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Crítica

Meu Pequeno Negócio | Crítica

Privilegia a narrativa mais palatável ao invés de se focar em preciosismos

17.04.2003, às 00H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 20H02

Em setembro e outubro de 2002, a distribuidora Pandora promoveu em diversas cidades brasileiras o seu I Festival de Cinema Francês. Se os mestres cineastas do Velho Mundo já eram conhecidos por aqui há décadas, a mostra soube inovar ao exibir a nova produção daquele país: filmes que deixam de lado os intelectualismos e privilegiam narrativas mais palatáveis, inclusive flertes com gêneros essencialmente comerciais. Meu Pequeno Negócio (Ma Petite Enterprise, 1999), de Pierre Jolivet, figurava na listas dos exibidos.

E, de fato, o filme se parece mais com campeões de bilheterias como Rios vermelhos (Les rivières pourpres, de Mathieu Kassovitz, 2000), O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin dAmélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet, 2001) e O Pacto dos Lobos (Le pacte des loups, de Christophe Gans, 2001) do que com os clássicos existencialistas da Nouvelle Vague sessentista.

A história começa com um baque. A madeireira de Ivan Lansi (Vincent Lindon), apresentada durante os créditos de abertura, pega fogo misteriosamente, com cinco minutos de projeção. Divorciado de Nathalie (Zabou Breitman), pai de um filho adolescente (Yoann Denaive), ele mantém a calma - afinal, enrola parceiros e fornecedores, mas nunca deixa de pagar, espartanamente, o seguro contra acidentes. Lansi apenas não contava com a matreirice do vendedor de seguros Maxime Nassief (François Berléand), que embolsava a mensalidade e nunca formulou o tal documento.

Começa então uma saga de furtos e golpes, que mantém certo parentesco com Nove rainhas (Nueve Reinas, de Fabián Bielinsky, 2000). Lansi recruta o vendedor salafrário e o namorado de sua ex-esposa, Sami (Roschdy Zem), um perito em alpinismo, para juntos invadirem a companhia de seguros e forjar um contrato de última hora - que salvaria a madeireira.

Vale dizer, a comparação entre Meu Pequeno Negócio e Nove Rainhas serve apenas para localizar o leitor. Apesar de ser um entretenimento na sua forma mais pura - honesto, inofensivo e divertido -, o filme francês não têm o mesmo vigor e o pique do argentino. Tem, sim, seus méritos nos diálogos espertos, nas piadas ligeiras e no carisma dos personagens, coisa raríssima e muito bem-vinda, entre a tradicional sisudez gaulesa. O trabalho de Jolivet é recomendável sob este ponto-de-vista: não procura mostrar reviravoltas ou aplicar lições, tampouco é memorável, mas sabe aproveitar os seus 96 minutos melhor que muito blockbuster norte-americano.

Nota do Crítico
Bom
Meu Pequeno Negócio
Ma petite entreprise
Meu Pequeno Negócio
Ma petite entreprise

Ano: 1999

País: França

Classificação: LIVRE

Duração: 96 min

Onde assistir:
Oferecido por

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