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Panair do Brasil

Documentário mostra mais uma página rasgada da história brasileira durante a ditadura militar

06.11.2008, às 15H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 20H02

Preciso confessar que antes de entrar na sessão de Panair do Brasil (2008) estava completamente desinteressado por este documentário que fala da história de uma companhia aérea que não existe desde 1965. Mas em pouco tempo o filme já tinha virado o jogo. A empolgação com que os entrevistados falavam da Panair do Brasil, seus copos de cristais, os talheres de prata e as lindas aeromoças trazem de volta o romantismo de um passado que eu não vivi.

A empresa foi criada em 1930, quando, no meio da Grande Depressão, a Pan-Am comprou a NYRBA, que fazia o traslado New York, Rio e Buenos Aires, daí o seu nome. Durante os próximos anos, a companhia foi crescendo e aumentando suas linhas não só no Brasil, mas também ao redor do mundo, voando pela América Latina, Estados Unidos, Europa e até Oriente Médio.

Panair

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O longa-metragem vai usando a memória de pilotos, aeromoças e clientes como os músicos Milton Nascimento e Fernando Brandt, a atriz Norma Bengell e o senador Eduardo Suplicy, além dos filhos dos dirigentes da companhia, e vai remontando os passos da empresa e citando curiosidades que reforçam sua importância no cenário nacional daquela época, servindo até mesmo de "bandeira" nacional lá fora, como visto no filme Um Só Pecado (La Peau Douce, 1964), de François Truffaut, em que o personagem interpretado por Jean Desailly viaja a bordo da Panair.

O sentimento calmo e nostálgico muda quando se começa a discutir o fechamento da Panair, conseqüência do Golpe Militar de 1964. Inesperadamente, a bem sucedida empresa foi impedida de voar e suas linhas foram prontamente entregues à VARIG. A Panair foi apenas mais uma das companhias dos empresários Celso da Rocha Miranda e Mario Wallace Simonsoen a sofrer com a entrada - à força - dos militares no poder.

De uma hora para outra, 5 mil funcionários estavam desempregados e uma empresa que esbanjava saúde financeira foi decretada como falida, apesar de ter como bens ativos aeroportos em várias cidades do Brasil e até uma fábrica onde se fazia a manutenção dos motores de aviões de vários lugares - a única fora do eixo Europa-Estados Unidos.

Eu estava gostando da aula de história e descobrindo mais uma página rasgada da ditadura, mas pouco daquilo me dizia respeito, já que eu só nasci dez anos depois do fim da empresa. Até que aparece na tela Elis Regina cantando "Conversando no Bar", de Milton Nascimento e Fernando Brandt, que tem o subtítulo "Saudade dos Aviões da Panair". Meus pais ouviam muito essa música quando eu era pequeno e, de repente, eu vi que aquela história era minha também.

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