Filmes

Entrevista

Festival de Berlim | "Foi uma das filmagens mais difíceis da minha carreira", diz Carlos Diegues sobre O Grande Circo Místico

Longa com Vincent Cassel é possível concorrente a Palma de Ouro em Cannes

19.02.2016, às 00H06.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Mal terminou o Festival de Berlim, cuja 66ª edição se encerra neste sábado, e já está aberta a torcida pelo filme brasileiro que possa representar o país em Cannes, da disputa pela Palma de Ouro, agendada de 11 a 22 de maio. E entre as especulações, que já começam a correr entre a imprensa europeia aqui pela Berlinale, o primeiro nome a ser encarado como um candidato forte é O Grande Circo Místico, o novo longa-metragem do diretor alagoano Carlos Diegues, um dos mais aclamados realizadores da América Latina, com cinco décadas de estrada nas telas e blockbustes como Xica da Silva (1975) e Deus é Brasileiro (203) no currículo.

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Ele já concorreu em Cannes três vezes e integrou o júri do evento em 1981, 2010 e 2012. Fala-se também de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, mas este declarou em recente entrevista ao Omelete que não sabe se o longa estará pronto este ano. Na entrevista a seguir, Diegues adianta detalhes sobre este mergulho no universo literário do escritor Jorge de Lima (1893-1953). A trama narra histórias que se passam ao longo de um século com uma companhia circense, tendo Jesuíta Barbosa como Celavi, uma espécie de mestre de cerimônias deste picadeiro metafísico, cuja trupe reúne astros de fama internacional, como o francês Vincent Cassel.

Rola pelo Festival de Berlim o boato de que seu O Grande Circo Místico estaria em Cannes, para concorrer. Em que pé está o projeto, que carreira no exterior você pretende seguir e é verdade a hipótese de Cannes?

Tomara que sim. Mas como é que posso garantir isso, se ninguém ainda viu o filme? Estou indo mixá-lo agora em março, em Paris. Como se trata de uma coprodução com Portugal e França, essa é a parte francesa. Quando ele ficar pronto, vamos mostrar para alguns festivais e ver o que acontece.

O que existe de mais cinematográfico na poesia de Jorge de Lima que fez brotar este filme?

Jorge de Lima é uma velha obsessão minha, pois desde a adolescência eu o leio, sempre encantado. Eu diria que, em quase todos os meus filmes, há sempre uma presença dele. Dessa vez, resolvi assumir o namoro.

Quem e como é seu protagonista? Qual é teu elenco?

O Grande Circo Místico se passa ao longo de um século, durante cinco diferentes épocas e gerações. Cada época tem protagonistas específicos. Usei atores brasileiros como Antonio Fagundes, Bruna Linzmeyer, Mariana Ximenes, Juliano Cazarré, e muitos outros, além de portugueses como Luisa Cruz e Nuno Lopes, franceses como Vincent Cassel e Catherine Mouchet, e até um polonês, Dawid Ogrodnik, o jovem músico do maravilhoso filme Ida (ganhador do Oscar de filme estrangeiro em 2015). Como o circo é sempre um ambiente internacional por excelência, essa mistura deu muito certo.

Qual foi o maior desafio desta filmagem: como foi botar este picadeiro em pé?

Foi uma das filmagens mais difíceis de minha vida de cineasta. Um século de muitos atores, diferentes cenários e guarda-roupas variados é uma coisa muito complicada de se manter coerente. Mas acho que conseguimos. A dificuldade agora parece nenhuma perto da satisfação com o resultado.

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