Refilmado na França, com Omar Sy, e no Brasil, com Leandro Hassum, num projeto ainda inédito, Não Aceitamos Devoluções, comédia mexicana vista por 15,2 milhões de pagantes em seu país em 2013, fez do ator e diretor Eugenio Derbez uma celebridade nas Américas – daí a escolha dele para comandar a festa do troféu Platino 2018.
Criado há cerca de cinco anos com a meta de se tornar o Oscar da Latinidade, o prêmio será entregue, este ano, neste domingo, em Cancun, na Riviera Maia, tendo 141 produções disputando em 17 categorias. O filme com mais indicações é o chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio, estrelado pela atriz trans Daniela Vega: concorre a nove láureas. Seu maior rival é a coprodução entre Argentina e Brasil Zama, de Lucrecia Martel, indicada em oito frentes.
Para Derbez sobrou uma homenagem especial, entregue na sexta. “Trabalho há anos nos EUA e consegui que Não Aceitamos Devoluções fosse lançado lá mesmo não tendo tido apoio de estúdios americanos. Foi bonito quando o filme estourou lá, e muito, diante de uma plateia de mexicanos lá residentes afoitos por se ver retratada nas telas sem o estereótipo de latino mau”, diz o astro, que volta às telas este ano com o thriller El Complot Mongol.
Há algumas indicações para o cinema nacional na festa dos Platino, que será transmitida ao vivo pelo Canal Brasil, a partir das 23h. Esta noite, História antes de uma História e Lino representam o país na peleja pelo troféu de melhor animação. O compositor Plínio Profeta concorre com O Filme da Minha Vida entre os cinco que disputam a láurea de melhor música original. Renata Pinheiro está na disputa de melhor direção de arte, por seu trabalho em Zama, que pode ainda premiar a montadora Karen Harley. Julio Andrade está no páreo de melhor ator de série de TV com Um contra todos. E, por fim, Como nossos pais, de Laís Bodanzky, está na mira do prêmio especial de Educação e Valores.
“O cinema iberoamericano hoje enfrenta dificuldades para viajar além de suas fronteiras continentais, o que torna eventos como este uma ação estratégica”, diz ao Omelete Rafael Sánchez Jiménez, diretor de relações institucionais e comunicação dos Platino. “Nem sempre um filme latino ou ibérico que sai premiado em seu país de origem consegue correr por todas as Américas ou pela Europa. Nessa nossa festa, ele alcança um reconhecimento mais amplo”.
Um dos longas latinos mais controversos dos últimos anos, A cordilheira, de Santiago Mitre, no qual o muso hispânico Ricardo Darín vive o presidente da Argentina, está concorrendo no evento do XCaret ao prêmio de melhor filme. Lançado em Cannes, há cerca de um ano, este thriller político, ainda inédito em solo brasileiro, mostra um conclave de líderes latinos nos Andes, a discutir a criação de uma empresa petroleira que beneficiaria a América de Norte a Sul. Porém, manobras corruptas podem atrapalhar os planos de seus criadores. Sua inclusão na festa de Cancun mostra a preocupação dos Platino com os problemas morais do continente.
As categorias mais disputadas dos Platino:
Melhor filme:
“A Cordilheira”, de Santiago Mitre
“A livraria”, de Isabel Coixet
“Últimos dias em Havana”, de Fernando Pérez
“Uma Mulher Fantástica”, de Sebastián Lelio
“Zama”, de Lucrecia Martel
Melhor direção
Álex de la Iglesia (“Perfectos desconocidos”)
Isabel Coixet (“A livraria”)
Fernando Pérez (“Últimos dias em Havana”)
Lucrecia Martel (“Zama”)
Sebastián Lelio (“Uma mulher fantástica”)
Melhor atriz
Daniela Vega (“Uma mulher fantástica”)
Antonia Zegers (“Los perros”)
Emma Suarez (“Las hijas de abril”)
Maribel Verdú (“Abracadabra”)
Sofía Gala Castiglione (“Alanis”)
Melhor ator
Alfredo Castro (“Los perros”)
Daniel Giménez Cacho (“Zama”)
Javier Bardem (“Loving Pablo”)
Javier Gutiérrez (“El autor”)
Jorge Martínez (“Últimos dias em Havana”)
Melhor Animação
“Deep”
“El libro de Lila”
“História antes de uma história”
“Lino – Uma aventura de sete vidas”
“Tadeo Jones 2: O segredo do Rei Midas”
Melhor documentário
“Dancing Beethoven”
“Exercícios da memória”
“O pacto de Adriana”
“Los niños”
“Muchos hijos, um mono y um castillo”
