Filmes

Entrevista

Sicário - Terra de Ninguém | Josh Brolin fala sobre Thanos, tráfico e as loucuras dos diretores com quem já trabalhou

Ator é uma das estrelas do filme, que é um dos principais candidatos ao Oscar de 2016

26.09.2015, às 12H12.
Atualizada em 26.09.2015, ÀS 12H30

De volta às telas na pele chamuscada de frio do alpinista Beck Weathers em Evereste, o ator americano Josh Brolin roubou para si não apenas o filme de montanha mais ambicioso dos últimos anos, como vem surrupiando para si as atenções (sobretudo da crítica) em torno do esperado Sicário – Terra de Ninguém. Confirmado já como uma das atrações de luxo do Festival do Rio 2015, que começa dia 1º de outubro, o thriller antidrogas do canadense Denis Villeneuve foi lançado nos EUA na sexta-feira passada, em apenas seis salas (já de olho em indicações ao Oscar) e saiu com elogios rasgados da imprensa. E a participação de Brolin na pele de Matt, um oficial da CIA sem nenhum escrúpulo na guerra ao tráfico vem rendendo aplausos ao intérprete de Thanos, visto na pele do supervilão em Os Vingadores: A Era de Ultron e em Guardiões da Galáxia.     

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Sicário abre as portas de um mundo muito sombrio: os bastidores da guerra ao tráfico, um assunto que procurei estudar muito para tentar oferecer a Villeneuve alguma leveza. E olha que brigamos muito, discutindo o roteiro”, afirmou o ator californiano de 47 anos ao Omelete em Cannes, onde o longa-metragem estrelado por Emily Blunt, ele e Benicio Del Toro concorreu à Palma de Ouro. “Eu me envolvi muito com aquele universo. Daí minhas discussões com Villeneuve. Discutia para entender qual retrato do tráfico e do México ele levaria às telas. Ele é do tipo de diretor que manipula o ator, como se estivesse lidando com um títere. Mas é parte da maestria dele como realizador”.

Na trama de Sicário, Matt (Brolin) é uma figura misteriosa que cruza o caminho da agente do FBI Kate Macer (papel de Emily Blunt) em meio a uma investigação da rota da droga em território mexicano, interferindo em cenas de perseguição de suspender o fôlego da plateia.  “Em geral, seja que filme for, eu tento simplificar ao máximo o perfil do personagem para tentar encontrar suas fraquezas, suas emoções mais intensas. A questão neste filme era dar vida a alguém que tenta entender a realidade latina para tirar proveito dela”, diz Brolin. “E a nossa responsabilidade era enorme, porque esse universo do crime organizado, quando tratado com a devida ambição, pode render joias como O Poderoso Chefão. Joias que fazem pensar e divertem”.   

Responsável por alguns dos momentos de maior emoção de Evereste, no qual deixa a esposa (Robin Wright) atrás da adrenalina do alpinismo, o ator vem de uma batida de trabalho intenso, tendo atuado em dez longas em um intervalo de três anos, de 2012 para cá. “Estar em forma para encarar a montanha e dar vida à tragédia documentada por Jon Kracauer em Evereste exigia não apenas muita preparação física como muita concentração mental, para traduzir o desespero de estar numa imensidão gelada”, diz Brolin, que participou de fracassos como o OldBoy de Spike Lee, Refém da Paixão, de Jason Reitman, e Sin City: A Dama Fatal, de Robert Rodriguez e Frank Miller. Porém, ao mesmo tempo, ele interpretou um policial excêntrico em Vício Inerente, de Paul Thomas Anderson, pelo qual ganhou o afago dos críticos, e ainda assumiu um dos papéis centrais no próximo filme dos irmãos Joel Ethan CoenHail, Caeser!, previsto para 2016. 

Estou ficando velho e está na hora de dar uma pausa, mas prometi à minha amiga Jessica Chastain fazer um projeto com ela, chamado Girl Next Door. E ainda tenho mais Thanos pela frente”, diz Brolin que estreou no cinema aos 17, como o Brand de Os Goonies. Indicado ao Oscar de melhor coadjuvante em 2009 por Milk – A Voz da Igualdade, ele vai voltar à pele arroxeada e enrugada do todo-poderoso vilão da Marvel em Avengers: Infinity War. Este será dividido em duas partes, lançadas em maio de 2018 e maio de 2019.  “Este é um trabalho mais cuidadoso, porque a patrulha dos fãs é grande”, diz ele, que é filho do ator James Brolin.

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Apesar do sucesso de Os Goonies, a carreira de Josh cozinhou em águas mornas por duas décadas até ele ser catapultado para os holofotes à frente de Onde os Fracos Não Têm Vez, dos Coen. Desde então, trabalhou com alguns dos maiores diretores em atividade, como Woody Allen (em Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos), Ridley Scott (em O Gângster) e Oliver Stone (W.). 

Essas parcerias são o tempero que dão o sabor ao trabalho de um ator. Tive a oportunidade de trabalhar com os maiores porque tento manter um fluxo cuidadoso de escolhas. Eu gosto da arte de contar histórias, mas gosto de ser conduzido nesta arte por pessoas que tenham algo dizer”, diz. “Às vezes é um pouco embaraçoso topar com um diretor mais autoral porque esse tipo de realizador é absolutamente submisso à sua busca estética, refém do trabalho. Mas eles sempre te mostram algo novo sobre a condição humana. Paul Thomas Anderson, por exemplo, fez com que Joaquin Phoenix e eu nos comportássemos como Tom e Jerry nas filmagens de Vício Inerente, perdendo nossas estribeiras. Mas uma jornada dessas muda você. Faz crescer. Atuar é isso”.

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