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Crítica

O Casamento de Romeu e Julieta | Crítica

<i>O casamento de Romeu e Julieta</i>

17.03.2005, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 22H00

O casamento de Romeu e Julieta
Brasil, 2005
Comédia - 93 min.

Direção: Bruno Barreto
Roteiro: Jandira Martini, Marcos Caruso e Bruno Barreto, baseado em conto de Mário Prata

Elenco: Luana Piovani, Luís Gustavo, Marco Ricca, Martha Mellinger, Mel Lisboa, Leonardo Miggiorin, Berta Zemmel, Renato Consorte

A última investida do diretor Bruno Barreto em Hollywood não foi das mais felizes. A crítica detestou Voando alto (A view from the top, 2003). Ninguém assistiu - apesar da presença de Mike Myers, Gwyneth Paltrow e Christina Applegate. Ok, sem um roteiro bom não há o que se fazer mesmo. Mas a coisa já tinha azedado no próprio set. Revoltada com a exposição da sua figura, a protagonista Gwyneth dizia que o filme deveria se chamar A view from my ass (Uma visão da minha bunda), devido ao número de vezes que sua retaguarda aparecia na tela.

Depois do baque, Barreto decidiu filmar onde ainda tinha algum prestígio: o Brasil. E acabou descobrindo o bem que um elenco dedicado faz a uma história trivial. É possível que ninguém acredite mais em O Casamento de Romeu e Julieta (2005) do que os atores Luís Gustavo e Marco Ricca.

O fato de Ricca ser palmeirense na vida real só valoriza o seu esforço no papel de Romeu, um corinthiano que se passa por torcedor do arqui-rival para agradar o pai da namorada, Julieta (Luana Piovani). Alfredo Baragatti (Luís Gustavo) não é apenas um periquito roxo, como também conselheiro do Palmeiras. Empolgado, ele chegou até mesmo a filiar a menina ao clube antes dela nascer. Ter como genro um gavião daria início a uma rinha pior que aquela entre os Montecchio e os Capuleto.

A mentira rende ótimos momentos entre os dois. Das numeradas do Pacaembu, ao lado de Baragatti, Romeu avista a Torcida da Curvinha onde o seu filho (Leonardo Miggiorin) e a sua avó (Berta Zemel) torcem pelo Alvinegro do Parque São Jorge. A cada gol do Palmeiras, obrigado a comemorar, Romeu agoniza um pouquinho mais. Quem gosta de futebol vai entender melhor, mas Ricca faz com que qualquer espectador, por mais antidesportista que seja, sinta na pele esse seu dilema. E Luís Gustavo, crente que está vibrando com o namorado da filha, só o faz sofrer. A dupla é um achado.

Chanchada autêntica

O flamenguista Barreto foi esperto ao basear o roteiro no livro Palmeiras: Um Caso de Amor, da Coleção Camisa 13, que homenageia os grandes clubes do País. Mineiro paulistanizado, o escritor Mario Prata fornece um perfil das duas torcidas que têm muito de clichê - palmeirense é o italiano palavroso, corinthiano é o mano de coração grande - mas bem menos do que se esperaria de um carioca. No fim das contas, o autor contribui com um retrato apaixonado que recusa a caricatura - a personagem de Berta, por exemplo, se revela maravilhosamente humana no final. E Barreto dá ao filme aquele ar de chanchada popular que ele conhece bem desde Dona Flor e seus dois maridos (1976).

Esse é, definitivamente, o gênero em que o diretor se sai melhor. Numa narrativa ágil, de passos largos mesmo, sem pouco tempo para que percebamos as obviedades do roteiro, ele encaixa muito bem as suas piadas. Serve de modelo o timing de comédia no episódio em que o ex-jogador Imparato (Renato Consorte) é convidado ao jantar. De novo, a simbiose com o elenco dá a tiradas um tanto batidas um toque de autenticidade.

Veja bem, Casamento está longe de ser um filme perfeito. Planos muito bem pensados, como aqueles em que Romeu dirige entre as bifurcações dos túneis da cidade ao som de Sentimental, dos Los Hermanos (aliás, a trilha vasculha a carreira do grupo desde os acordes de Tenha Dó até a parceria inédita de Marcelo Camelo com Erasmo Carlos), são minoria entre a sinfonia dos violinos de sempre, do sentimentalismo de sempre, dos closes melosos de sempre.

Mas o público-alvo não se sentirá tungado na arquibancada do cinema. Romeu e Baragatti, Ricca e Gustavo, valem o ingresso. Não sei você, mas me deu vontade de prestar uma visita ao bom e velho Pacaembu. Simples assim.

Nota do Crítico
Bom
O Casamento de Romeu e Julieta
O Casamento de Romeu e Julieta
O Casamento de Romeu e Julieta
O Casamento de Romeu e Julieta

Ano: 2005

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 90 min

Direção: Bruno Barreto

Elenco: Luana Piovani, Marco Ricca, Luiz Gustavo, Mel Lisboa, Berta Zemel

Onde assistir:
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