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Oliver Twist | Crítica

Oliver Twist

17.11.2005, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H19

Oliver Twist
Oliver Twist, 2005
Inglaterra / República Tcheca / França / Itália
Drama - 130 min.

Direção: Roman Polanski
Roteiro: Ronald Harwood, baseado em livro de Charles Dickens

Elenco:
Ben Kingsley, Barney Clark, Jamie Foreman, Harry Eden, Leanne Rowe, Lewis Chase, Edward Hardwicke, Jeremy Swift, Mark Strong, Frances Cuka, Chris Overton, Michael Heath, Gillian Hanna, Alun Armstrong, Paul Brooke, Jake Curran

O menino órfão, de posse de um sobrenome inventado, abandonado à mercê da Londres vitoriana, foge do sistema cruel da orfandade governamental, em busca da redenção da família desaparecida. Em Londres, se filia a um grupo de moleques punguistas do submundo, liderado por um velho judeu esquizofrênico, antes de ser salvo por um bom samaritano da burguesia da cidade.

O enredo de Oliver Twist, o clássico inglês escrito por Charles Dickens, mais citado do que propriamente lido, faz parte do inconsciente literário do último século, e é invariavelmente reverenciado aqui e ali em toda produção cultural. No cinema não é diferente, e a história já foi contada nos mais diferentes formatos, desde os tempos dos filmes mudos.

Na lista, sempre se destacam a versão de David Lean - de 1948, com Alec Guinness no elenco - e o musical Oliver!, dirigido por Carol Reed em 1968, que abocanhou uma série de Oscars. As traduções mais recentes fogem do original - como os independentes Twist, de 2003, que transportou o conto para Toronto, com prostituição gay e drogas, e Boy called Twist, que encarnou o personagem num garoto de rua da África do Sul. Faltava, até agora, um olhar fiel do cinema moderno à história.

A missão foi assumida por Roman Polanski - ressuscitado após a aclamação de O pianista em 2002 - com a desculpa de que queria produzir um filme para seus filhos. Mas o Oliver Twist do diretor franco-polonês foge do tatibitate infantil, mostrando um mundo que realmente não se divide só entre o bem e o mal. E esse talvez seja o maior trunfo do filme.

Oliver é um guri que não quer mais do que travar contato com o básico do ser humano, o sentimento de família que nos reúne em grupos. Depois da longa e irregular introdução, quando ele chega a Londres e está longe da vida fria dos orfanatos, Oliver se filia à primeira realidade que lhe dá zelo. E, estereótipo da inocência, vai fazer parte do grupo de moleques, liderado pelo decrépito Fagin, que passa os dias cometendo pequenos furtos nas ruas.

Apesar do ambiente degradado, a primeira família de Oliver é ambígua. Enquanto ele é forçado a entrar no jogo dos jovens ladrões de Fagin, também é afagado com um certo carinho pelo velho.

O jogo de sentimentos adversos tem sua melhor tradução na última cena antes do epílogo, quando Oliver, já adotado pelo rico Brownlow, vai visitar o seu velho mestre na prisão. Condenado à forca e enlouquecido por isso, Fagin esperneia e é acalentado pelo menino, no seu último momento de semi-rendição.

O resultado da inusitada escolha de Polanski pelo conto de Dickens é uma boa adaptação, a mais fiel possível a um livro que não se pode resumir a duas horas de tela. Alguns personagens e enredos se perderam, como o meio-irmão de Oliver e a desconfiança de que ele é filho da sobrinha de Brownlow.

Ele teve grande ajuda para elevar o saldo final de Oliver Twist. A equipe técnica - do roteirista à figurinista - é praticamente a mesma que produziu O pianista ao seu lado, já afinada à lâmina de Polanski. O trabalho de recriação da negra Londres da época, suja e degradada, baseado em gravuras da época, é um primor. No elenco, o menino Barney Clark é ótimo como o herói-mirim, em seu primeiro trabalho significativo no cinema. Mas o destaque máximo é mesmo Ben Kingsley, excelente e irreconhecível nas carnes do velho Fagin.

Porém, a vontade do diretor de seguir quase letra a letra o enredo original também acaba sendo seu maior tropeço. A carga de relacionamento humano que existe em Dickens se perde na inquietação de fazer a história seguir seu rumo de acontecimentos. O Oliver Twist polanskiano é uma ótima acomodação do enredo original, mas lhe falta um punhado de emoção, para além do tom farsesco que o filme se força a dar. Assim como faltava comida no pote de Oliver, ainda no orfanato. E aí Polanski encarna a figura do mestre-cozinheiro, vigia das panelas de onde só sai uma porção de mingau ralo, nada mais.

Nota do Crítico
Bom
Oliver Twist
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Oliver Twist
Oliver Twist

Ano: 2005

País: Inglaterra, França

Classificação: 14 anos

Duração: 130 min

Direção: Roman Polanski

Elenco: Barney Clark, Ben Kingsley, Jamie Foreman, Harry Eden, Edward Hardwicke, Leanne Rowe, Ian McNeice, Timothy Bateson, Chris Overton, Andy Linden, Teresa Churcher, Jake Curran, Turbo, Lewis Chase, Levi Hayes, Jeremy Swift, Gillian Hanna, Michael Heath, Patrick Godfrey

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