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No fim da década de 70 e início dos anos 80, Harrison Ford foi importante para a história do cinema. Ao lado de Steven Spielberg e George Lucas ele ajudou a construir duas das franquias que solidificaram o "cinema-pipoca", a diversão pura e simples que distrai os espectadores por duas horas. Já aproveitando a fama conseguida com as séries Star Wars e Indiana Jones, Ford estrelou ainda Blade Runner (1982), Jogos Patrióticos (1992) e tantos outros filmes em que a ação era parte vital da diversão.
Aos 63 anos, o ator continua se aventurando em papéis que exigem muito esforço físico, mas a qualidade dos roteiros que ele tem aceitado transformar em filme diminuiu bastante. Prova disso é Firewall - Segurança em risco (Firewall, 2006), que não conseguiu emplacar nas bilheterias norte-americanas e deve repetir o desempenho mediano por aqui.
A história começa bem, com um envolvente esquema que deixa Jack Stanfield (Ford) nas mãos dos bandidos liderados por Bill Cox (Paul Bettany). Como chefe do departamento de segurança de um banco, Jack construiu uma verdadeira fortaleza digital impossível de ser invadida por hackers. Sabendo disso, o vilão toma a família Stanfield como refém e força o patriarca a desviar "meros" 100 milhões de dólares para a sua conta em um paraíso fiscal.
O plano parecia perfeito, mas aí entra o velho vício do cinema hollywoodiano de transformar o homem comum em herói. E, para os fãs, é triste ver o Han Solo ser diminuído ao patamar de Charles Bronson, um anjo vingador disposto a matar qualquer um que se meta entre ele e sua família.
Como o vilão da história, Paul Bettany usa toda a classe britânica para tratar Jack com doses iguais de respeito e cinismo. Mas não tem jeito, nem o seu talento é capaz de melhorar o desenrolar deste "thriller" sem suspense. Qualquer pessoa que já tenha visto mais que dois trailers de filmes de ação sabe quais serão os bandidos a morrer primeiro, quais não são tão maus assim e como tudo isso vai terminar.
Os diálogos e situações criadas são mais do que apenas inverossímeis. Tudo é caricato demais e cenas que deveriam ser sérias acabam ganhando "ah-nãos" e risadas do público, descrente do que está vendo. Troque o chiclete, o canivete suíço e o McGyver por iPod, aparelho de fax e Harrison Ford e você tem uma idéia das situações criadas pelo fraco roteirista estreante Joe Forte.
Da até pra sentir vergonha do outrora grande Harrison Ford em algumas cenas. Por outro lado, pelo menos ele prova ainda ser capaz de fazer cenas de ação, o que será muito bem-vindo se um dia Indiana Jones 4 sair do papel...
Ano: 2006
País: EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 105 min
Direção: Richard Loncraine
Roteiro: Joe Forte
Elenco: Harrison Ford, Paul Bettany, Virginia Madsen, Carly Schroeder, Jimmy Bennett, Mary Lynn Rajskub, Gail Ann Lewis, Robert Patrick, Robert Forster, Alan Arkin, Matthew Currie Holmes, Candus Churchill, David Lewis, Zahf Paroo, Pat Jenkinson