qualquer pessoa a ouvir seus diálogos e não dizer que os dois são norte-americanos.

Não seria mais fácil ter dois atores diferentes interpretando os gêmeos?

Tem uma parte de mim que queria se dedicar cegamente a este aspecto do livro. Eu tinha que seguir à linha o fato de termos dois gêmeos idênticos que são muito diferentes no sentido psicológico e ter dois atores diferentes não me parecia tão desafiador. Agora, ter Freddie atuando consigo mesmo, me pareceu uma idéia mais interessante e divertida. Tem aquela parte do livro em que Simon está machucado e Jared precisa ir salvá-lo ou quando ele acaba se envolvendo na trama justamente porque os dois são iguais. Tudo isso me parecia o mais correto, mas discutimos muito antes de bater o martelo. Com certeza seria muito mais fácil em termos de finalização, mas olhando para o produto final e as atuações, é incrível o que conseguimos.

O que Freddie tem de especial, para você achar que só ele poderia fazer este papel?

Ele é fenomenal. Pense no Jeremy Irons em Irmãos Inseparáveis (Dead Ringers, 1988)... não é fácil fazer um papel bem e ele consegue fazer dois e interagir com ele mesmo. Ele tem este talento que se mostra desde muito pequeno, tipo a Dakota Fanning, que chega até a dar medo.

Na época do lançamento de E se Fosse Verdade (Just Like Heaven), você disse que gostava de ter um pé na realidade e drama. O que você conseguiu trazer daquele filme para cá?

Todos os meus filmes têm este "pezinho" na fantasia. Veja o Sexta-Feira Muito Louca, por exemplo. Acho que acabo sempre sendo atraído pela fantasia, mas este tipo que tem algo muito próximo da realidade.

Hoje, com tantos filmes de fantasia chegando aos cinemas, você não sente um pressão muito grande sobre os seus ombros?

Isso é parte da minha inspiração para o filme. A história não se passa na Terra-média. Não estamos falando de Hogwarts. É algo que poderia estar acontecendo no seu quintal, no seu bairro. As criaturas estão lá e você é que não viu até hoje e é melhor que continue assim, porque se você for vasculhar, pode descobrir o que não deve e se meter numa enorme confusão. É algo mais realista, mais orgânico e foi isso que me chamou a atenção. É uma fantasia, mas em um contexto muito diferente do que as pessoas fizeram antes.

Leia a crítica de As Crônicas de Spiderwick

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.