É chegada a temporada das grandes premiações do cinema que antecedem o Oscar e o Velho Mundo correu na frente ao disparar, no domingo, em Sevilha, na Espanha, a largada para o European Film Awards, competição criada em 1988 para selecionar os melhor do longa-metragem feito no continente. E a produção com maior número de indicações ao prêmio Felix – cuja entrega está marcada para 12 de dezembro em Berlim – foi a comédia dramática Youth, do italiano Paolo Sorrentino, em disputa em cinco frentes: melhor filme, diretor, roteiro, atriz (Rachel Weisz) e ator (Michael Caine). Logo em seguida, com quatro indicações cada, estão The Lobster, sci-fi do grego Yorgos Lanthimos, e o ensaio cômico sueco Um Pombo Pousou num Galho a Refletir sobre a Existência, de Roy Andersson.
“Liberdade é a matéria-prima da juventude e é em busca dela que eu ligo a minha câmera”, disse Sorrentino ao Omelete durante o Festival de Cannes, já preparando uma trilha para o Oscar, que se inicia agora com a boa colocação de Youth no European Film Awards. “Passou muito tempo desde que comecei a filmar, em 1994, mas não perdi a necessidade de enquadrar o Tempo”.
Responsável pela criação do troféu Felix, em 1988, a European Film Academy já havia premiado Sorrentino no passado por A Grande Beleza e, a julgar pela boa repercussão de público e crítica de Youth, o cineasta tem chances de ser o vencedor de novo, agora com seu mergulho nas angústias inerentes ao verbo envelhecer. Falado em inglês e estrelado por um elenco das mais variadas nacionalidades, o novo longa do realizador italiano se concentra numa discussão sobre lacunas emocionais e ideológicas, trazendo Michael Caine na pele do maestro Fred e Harvey Keitel no papel do diretor de cinema Mick. Enojado da existência, Fred não quer orquestrar mais concerto nenhum. Já Mick inicia a preparação de um filme sobre o fim da vida, sonhando ter sua atriz assinatura (vivida por Jane Fonda) consigo. Os dois estão com 80 anos, curtindo as memórias e os impasses da idade em um hotel nos Alpes Suíços. Ali, os dois terão a chance de rever o que sobrou: de tempo, de tesão, de fome de viver e de disposição para sonhar.
“Música e cinema são duas formas de organizar a Beleza, de dar forma à Beleza, e, por isso, ao falar sobre dois criadores em frente à finitude, quis trazer representantes dessas duas formas de expressão. E, neste filme, as duas se combinam para associar o conceito de Belo à feminilidade, às mulheres”, diz Sorrentino, atualmente envolvido com a série The Young Pope, com Jude Law e Diane Keaton, para a HBO.
Segundo o cineasta napolitano, hoje com 45 anos, a escolha do personagem de Caine envolve a realização de um sonho de seu passado.
“Sempre sonhei em dirigir um musical, mas eu tenho medo da complexidade que esse gênero impõe na tela e nos sets. De uma certa forma, eu realizo esta vontade contando a história de um maestro, não apenas pelo domínio deles sobre o lugar de cada instrumento em uma sinfonia, mas também pela estranheza provocada pelo gestual deles”, diz Sorrentino. “Repare no movimento que um maestro faz com as mãos para indicar o que cada músico deve fazer em uma orquestra. É um balé à parte. Uma forma de arte muito característica que eu tento flagrar aqui, ao mergulhar num hotel cheio de encantos, mas também cheio de dor”.
Orçado em 12,3 milhões de euros, Youth estreia nos EUA no dia 4 de dezembro, a fim de ser indicado ao Oscar em diferentes categorias. Conheça a seguir a lista de indicações ao European Film Awards para saber quem são os rivais de Sorrentino.
MELHOR FILME
■ Um Pombo Pousou num Galho a Refletir sobre a Existência, de Roy Andersson (Suécia)
■ The Lobster, de Yorgos Lanthimos (Reino Unido, Grécia).
■ Mustang, de Denis Gamze Ergüven (França, Turquia).
■ Victoria, de Sebastian Schipper (Alemania).
■ A Ovelha Negra, de Grímur Hákonarson (Islandia).
■ Youth, de Paolo Sorrentino (Italia).
MELHOR REALIZADOR
■ Paolo Sorrentino, por Youth.
■ Nanni Moretti, por Mia Madre
■ Sebastian Schipper, por Victoria Body.
■ Malgorzata Szumowska, por Body.
■ Roy Andersson, por Um Pombo Pousou num Galho Refletindo a Existência.
■ Yorgos Lanthimos, por The Lobster.
MELHOR ATOR
■ Michael Caine por Youth.
■ Tom Courtenay por 45 Anos.
■ Colin Farrell por The Lobster.
■ Christian Friedel por 13 minutos.
■ Vincent Lindon por La Loi du Marché.
MELHOR ATRIZ
■ Marguerita Buy por Mia Madre.
■ Laia Costa por Victoria.
■ Charlotte Rampling por 45 Anos.
■ Alicia Vikander por Ex Machina.
■ Rachel Weisz por Youth.
MELHOR COMÉDIA
■ A Familia Bélier, de Eric Lartigau (França).
■ Um Pombo Pousou num Galho Refletindo a Existência, de Roy Andersson (Suécia).
■ Le Tout Nouveau Testament, de Jaco Van Dormael (Bélgica).
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
■ Song of the Sea, de Tomm Moore (Irlanda).
■ Adama, de Simon Rouby (Francia).
■ Shaun, o Carneiro, de Mark Burton, Richard Starzak (Reino Unido).
MELHOR PRIMEIRO FILME/ DESCOBERTA
■ Mustang, de Denis Gamze Ergüven (França, Turquia).
■ Slow West, de John Maclean (Reino Unido).
■ Limbo, de Anna Sofie Hartmann (Alemanha).
■ Summers Downstairs, de Tom Sommerlatte (Alemanha).
■ Goodnight Mommy, de Veronika Franz, Severin Fiala (Austria).
MELHOR ROTEIRO
■ Roy Andersson por Um Pombo Pousou num Galho Refletindo a Existência.
■ Alex Garland por Ex Machina.
■ Radu Jude e Florian Lazarescu por Aferim!
■ Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou por The Lobster.
■ Paolo Sorrentino por Youth.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
■ A Syrian Love Story (Sean McAllister, Reino Unido).
■ Amy (Asif Kapadia, Reino Unido).
■ Dancing with Maria (Ivan Gergolet, Itália).
■ The Look of Silence (Joshua Oppenheimer, Dinamarca).
■ Toto and His Sisters (Alexander Nanau, Roménia).
MELHOR CURTA-METRAGEM
■ E.T.E.R.N.I.T. (Giovanni Aloi, França) [Ficção].
■ Field Study (Eva Weber, Reino Unido) [Ficção].
■ Kung Fury (David Sandberg, Suecia) [Ficção].
■ Listen Kuuntele (Hamy Ramezan & Rungano Nyoni, Dinamarca) [Ficção].
■ Our Body (Dane Komljen, Dinamarca) [Experimental].
■ Over (Jörn Threlfall, Reino Unido) [Ficção].
■ Picnic (Jure Pavlović, Croácia) [Ficção].
■ Smile, and the World Smile Back (Yoav Gross, Ehab Tarabieh & the al-Haddad family, Israel) [Ficção].
■ Son of the Wolf (Lola Quivoron, França) [Ficção].
■ Symbolic Threats (Mischa Leinkauf, Lutz Henke & Matthias Wermke, Alemanha). [Documentário].
■ El Cedor (José Luis Montesinos, Espanha) [Ficção].
■ The Translator (Emre Kayiş, Reino Unido) [Ficção].
■: This Place We Call Our Home (Thora Lorentzen & Sybilla Tuxen, Dinamarca) [Documentário]
■ Washingtonia (Konstantina Kotzamani, Grécia) [Ficção].
