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PQD

Documentário acompanha aspirantes a um lugar na Brigada Pára-Quedista do Exército

06.12.2007, às 17H50.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H31

No país do escárnio e da piada pronta, Tropa de Elite reavivou, ainda que de forma torta, o respeito pela instituição e pela autoridade. É uma época interessante, portanto, para o lançamento de PQD, documentário de Guilherme Coelho sobre a Brigada Pára-Quedista do Exército.

Interessante não só pela coincidência de temas, mas também porque existe, como no filme sobre o BOPE, uma visível ruptura entre a realidade dentro e fora do quartel - o duro processo de treinamento e o orgulho de integrar o chamado PQD da Vila Militar contrastam com a rotina de quebra-galhos nas zonas pobres do Rio de Janeiro, onde leis opacas imperam. Dentro do quartel imperam leis de fato.

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Antes de mais nada, há no documentário trechos que vão satisfazer o sadismo dos fãs de Tropa de Elite, com vários "fanfarrões" um depois do outro "pedindo pra sair". Pelas contas oficiais, 115 mil jovens servem as Forças Armadas anualmente, poucos deles encaram o alistamento obrigatório como uma chance de seguir carreira. Coelho acompanhou nove cadetes no filme - um ou outro de vocação indiscutível, um ou outro visivelmente avesso à disciplina.

Um dos melhores salários pagos dentro da corporação é o motivo pelo qual quase todos esses personagens escolheram disputar um lugar na tropa pára-quedista. Um jovem formado no PQD tem, também, prioridade caso escolha depois prestar concurso para a PM - uma opção que desagrada os pais, não só por causa do perigo implícito na função, mas pela má imagem da Polícia Militar. Que as pessoas assumam suas opiniões e os seus desejos diante da câmera já é uma vitória de Coelho.

O fato de o diretor ser um jovem carioca falando as mesmas gírias dos seus documentados, em um período longo que totalizou 18 meses - e com licença do exército para entrar com a equipe de filmagem no quartel - facilita na hora de se aproximar dos personagens. Confissões saem mais fácil. É como no primeiro documentário de Coelho, Fala Tu, sobre rap: os depoimentos fluem naturalmente porque o entrevistador/diretor estabelece com o entrevistado uma relação de identificação, cumplicidade.

E Coelho sabe enxergar por trás dos ritos todos - o primeiro salto, o dia de ganhar a bota, o apego à boina - os anseios bastante distintos de cada um dos aspirantes a pára-quedistas. No material oficial entregue à imprensa, fala-se que PQD "é um documentário sobre estar no exército, sem ser um documentário sobre o exército em si". É bem por aí mesmo.

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