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Enquanto fazia as minhas pesquisas para conversar com a holandesa Famke Janssen (a Fênix, da trilogia X-Men) fui avisado pelo amigo e cozinheiro Érico Borgo que a mulher não gostava muito de dar entrevistas. Munido desta preciosa informação, tentei juntar o máximo possível de perguntas que pudessem agradar aos leitores e fossem interessantes também para ela. Não adiantou muito. Como você vai ver a seguir, nesta entrevista para o lançamento de X-Men: O confronto final em DVD, ela é lacônica, quase monossilábica, em várias respostas. Mas no final, quando já estava na hora de desligar ela se interessou no cinema brasileiro e deixou um recado para o Fernando Meirelles: quer vir ao Brasil e trabalhar com ele.
Sei que você já deve ter respondido a esta pergunta milhões de vezes, mas qual é a diferença entre trabalhar com Bryan Singer e Brett Ratner?
Famke Janssen: [longa pausa] Como pessoas, eles não poderiam ser mais diferentes. Mas no fim das contas, Brett Ratner queria ter a certeza de que seu filme continuasse o que Bryan Singer tinha feito, ou seja, que fizesse parte da trilogia. Ele queria que o produto final fosse o mais parecido possível.
Você acha que ajudou o fato dos dois serem amigos?
Sim, com certeza!
No fim de X-Men 2 você já sabia o que ia acontecer com o seu personagem no terceiro filme?
Você quer saber se eu já sabia como seria o terceiro filme?
Isso. Por que a cena final do segundo filme mostra que a Fênix Negra está lá.
Exato! Nós já sabíamos que havia essa possibilidade. E também conhecíamos a Saga da Fênix e sabíamos da sua importância na história dos X-Men. Mas nenhum de nós sabia se íamos mesmo fazer o terceiro filme ou não. E na verdade levou um tempo entre um filme e outro. Foram uns bons anos.
E você estava ansiosa para fazer a Saga da Fênix?
Sim.
Como você recebeu a notícia sobre o que aconteceria com o personagem interpretado por James Marsden, o Ciclope?
Alguém me contou. Mas desde o começo eu já sabia que esta história seria bem dramática.
Mas você só descobriu isso na hora que recebeu o roteiro ou ficou sabendo antes?
Acho que alguém me contou antes.
Você acha que a forma como o Ciclope encerra a participação foi uma retaliação pelo James ter ido fazer o Superman com o Bryan Singer?
Acho que não tem nada a ver. Ele já tinha tomado esta decisão antes.
Você tem algum acordo para um quarto filme?
Não. Nós só tínhamos contrato para a trilogia.
Mas você faria?
Se eu faria o quarto filme?! O meu personagem morreu no último filme! Não tem como ela voltar de novo.
Bom, nos quadrinhos é possível, sim.
É, mas ela já voltou uma vez. Se continuarem fazendo isso acaba ficando bobo.
Além dos filmes, você também teve algumas aparições em séries de TV. Você se sente mais à vontade trabalhando em um ou outro?
Não. Mas prefiro fazer cinema. Acho que combina melhor comigo. Já fiz uns 20 filmes e só uns dois programas pra TV.
Mas você curte quando tem a chance, por exemplo, de fazer um episódio de Nip/Tuck?
Isso depende muito do que é. Depende do personagem, do programa.
Qual foi o principal motivo que te levou a fazer Nip/Tuck, por exemplo?
A personagem era muito desafiadora. Era uma grande idéia e eu tinha acabado de ver a primeira temporada em DVD e achei aquilo viciante e engraçado. Eu queria fazer parte da segunda temporada. Ou seja, tive vários motivos.
Você gosta de algum outro programa de TV?
Eu nunca assisto a TV. Então não sei nada do que está rolando.
X-Men foi a única franquia da qual você participou, certo?
Sim. Foi a única.
É mais divertido quando você faz um segundo e terceiro filme com os mesmos atores, a mesma equipe? Ou você prefere trabalhar com pessoas completamente diferentes?
Os dois têm os seus prós e os seus contras. É legal trabalhar de novo com as pessoas que você já conhece e gosta. Mas também é muito animador e diferente quando você começa um trabalho com pessoas completamente novas.
Seria meio que como rever os amigos da escola?
É, provavelmente.
Agora um momento nerd. Se fosse você, Famke, no lugar da Jean Grey, com quem você ficaria: Wolverine ou Ciclope?
Gosto de uma combinação dos dois.
O que você gosta mais em cada um deles?
Um personagem como Wolverine é cheio de paixão, ele age conforme seus instintos. Já Ciclope é bem mais seguro e você pode confiar mais nele.
Quais são seus próximos projetos?
Eu acabei de fazer três filmes: The Treatmen, The Ten e Turn the River.
E já tem idéia do que vai fazer em seguida?
Estou procurando novos trabalhos.
Eu vi que você é formada em literatura. Você pensa em talvez um dia escrever um roteiro pra você mesma atuar?
Talvez um dia. Mas não agora.
O que você conhece do cinema brasileiro?
Tem alguma coisa boa que eu deveria ir atrás?
Tem O Céu de Suely, do Karim Aïnouz, que foi exibido nos festival de Toronto e Veneza. E acho que o mais famoso dos últimos tempos é Cidade de deus.
Eu vi Cidade de deus. É fantástico! Como os brasileiros reagiram com o fato dele [o diretor Fernando Meirelles] ter feito um filme americano [na verdade, inglês] em seguida?
Foi bem legal. Todo mundo por aqui gostou bastante. E agora ele já está preparando um outro filme.
Com atores brasileiros? Porque eu ouvi que seria com atores norte-americanos.
Na verdade, acho que vai ter os dois, porque parte das filmagens [de O ensaio sobre a cegueira] devem acontecer no Brasil. Você gostaria de vir fazer um filme aqui no Brasil?
Adoraria ir para o Brasil e adoraria também trabalhar com Meirelles.
