Existem tantos dramas sobre adolescentes encantadoras relacionando-se com homens mais velhos que o tema merecia um subgênero. Do clássico Lolita, ao nacional A Menina do Lado, passando pelas telenovelas... a lista é extensa. No Calor do Verão (Camping Sauvage) é a mais recente produção francesa sobre o assunto, o romance impossível entre uma adolescente e um homem vinte e tantos anos mais velho.
O cenário é promissor, um camping litorâneo, completo com todo o tipo de fauna humana que só quem já acampou alguma vez na vida é capaz de identificar. Há o porcalhão do chuveiro, o gerente de bigodinho, o bonitão do bar, a família barulhenta... a lista de estereótipos é imensa. Há também a moleca que despontou no último ano, das últimas férias de verão às atuais. Boca-suja, inquieta, orgulhosa de seus recém-adquiridos atributos femininos e ansiosa por testá-los.
A garota é vivida por Isild Le Besco (Backstage), uma das boas atrizes da nova geração francesa. Bonita sem ser irreal, ela interpreta uma menina irritante e mimada. Aliás, tão irritante que fica difícil qualquer tipo de empatia pela personagem. O quarentão que cativa a moça é Denis Lavant, que só posso comparar a uma mistura de Billy Bob Thornton com Jackie Earle Haley. O sujeito chega para assumir a vaga de instrutor de vela do camping e imediatamente é atraído pela jovem - que corresponde à atração sem pensar duas vezes, na tediosa rotina do acampamento.
Os dois bons atores fazem o possível, mas o roteiro dos diretores Christophe Ali e Nicolas Bonilauri tem falhas demais para resultar em algo digno de atenção. O desenvolvimento do romance, especialmente, é distante e superficial - gratuito até. Sem esse suporte, todo o terceiro ato desmorona. Com apenas 89 minutos de duração, os cineastas poderiam ter investido mais nesse aspecto, que se revela indispensável ao final. Ficaram devendo.