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Festival de Cannes | "Gosto de filmar em preto e branco para falar de angústias", diz Philippe Garrel

Diretor também comentou desempenho do filho, Louis Garrel

23.05.2017, às 11H51.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Favorito ao prêmio de Melhor Ator no 70º Festival de Cannes por seu desempenho como o jovem diretor Jean-Luc Godard na comédia Le Redoutable, o galã Louis Garrel atribuiu o bom resultado de sua performance às lições que aprendeu com o pai, um dos mais cultuados cineastas da França, Philippe Garrel. Diretor de longas-metragens como Amantes Constantes (2005), foi ele quem ensinou Louis a duvidar: de si, das verdades absolutas e das representações melosas. Dúvida é a matéria-prima da obra de Philippe, cujo filme mais recente, o drama L'Amant d'un Jour, virou um acontecimento na Croisette, conquistando até os antipatizantes da estética intimista do veterano realizador. Seu longa é um dos mais disputados da Quinzena dos Realizadores, seção paralela à disputa pela Palma de Ouro.

"Tudo no cinema, na vida e no amor é questão de hábito. Tenho hábito de filmar em PB, usando película e montando equipes pequenas, para falar das angústias de nossas rotinas", diz Philippe ao Omelete. Em L'Amant d'un Jour, ele acompanha o desafio de um homem (o também diretor Eric Caravaca) para domar o ciúme de sua filha por sua nova namorada. Ambas têm 23 anos e demandam dele exclusividade.
 
"Leio Freud sempre para poder entender do que o ciúme é capaz e só consigo ver esse sentimento como uma variável de desestabilização no jogo do amor. Um jogo de múltiplas combinações", diz Philippe, que tem um filme inédito, À Sombra de Duas Mulheres, previsto para estrear em junho no Brasil. "Existe uma política nas relações afetivas que é regida pela disputa por Poder. Meu cinema tenta devassar esse Poder".
 
Sobre o sucesso de seu rebento Louis Garrel no papel de Godard, Philippe comemora o fato de o ator ter emulado o espírito crítico da década de 1960 em Le Redoutable, cuja direção é do oscarizado Michel Hazanavicius (O Artista). "Eu era um jovem iniciante em 1967, a época retratada por esse filme, e Godard já era um mito, que nos influenciava a sermos livres e filmarmos com liberdade", diz Philippe. "Louis captou bem as questões daquele tempo".
 
Nesta terça (23), na competição, a Croisette recebe mais um mestre da França nas telas: o realizador Jacques Doillon, na disputa com Rodin. Seu protagonista é o aclamado Vincent Lindon, já premiado aqui com La Loi du Marché, em 2015.
 

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