Documentário sobre Michael J. Fox é retrato sensível com dose certa de humor

Créditos da imagem: Divulgação

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Crítica

Documentário sobre Michael J. Fox é retrato sensível com dose certa de humor

Filme dirigido por Davis Guggenheim faz parte da programação do festival É Tudo Verdade

Omelete
3 min de leitura
18.04.2023, às 11H43.
Atualizada em 18.04.2023, ÀS 12H11

Há uma sequência em Still: Ainda Sou Michael J. Fox que resume bem o que é o documentário sobre o ator, mundialmente famoso por interpretar Marty McFly na trilogia De Volta para o Futuro. O astro comenta que sua caminhada, dificultada pela redução de mobilidade em decorrência do Mal de Parkinson, assusta as pessoas. Ele dá uma volta pelo quarteirão, recebe cumprimentos de quem passa e, já quase na esquina, leva um tombo. Ao se levantar, faz uma piada sobre a queda e segue em frente.

Do início ao fim, o filme, exibido no Rio de Janeiro e em São Paulo na 28ª edição do festival É Tudo Verdade, retrata seu protagonista em momentos de fragilidade sem cair no piegas e acerta principalmente ao destacar seu bom humor. Esse é o tom dominante da obra, seja quando Fox recorda o bullying e as aulas de teatro na escola ou comenta passagens marcantes de sua trajetória, como os anos de dureza antes do estouro na série Caras & Caretas (Family Ties) e a fama que lhe transformou no rei das capas de revistas. Mas o efeito dessa perspectiva é ainda mais poderoso quando ele fala sobre a própria condição física após o diagnóstico. Fox continua seguindo em frente.

A linguagem escolhida pelo diretor Davis Guggenheim para contar essa história contribui muito para esse resultado final: é o ator quem narra a história, apoiada em trechos dramatizados com bom gosto, que buscam mais criar uma atmosfera da época citada do que convencer pelo realismo. O charme extra do formato fica por conta da edição, que aproveita cenas dos personagens de Fox e constrói um simpático diálogo com suas memórias.

Os momentos em que o ator aparece sendo entrevistado também são cuidadosamente pensados: há espaço para mostrar um flagra descontraído dos bastidores, como quando bagunça o cabelo propositadamente na frente das câmeras, mas também para registrar a pausa involuntária, quando o corpo não obedece ao comando.

É tocante a passagem em que o diretor observa que Fox não consegue falar o que tem em mente. Ele explica que o Parkinson reduz a expressão da musculatura facial - algo essencial para sua profissão - e ele sente como se estivesse usando uma máscara. “É horrível”, diz, em tom de desabafo. Mas o próprio filme nos lembra que o distúrbio não impede o intérprete de comover ou entreter uma plateia, tanto pela voz embargada ao ler o trecho de sua biografia que fala sobre o pai, já falecido, quanto com a inserção de uma cena da série The Good Wife, em que ele interpretou o impagável advogado Louis Canning.

A linha cronológica que o filme traça da vida do protagonista, desde as travessuras da infância ao estrelato, é intercalada com imagens captadas na rotina do ator: sessões de fonoaudiologia; momentos tranquilos com a esposa, a atriz Tracy Pollan, e os quatro filhos; exercícios para manter o equilíbrio ao caminhar. É um jeito de o filme trazer nossa atenção de volta ao aqui e agora, algo semelhante ao que Fox declara sobre o efeito que o Parkinson teve na sua vida: ele o mantém presente em cada momento.

Still chega ao Apple TV+ em 12 de maio.

Nota do Crítico
Ótimo
Still: Ainda sou Michael J. Fox
Still: A Michael J. Fox Movie
Still: Ainda sou Michael J. Fox
Still: A Michael J. Fox Movie

Ano: 2023

País: EUA

Duração: 1h35 min

Direção: Davis Guggenheim

Elenco: Michael J. Fox

Onde assistir:
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