Como um bom slasher, Feriado Sangrento é sobre uma série de assassinatos. Um grupo de adolescentes, uma cidade pequena, uma boa máscara, um motivo misterioso: todos os elementos estão lá para criar um terror clássico. Mas o diretor Eli Roth vem uma carta na manga que eleva seu novo filme para além do básico: uma ótima cena de massacre - acidental, diga-se de passagem - em uma loja de departamentos. A Black Friday começou mais cedo, humanos não conseguem conter a ansiedade e se estapeiam até a morte por um desconto em uma torradeira.
É uma longa cena aflitiva, engraçada e horrível ao mesmo tempo, daquela que tira risos nervosos não só pelo absurdo que se passa mas também porque há algo de muito real na tela. Roth, inclusive, tirou a ideia de vídeos reais de YouTube, que mostram a ansiedade crescente da multidão, ainda mais em uma época em que as promoções de Black Friday - que sempre acontece no dia seguinte do Dia de Ação de Graças - começam cada ano mais cedo.
“Não era assim quando eu era criança. É uma coisa relativamente nova que a promoção de Black Friday começa [no Dia de Ação de Graças]”, explicou. “Primeiro era 'ah, vamos abrir a loja às 9h'. E daí 'agora vamos abrir às 6h'. E então ‘vamos abrir à meia-noite!’, e daí invadiu o feriado. As pessoas sentavam ao redor da mesa falando 'ah, somos gratas por isso e aquilo' e daí iam massacrar umas às outras por fornos de waffle”.
A ideia era fazer a versão extrema do que já era retratado nestes vídeos de YouTube, mas “um pouquinho mais doido”. “Pensamos que tinha algo muito verdadeiro, genuíno, e muito doido no fato de que mundo se degladia por coisas em promoção. Mas há algo muito doente e pervertido nisso”. No fim das contas, a afobação geral acabou entregando a Roth o tema principal de seu filme. Ele relembra de quando encontrou a influência nos vídeos: “Eu pensei 'agora eu sei sobre o que é esse filme’. Não é só uma série de assassinatos no Dia de Ação de Graças, é sobre comercialismo, consumismo correndo solto”.
Feriado Sangrento já está em cartaz nos cinemas brasileiros.