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Denis Villeneuve fala sobre violência e papel feminino em Sicario - Terra de Ninguém

Diretor deu entrevista exclusiva ao Omelete

09.10.2015, às 13H51.
Atualizada em 13.11.2016, ÀS 19H02

Numa escalada de sucesso crescente nas bilheterias americanas, onde hoje se encontra entre os filmes mais vistos nos EUA, Sicario – Terra de Ninguém teve uma recepção calorosa no Brasil em sua primeira exibição, no domingo, no Festival do Rio 2015. Thriller sobre os bastidores do combate às drogas na fronteira do México, vista sob a ótica de uma agente do FBI idealista (Emily Blunt), a produção de US$ 30 milhões é dirigida pelo canadense Denis Villeneuve, que conversou com o Omelete em Cannes sobre seu mergulho no universo da guerra aos narcóticos.

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“A violência é algo assustador. Mas a violência sob a capa do silêncio se torna ainda mais medonha. O México recentemente bordou a realidade da droga em filmes de coragem, como Heli, por exemplo. Mas ainda é pouco, pois os pontos de vista para o problema do tráfico são vários. O meu ponto de vista é o do quanto o tráfico é sequela da pobreza e do quanto nós, da América do Norte somos culpados por aquela situação, de maior ou menor forma”, diz Villeneuve, consagrado mundialmente com o sucesso de Incêndios, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011. “Esta era a minha chance de provar que o cinema de ação pode ter poesia”.

Escalado por Ridley Scott para pilotar a continuação de Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), Villeneuve chegou a Sicario por intermédio de seus agentes, que lhe sugeriram a trama escrita pelo roteirista Taylor Sheridan por enxergarem nela um quê do existencialismo característico do diretor. “Nunca eles me ligaram com tanta empolgação para sugerir um projeto. E, de fato, quando eu li o roteiro, fui assombrado pela necessidade de explorar aquela realidade. Estamos vivendo tempos onde todos os valores e todas as certezas estão nubladas, obscurecidas por interesses escusos. Tudo aquilo que te deixa sem resposta, neste mar de informação, traumatiza. Com a leitura de Sicario houve isso”, diz Villeneuve, que vê seu longa ser apontado como um potencial candidato ao Oscar 2017.

Egresso do sucesso de público de Os Suspeitos (2013), o diretor, nascido em Québec, há 47 anos, diz que filmar Sicario foi como estar em um jardim de infância, graças à parceria com o fotógrafo inglês Roger Deakins e ao empenho do elenco, que inclui além de Emily os atores Josh BrolinBenício Del ToroJon Bernthal. “Todo mundo trazia sugestões, o que me deu a chance de improvisar ao máximo”, explica o cineasta, que optou por explorar as inquietações femininas da personagem de Miss Blunt em meio a um oceano de testosterona. “Estamos em um momento de afirmação da mulher, em todos os níveis da sociedade. Mas era importante entender a solidão daquela figura em meio a um contingente onde a macheza é afirmada a cada ação. Seguir com uma protagonista como a agente Kate Macer, vivida por Emily, que me impressionou com seu trabalho em A Jovem Rainha Vitória, era uma forma de eu ter um distanciamento em relação àquele mundo de homens, o mundo do Poder da Lei. E só assim eu alcançaria pó meu objetivo: fazer uma reflexão geográfica sobre a droga e suas sequelas sociais”.

Enquanto preparava a estreia de Sicario e sua passagem por Cannes, Villeneuve rodou a ficção-científica Story of Your Life, com Amy Adams, sobre contatos imediatos com ETs. O projeto é parte de sua meta atual – que incluí ainda o sonho de um dia dirigir uma trama da franquia James Bond – na telona: testar o que há de poético em cada gênero. “Depois de Incêndios, resolvi deixar de lado meu caminho como roteirista, porque fiquei com fome de filmar. Corro atrás daquilo que espelhe um pouco dos dramas que mudam o destino dos homens”, diz o cineasta. “Poder fazer o segundo Blade Runner é parte disso e alcançar a realização pessoal de voltar a uma história que mudou minha percepção sobre a vida na juventude. Quero fazer parte disso”.

Sicario - Terra de Niguém chegará aos cinemas brasileiros em 22 de outubro.

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