Filmes

Artigo

Festival de Cannes | O lado B do evento: donuts matadores, coelhos gigantes e terror com Dolph Lundgren

O que a Croisette vê quando não está com os olhos voltados para a Palma de Ouro

14.05.2016, às 13H05.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Rosquinhas assassinas andam assombrando o Festival de Cannes. Assombros também vieram de um assassino com uma furadeira acoplada no braço. Mas o susto maior se deu quando um obeso Steven Seagal foi visto circulando pela Croisette, não na ala de luxo da 69ª edição do festival francês, mas sim na seção chamada Marché du Film, onde ocorrem rodadas de negócio entre distribuidores e produtores de todo o planeta, preocupados mais com bilheterias polpudas do que com a Palma dourada. Eles usam uma área de estandes do Palais des Festivals e também salas de exibição espalhadas pelo balneário, onde uma pepita trash chamada Attack of the Killer Donuts, de Scott Wheeler, virou a maior diversão da cidade. É o lado B de Cannes dando suas cartas, incluindo atrações como um thriller de horror com o sueco Dolph Lundgren caçando demônios que incorporam na carne de seus algozes: Don’t Kill It.

A máquina de furar cujo barulhinho ficou nos ouvidos do Marche pertence ao terror Havenhurst, dos mesmos produtores de Jogos Mortais, agora debruçados sobre um psicopata que inferniza os moradores de um apartamento caindo aos pedaços. Do horror ao cinema-catástrofe, Cannes viu efeitos especiais de dar vergonha em Tsunami L.A., sobre uma onda gigante nas praias dos EUA. E a bizarrice não exclusividade dos americanos não: os russos trouxeram para o varejão da Croisette uma animação com um 3D feito no botequim chamada Quackerz, sobre um pato herói, que deixa certo constrangimento no ar. Já da Coreia do Sul veio um musical que ultrapassa o direito de ser brega – e mal filmado – chamado Karaoke Crazies, sobre aspirantes a cantor.

None

Na seara da ação, a barriguinha que Steven Seagal não consegue nem quer esconder toma toda a tela em The Perfect Weapon, thriller futurista no qual ele não usa mais seu aikidô, só manda seus asseclas brigarem. Há mais dignidade – aparentemente – em Tomboy, policial que marca a volta do cultuado cineasta Walter Hill (de Warriors – Os Selvagens da Noite), trazendo Michelle Rodriguez (de Velozes e Furiosos) como um Rambo feminino.

Agora o cartaz mais exótico do mercado é o de Kid Witness. Ninguém entendeu o que uma atriz ganhadora do Oscar como Susan Sarandon numa comédia para crianças com um coelho (!) tamanho GG (!!) como seu coadjuvante.

None

Enquanto isso, na disputa pela Palma de Ouro, já se aponta um certo favoritismo nas apostas pelo prêmio de melhor atriz, depositadas na lourinha Sandra Hüller, estrela da comédia alemã Toni Erdmann, para a qual Hollywood já estuda um remake. Dirigido pela cineasta Maren Ade, a produção foi aplaudida três vezes durante sua projeção por uma sucessão de sequências hilariantes relacionadas ao processo de aproximação afetiva entre um pianista decadente (Peter Simonischek) e a filha executiva (Sandra) a quem ele sempre negligenciou.

Para corrigir seus erros, ele inventa um alter ego ainda mais atrapalhado a fim de invadir a vida privada da jovem. Sua duração – 2h42m – deu uma assustada na plateia do festival. Mas, assim que as trapalhadas começam, levando a situações inusitadas como uma “festa do pijama” com todo mundo nu, o público viu que valia encarar um percurso tão longo. Mas, até agora, o campeão de elogios, entre os concorrentes já projetados, é I, Daniel Blake, do inglês Ken Loach.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.