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A Voz do Coração | Crítica

<i>A voz do coração </i>

14.10.2004, às 00H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 15H00

A voz do coração
(Les Choristes)
França, 2004
Drama/Musical - 95 min.

Direção: Christophe Barratier
Roteiro: Christophe Barratier e Philippe Lopes-Curval

Elenco: Gérard Jugnot, François Berléand, Jacques Perrin, Jean-Baptiste Maunier, Kad Merad, Marie Bunel

Quando entrou em cartaz na França, em 17 de março deste ano, A voz do coração (Les Choristes, 2004) teve cinco semanas com média superior a 700 mil espectadores. Este começo invejável tornou o longa de estréia do cineasta Christophe Barratier uma das grandes surpresas do ano, pois seus mais de 7 milhões de espectadores foram superiores, por exemplo, ao conseguido por Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban.

A história não tem novidades para quem já assistiu a Sociedade dos poetas mortos (Dead poets society, 1989) ou Gênio indomável (Good will hunting, 1997). Mas não foram estes filmes hollywoodianos que inspiraram Barratier a escrever seu roteiro. Sua principal influência foi La cage aux rossignols (de Jean Dréville, 1945). Músico de formação, foi lá que ele encontrou a história de um inspetor que chega a uma rígida casa de correção e consegue mostrar aos jovens que há, sim, uma saída para aquela situação.

Em A voz do coração, o inspetor Clément Mathieu é interpretado por Gérard Jugnot. O ano é 1949 e logo que ele chega ao reformatório é apresentado às "brincadeiras" dos delinqüêntes que habitam por ali e também fica sabendo que o lema do lugar é "ação / reação". Se alguém faz algo que não deveria, vai trabalhar na limpeza, apanhar, ou passar um tempo na solitária. As duras regras foram implementadas pelo diretor Rachin (François Berléand) e fazem do local um presídio. Com tanta pressão e punição, acaba não sobrando espaço para que o potencial dos garotos seja descoberto, e mesmo os que estão ali apenas por serem órfãos podem acabar se corrompendo.

Cabe ao professor novato, um músico frustrado, mudar algumas regras e abrir as exceções que devolvem aos meninos a alegria de viver. O atalho é através da música. Com a formação de um coral ele não só consegue a atenção dos meninos, como também ganha seu respeito e admiração. A estrela do time é Pierre Morhange (Jean-Baptiste Maunier), um garoto problemático de rosto e voz angelicais e atos quase diabólicos. Nesta disputa entre o bem e o mal, a força e o jeito, o amor e o ódio, que Barratier consegue envolver o espectador e ganhar, ele também, seu respeito e admiração. A prova disso é o altíssimo número de pessoas que viu o filme e sua indicação para representar a França no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano que vem.

O cineasta consegue equilibrar a dramaticidade do tema com o lirismo das músicas e a comicidade que só crianças puras de coração conseguem enxergar numa situação destas. E não precisa ficar com medo dos números musicais, pois a história tem apenas 1h35 e é mais fácil você sair de lá cantando do que dormir no meio da projeção.

Mas é nas atuações que o longa tem seu principal diferencial. Contar com atores renomados como Jugnot facilita o trabalho de qualquer um, mas quando o diretor opta por utilizar garotos, na sua maioria sem experiência, e consegue emocionar o público, é porque o trabalho foi bem feito. Jean-Baptiste Maunier foi encontrado no coral Petits chanteurs de Saint-Marc, de Lyon, e realmente faz aqueles belíssimos solos. Depois que o filme entrou em cartaz, ele virou uma estrela e o número de crianças se inscrevendo em corais aumentou bastante. Para um cineasta (e para um professor), não há nada melhor do que saber que seu objetivo foi atingido.

Nota do Crítico
Bom
A Voz do Coração
Les Choristes
A Voz do Coração
Les Choristes

Ano: 2004

País: França / Suíça / Alamanha

Classificação: LIVRE

Duração: 97 min

Onde assistir:
Oferecido por

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