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Crítica

Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel | Crítica

A tristeza do retorno garantido

24.12.2014, às 17H00.
Atualizada em 10.01.2015, ÀS 18H48

Confiante de que o público já conhece Pedrão e Jorginho da televisão, o filme Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel não se dá ao trabalho de apresentar os dois seguranças interpretados por Leandro Hassum e Marcius Melhem. Eles entram correndo em cena e caem direto na premissa, literalmente: despencam do telhado de um museu, onde terão que trabalhar de vigias na exposição da joia do título.

Seria um início ousado, com essa lacônica introdução, se não fosse antes uma aposta no garantido: personagens de humorísticos da TV Globo e comédias estreladas por Hassum dispensam apresentações. É como uma franquia que está estabelecida mesmo antes de existir que Os Caras de Pau se oferece, e nesse sentido o diretor Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora, E aí, Comeu?) faz seu serviço com o esperado automatismo.

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Porque Os Caras de Pau tem "comédia, suspense, ação, aventura e terror", como o elenco define o filme, como se a pluralidade de gêneros já garantisse, de antemão, o resultado na tela. Aos poucos o espectador percebe que, de fato, não há filme mais inclusivo do que Os Caras de Pau, mesmo porque uma voz em off fica lendo tudo o que aparece escrito na tela e quem não é alfabetizado agora pode se sentir parte do público também.

Que tristeza viver com a certeza do retorno garantido na bilheteria... Uma comédia que começa partindo do específico (as figuras de Hassum e Melhem dispensando apresentações; o humor brasileiro, que sempre primou pela caricatura, apresentado aqui sem cerimônias) se revela genérica nas suas repetições e na sua falta de compromisso, entre imitações descaradas (cada um tem o Maxwell Smart que merece) e muitas variações de piadas de gays e trocadilhos com anéis.

Em alguns momentos, quando Hassum faz seu conhecido tipo do evangélico escandaloso, ou quando o sempre ótimo André Mattos contracena com a dupla na na cena da cantina, Os Caras de Pau periga sair do controle, com planos que ameaçam ficar longos demais e esgarçar o tempo da piada. Mas daí Joffily corta, mata o momento, ou vem uma punchline barata para estragar o clima (como quando Hassum comenta as desmunhecadas de Melhem).

É uma pena, porque nada seria mais benéfico para um filme desses - com evidente vocação para o humor de histeria - do que perder o controle, testar os seus limites e, enfim, se arriscar um pouco mais.

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