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Festival de Cannes | Simpatia de Elle Fanning vira o jogo de The Neon Demon no evento

Vaiado pela ala mais conservadora da imprensa, novo filme de Nicolas Winding Refn é acolhido por fã-clube do diretor

20.05.2016, às 09H59.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

De uma beleza radiante, sintetizada num sorriso capaz de amolecer as mais duras expressões de rejeição ao filme The Neon Demon, Elle Fanning chegou ao 69º Festival de Cannes com a tarefa de promover o vaiadíssimo thriller de Nicolas Winding Refn e acabou virando o jogo em prol do cineasta. Durante um abarrotado bate-papo com a imprensa, não se via sinal dos críticos antipáticos à produção. Em seu lugar, veio o fã-clube do diretor de Drive, ganhador do prêmio de melhor direção na Croisette, em 2011, por Drive, e, uma vez mais em concurso. Ele briga por láureas agora com uma narrativa experimental de suspense sobre o mundo da moda.

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"Eu comecei a atuar ainda garotinha, mas nunca perdi o perfil de quem vem de cidade pequena para tentar a sorte num lugar como Hollywood. Isso gera uma relação direta com a trama de The Neon Demon", disse Elle, que interpreta Jessie, uma modelo iniciante imersa num ambiente de competição, assédio e canibalismo. "A gente conversava muito sobre Dorothy de O Magico de Oz, que sai de um lugar pequeno para cair num universo fantástico. Mas no nosso filme, o universo é sombrio".

Carregado de cores e luzes saturadas, de forma a dar a suas imagens aspecto de ensaio fotográfico de moda, The Neon Demon acompanha o caminho de Jesse rumo ao estrelato como rosto simbolo da beleza nas passarelas. Mas sua adesão aos códigos de ambição dos fashionistas de Los Angeles vão conduzir a jovem por ambientes com canibais e necrófilos.

"A gente entra neste filme para entender o quanto uma cidade como Los Angeles pode ser envolvente, apesar de muito assustadora", diz a atriz.

Com postura de popstar, debochando de perguntas maldosas, Refn insiste em definir The Neon Demon como um filme de terror e parece satisfeito com as reações acaloradas que o filme gerou.

"Arte não é uma questão de gosto, de 'É bom' ou 'É ruim'. Isso caba pra comida chinesa, por exemplo, mas pra arte, não. Arte é uma questão de experiência sensível. Ela exite para provocar reações, seja quais forem", diz Refn, que também recebeu vaias aqui por Apenas Deus Perdoa, em 2013. "Eu faço filmes para cultivar sentimentos. E neste, os sentimentos giram em torno da obsessão pela Beleza e da perversão de se erotizar tudo o que se põe diante de nós".

Antes de receber Refn e sua equipe, Cannes projetou, em concurso, The Last Face, dirigido pelo ator Sean Penn (de Milk - A Voz da Igualdade), um filme com todos os ingredientes esperados de um ganhador de Palma de Ouro: carrega um discurso humanitário, debate o bem-estar dos refugiados da Africa, tem dois astros de relevância estética e mundial (Charlize Theron e Javier Bardem), faz do amor uma bandeira e tem potencial comercial para virar blockbuster. E, se não bastasse isso tudo, Penn é adorado aqui. Houve uma salva de vaias em reação ao perfil meloso do longa, cuja base é o romance entre dois médicos. Mas sequências de crianças africanas massacradas devem comover o júri. 

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