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Festival de Cannes se rende a thriller de Jodie Foster sobre crise econômica nos EUA

Astro do filme, George Clooney polemiza festival com ataques a Donald Trump

12.05.2016, às 11H19.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Ataques explícitos a Donald Trump e sua potencial eleição para a Casa Branca tornaram ainda mais quente a passagem de Jodie Foster pela Croisette, com seu novo filme como realizadora, Jogo do Dinheiro (Money Monster), aplaudido calorosamente em sua exibição hors-concurs no 69º Festival de Cannes. Com um ritmo de tensão febril, crescente a cada virada, a produção fez de Cannes uma vitrine para promover sua estreia, à força do carisma de George Clooney (soberbo em cena) e Julia Roberts. Ele é o Silvio Santos de um programa sobre fianças da qual Julia é a produtora e cujo estúdio é invadido por um motorista desempregado, falido e armado, vivido por Jack O'Connell.

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"Este filme fala sobre uma tendência cada vez gritante na TV que é o dito 'jornalismo de entretenimento', no qual notícia e brincadeira se misturam sem que os fatos sejam discutidos como deveriam. O fato de que um apresentador de TV sem nenhuma seriedade dizer para as pessoas como elas devem investir seu dinheiro mostra a que grau de loucura nossa sociedade chegou", disse Clooney em resposta ao Omelete, escudando Jodie das questões mais políticas. "Trump não vai ser eleito porque a América não precisa viver com medo".

Diretora bissexta, respeitada por "dramédias" como Feriados em Família (1995), Jodie ataca aqui num terreno mais seco: o do suspense. Com um colete minado de bombas no peito e uma arma na cabeça, Lee Gates (Clooney), apresentador do reality show Money Monster, tenta sobreviver à ira de seu agressor e ajudá-lo a desvendar a verdade sobre uma fraude.

"Este é um filme de estúdio filmado com pouco dinheiro e muita liberdade, que nasceu como uma sátira sobre os EUA e virou um thriller mais globalizado sobre finanças", diz Jodie, que pisou em Cannes pela primeira vez há 30 anos como estrela mirim em Taxi Driver, laureado com a Palma de Ouro em 1976. "Quando vim aqui, ainda menina, não havia necessidade de cordões de isolamento com guardas para proteger as estrelas. Voltar agora como diretora a um ambiente que acolheu nomes como Pedro Almodóvar e Jim Jarmusch me faz sentir parte de um espaço que celebra o cinema autoral".

Como coadjuvante de luxo em Jogo do Dinheiro, Julia não escondia sua expressão de surpresa de estar em Cannes pela primeira vez: "Tudo aqui parece muito louco", disse a eterna "linda mulher". "Mas é inegável que aqui o cinema é celebrado por todo lado". 

Antes de Jogo do Dinheiro, Cannes purgou nas mãos do pavoroso filme francês Rester Vertical, em disputa pela Palma de Ouro graças ao recente prestígio de seu diretor, Alain Giraudie. A trama sobre a educação afetiva de um cineasta (vivido pelo careteiro Damien Bonnard) em viagem pelo universo rural da França começa na bizarrice e termina caindo de cara no ridículo. Embora tenha enquadramentos requintados e fotografia pontuada pela elegância, o filme derrapa num esforço para fazer rir pelas vias do absurdo, colocando seu protagonista num enredo de tintas honoeróticas entre lobos e pastores de ovelha. Como torcida pró Giraudie é volumosa na Europa, não lhe faltaram aplausos. Mas o boca a boca foi meio a meio, sendo que a metade antipática ao filme ataca implacavelmente a curadoria  por sua inclusão na briga por prêmios. Se ainda houvesse uma Framboesa de Ouro aqui...

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