Bastidores de Resistência

Créditos da imagem: 20th Century/Divulgação

Filmes

Entrevista

As raízes da Resistência: como Gareth Edwards criou distopia futurista do filme

Sete anos após Rogue One, diretor retorna mais ousado e politizado

Omelete
4 min de leitura
27.09.2023, às 16H09.
Atualizada em 27.09.2023, ÀS 16H56

A cada ano, o desafio de produzir uma obra de ficção científica original aumenta, tamanha a oferta de títulos na TV e no cinema. Para fugir desse problema, Gareth Edwards, diretor de Rogue One — Uma História Star Wars, fez do seu novo filme, Resistência, um longa de referências. Sem se importar necessariamente em inovar, o sci-fi absorve o que há de melhor no gênero para entregar um entretenimento de qualidade.

Focando em cativar o público pela nostalgia, Resistência traz consigo elementos de grandes clássicos, como Blade Runner, O Exterminador do Futuro, Ghost in the Shell e Akira — este último citado pelo próprio cineasta. “[Akira] é um filme que eu, os designers e os artistas que trabalharam no filme amamos a estética. Na verdade, a estética dele faz com que voltemos no tempo para os filmes dos anos 1980 e 1990”, disse, em entrevista ao Omelete.

No filme, vemos um futuro distópico em que uma guerra entre a humanidade e as inteligências artificiais (IA) coloca em risco o destino do planeta. Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais, sofre com o desaparecimento de sua esposa (Gemma Chan), e para encontrá-la, se junta a um grupo de mercenários para caças e matar o Criador. O inimigo público dos EUA é um misterioso arquiteto de IA que desenvolveu uma misteriosa arma que pode dar a vitória na guerra para as máquinas. Entretanto, Joshua e sua equipe de mercenários acabam descobrindo que a arma que devem destruir é uma inteligência artificial em forma de criança, e isso muda tudo.

Resistência tem muitas cenas gravadas no continente asiático e, por isso, o diretor revelou que todo o gênero de mangás foi importante para elaborar o visual do sci-fi. E, para explicar esse conceito, ele usa exemplos do mundo real. “Fingimos que, em vez da Apple ter vencido a ‘Guerra Tecnológica’, em que todos têm seus celulares no bolso, pensamos: ‘e se tudo fosse baseado em um Sony Walkman?’”, explicou. “Então, tudo tem essas formas, o que é muito parecido com Akira e o estilo dos mangás japoneses. E sim, essa foi uma grande referência”, continuou. Para os a geração Z, um walkman é como um iPod que você encaixa uma fita de música. A vantagem? Você podia gravar músicas nos dois lados da fita! 

Edwars não é o primeiro diretor a beber dessa fonte.  Ele mesmo cita como Star Wars bebeu por muito tempo da cultura japonesa, incluindo referências de Akira Kurosawa na trilogia original. Responsável por um dos filmes mais aclamados da franquia na última década, ele também aprendeu muito com Rogue One. “[Dirigir esse filme] me ajudou de várias maneiras”, admitiu. “Produções desse porte tendem a filmar diante da tela verde. Na cena da destruição do planeta Scarif, filmamos em Maldivas e esse cenário de praia tropical deixou tudo mais realista.” 

“Fizemos algo parecido em Resistência”, continuou. “No caso da cena da estação de trem, não conseguíamos construir um cenário grande o suficiente nessas locações [de tela verde]. Então fomos às estações de trem [reais] e depois fizemos as mudanças [de efeitos gráficos] no computador.”

A experiência que ele teve com a cena final de Scarif e com os trens de Resistência acendeu uma luzinha na cabeça do diretor. Ele decidiu mesclar cenários reais e CGI em quase todas as cenas de seu novo filme. “Pensei: não quero construir cenários ou ir ao estúdio fazer nada, na verdade. Quero apenas viajar pelo mundo e filmar isso nos melhores locais que pudermos encontrar”, brincou. “Fomos a oito países, em 80 locações diferentes. Percorremos 16 mil km.” Essas viagens incluíram vulcões no Himalaia e paisagens da cidade de Tóquio, no Japão.

Mas, além da estética, naves e explosões, o filme tem mais uma coisa em comum com Rogue One: ele não deve ter uma continuação. Bom, pelo menos, essa é a vontade do diretor. “Então, eu adoro uma história autocontida, um projeto único. E isso foi realmente feito para ser apenas um filme, sem sequências, sem se tornar uma franquia, sabe?”, explicou, antes de pontuar que não negaria o contrato para uma sequência: “Se os produtores me abordassem e dissessem que precisamos de uma sequência, seria um ótimo problema a se ter. Mas toda a ideia é que seja apenas um filme. Não é uma franquia. Não há nada mais.”.

Resistência chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (28).

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