 |
 |
 |
 |
Filmes de tribunal são sempre interessantes de se ver.
A busca pela verdade, os discursos inflamados da promotoria e da defesa, os monólogos emocionantes e a torcida contra ou a favor do acusado são elementos cativantes. Em mãos hábeis, podem gerar um excelente entretenimento. Nada a ver com a realidade dos processos jurídicos, arrastados anos a fio e carregados de burocracia.
Em Crimes em Primeiro Grau (High Crimes, 2002), há a presença do tema, desta vez turbinado pelo cenário de um tribunal militar. Via de regra, este ingrediente torna os filmes ainda mais empolgantes. Acrescente agora um ótimo elenco e um diretor com um bom filme nas costas. Não seria de se esperar que o resultado fosse um ótimo cinemão. Infelizmente, nem sempre 2 + 2 é igual a 4...
O diretor Carl Franklin, do interessante O diabo veste azul (Devil in a Blue Dress, 1995) e a dupla de roteiristas – Yuri Zeltser e Grace Cary Bickley – conseguem cair em todas as armadilhas e clichês do gênero. Sendo assim, o thriller apenas transmite uma sensação de “filme de microondas”, em que você coloca o saquinho no aparelho, deixa dois minutos e retira o produto pronto, sem precisar adicionar ou tirar qualquer ingrediente da receita. O resultado, algo que dá pra engolir, mas só isso.
Crimes em primeiro grau traz a história de Claire Kubik (Ashley Judd) uma bela mulher com uma ótima casa, uma brilhante carreira como advogada e um marido dos seus sonhos, bonito, inteligente e sem segredos. Tudo ia muito bem, até desmoronar em questão de segundos, quando o FBI prende seu companheiro, que se revela na verdade um militar foragido, responsável por um massacre de civis em El Salvador.
Claire começa então a defender seu marido das acusações em uma corte militar super-secreta, na qual nenhuma das leis que conhece se aplicam. Ciente de que entrou num jogo desconhecido, busca a ajuda de alguém que entenda as regras e saiba como usá-las a seu favor. Entra em cena Charlie Grimes, outrora um advogado do exército que foi desgraçado pelo mesmo sistema que terá de enfrentar novamente.
O único prazer verdadeiro de Crimes em primeiro grau é ver Morgan Freeman, que interpreta Grimes. Como sempre, ele é capaz de nos convencer das situações mais inverossímeis. A química entre ele e a personagem de Judd também é bastante forte, provavelmente porque ambos já dividiram espaço nas telonas antes, com o suspense Beijos que matam (Kiss the Girls), de 1997.
|
Crimes em primeiro grau Direção: Carl Franklin |
Imagens © 20th Century Fox
