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Grande Prêmio do Cinema Brasileiro consagra O Lobo Atrás da Porta

Filme de Fernando Coimbra venceu em sete categorias

02.09.2015, às 08H23.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 07H02

Enxuta, divertida e sensata na distribuição de prêmios: assim foi a cerimônia de entrega do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizada na noite de terça-feira, no Rio de Janeiro, diante de um Cine Odeon abarrotado, que aplaudiu a consagração de O Lobo Atrás da Porta, com vitórias em sete categorias. Além do Troféu Grande Otelo de melhor filme e diretor, a tragédia suburbana filmada em solo carioca pelo paulista Fernando Coimbra abocanhou mais cinco troféus, entre os quais os de melhor roteiro original, fotografia, atriz (Leandra Leal), atriz coadjuvante (Talita Carauta) e montagem. Seu êxito na festa da Academia do Cinema Brasileiro já era esperada em função do prestígio amealhado por esta história de uma jovem (Leandra) que some com a filha do amante (Milhem Cortaz), nos moldes de um fato dos anos 1960, o crime da Fera da Penha. A saraivada de láureas chegou num momento em que Coimbra esboça sua carreira internacional: além de ter dirigido episódios da série grife NetFlix Narcos, de José Padilha, o cineasta embarca esta semana para o exterior, para rodar uma produção de língua estrangeira sobre a qual não pode falar. Essa trajetória lá fora é fruto do desempenho do Lobo, que começou sua vida útil nas telas conquistando o Horizon Award no Festival de San Sebastián, na Espanha.

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A primeira exibição do Lobo no Brasil foi no Odeon, há quase dois anos. E, apesar de já ter passado tanto tempo, toda essa consagração ainda é muito recente pra mim. E eu tinha desde o começo dúvida se essa história ia funcionar, porque ela faz parte de uma tragédia muito universal, mas, ao mesmo tempo, muito falada. E o mundo, antes, tinha uma visão lá fora muito estereotipada do nosso cinema. Considerava-se que aqui só se fazia um cinema de seca, de violência social. Mas o Brasil de hoje é outro”, disse Coimbra, ao Omelete. “Aos pouquinhos temos mudado esse quadro. O Som ao Redor ganhou prêmio em Roterdã, o que ajudou. Agora, a Anna Muylaert está ganhando tudo, começando por Sundance e Berlim, com seu Que Horas Ela Volta?, e o Festival de Veneza, que começa nesta quarta, colocou três brasileiros em uma de suas mostras (os longas Boi Neon e Mate-me Por Favor e o curta Tarântula). Só Cannes anda dormindo pra gente. Mas o nosso trabalho não é dar o que eles em Cannes querem e sim dar ao mundo o tipo de filme que precisamos fazer para refletir a nossa cultura. Eles lá fora que corram atrás de nos entender”.

Conduzido com bom humor sob a direção de Ivan Sugahara, a festa da Academia foi marcada por um tributo ao veterano diretor Roberto Farias, com 65 anos de profissão marcados por sucessos como Assalto ao Trem Pagador (1962). A cerimônia usou atores no palco do Ondeon, fazendo eles contracenarem com imagens de arquivo dos longas de Farias, em especial Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1967). A grande surpresa da noite foi a dinâmica de Sugahara com Saulo Rodrigues, este numa atuação criativa e debochada como José Lewgoy, vilão maior do nosso cinema. 

A segunda (boa) surpresa da noite foi o empate na categoria melhor ator entre astros de dois dos longa mais indicados ao Grande Prêmio 2015. De um lado Babu Santana venceu com Tim Maia, mas este estava ao lado de um mito da arte dramática: Tony Ramos. Sua atuação como Getúlio Vargas saiu laureada e cercada de glórias. “Quando comecei a atuar, fazendo teatro, jamais pensei estar ao lado de Tony Ramos”, disse Babu causando uma emoção coletiva.

A lista de vencedores:

Filme: O Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra
Documentário: Brincante, de Walter Carvalho
Animação: O Menino e o Mundo, de Alê Abreu
Filme infantil: O Menino e o Mundo, de Alê Abreu
Filme estrangeiro: Relatos Selvagens, de Damián Szifrón
Diretor: Fernando Coimbra (O Lobo Atrás da Porta)
Atriz: Leandra Leal (O Lobo Atrás da Porta)
Ator: Tony Ramos (Getúlio) e Babu  Santana (Tim Maia)
Atriz coadjuvante: Talita Carauta (O Lobo Atrás da Porta)
Ator coadjuvante: Jesuíta Barbosa (Praia do Futuro)
Roteiro original: O Lobo Atrás da Porta
Roteiro adaptado: Boa Sorte
Fotografia: O Lobo Atrás da Porta
Montagem: O Lobo Atrás da Porta (ficção) e A Farra do Circo (documentário)
Maquiagem: Getúlio
Figurino: Trinta
Direção de arte: Getúlio
Trilha sonora: Tim Maia
Trilha sonora original: Trinta
Som: Tim Maia
Efeito visual: Trash
Curta: O Caminhão do Meu Pai (ficção), Efeito Casemiro (documentário, A Pequena Vendedora de Fósforos (animação)
Júri Popular: Boyhood (filme estrangeiro); Dominguinhos (documentário); Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (ficção)

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