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Violência em Família - Festival do Rio 2007

Ex-diretor de videoclipes apresenta uma comédia australiana de humor-negro

28.09.2007, às 14H00.
Atualizada em 26.04.2017, ÀS 02H07
Violência em família (

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Suburban mayhem
, 2006) de Paul Goldman , é uma ficção em forma de documentário. O diretor moderniza essa linguagem com a mesma ferocidade que sua protagonista demonstra na tela. São cortes rápidos, cores saturadas para dar um clima de desordem, trilha sonora alta com músicas punk e depoimentos em uma velocidade surpreendente. Alguns vão achar a produção um desperdício visual com pretensões artísticas, mas quem se despir dos preconceitos e embarcar na viagem não irá se arrepender. O filme de Goldman abusa da animação e da edição frenética, visivelmente comprometido com o entretenimento.

A trama conta a história de Katrina. O nome inspirado no furacão que devastou New Orleans é uma coincidência apropriada. Kat, para os mais íntimos, tem 19 anos, é mãe solteira, mora com o pai e a filha num bairro do subúrbio e vive uma vida de pequenos crimes, sexo fácil e carros envenenados. Ela é mestre em manipular os homens, acredita na impunidade e que nada a impedirá de alcançar o que quer. Mas quando sua vida desregrada faz com que ela possa perder sua filha, Katrina mostra do que realmente é capaz - tornando, então, seu nome mais infame do que imaginaria possível.

O roteiro de estréia de Alice Bell combina humor negro, drama e agressividade. A forma escolhida para contar a história foi mesclar a narrativa com entrevistas realizadas com todos que conheceram Katrina. Para os menos antenados vai ficar a dúvida se o filme é ou não baseado em fatos. Goldman explora a vida suburbana e o caos latente que acompanha esses centros, indicando que por trás de uma comunidade pacata sempre há espaço para indivíduos com um desvio comportamental sério e que o ócio pode ser catalisador de tragédias.

Tudo isso, porém, é apresentado superficialmente. As falhas da narrativa residem na falta de um desenvolvimento aprofundado sobre as motivações de Katrina. Diversos temas são abordados sem nenhuma consistência, como a ambição de ser uma celebridade ou até os desvios psicológicos, como a relação doentia entre Katrina e seu irmão Danny. Outros diretores já flertaram com esse temas e outros semelhantes com resultados bem mais interessantes. O jeito é não superestimar a proposta de Goldman e apreciar suas idéias estéticas sem buscar um significado.

Um acerto foi a escalação da atriz Emily Barclay no papel de Katrina. Ela não cai na caricatura e constrói uma Katrina que é uma mistura de beleza e desvio de caráter. Percebe-se que Barclay criou uma espécie de 'Lindsay Lohan dos infernos". O resto do elenco é competente e serve como suporte para sofrer ou ajudar nas maldades protagonizadas por Katrina.

Com certeza Violência em Família irá chocar pela forma que a brutalidade é banalizada. Mas basta assistirmos aos noticiários para notarmos que o problema é uma realidade ao redor do planeta. E essa realidade não está longe assim se lembrarmos de casos diversos que acorreram aqui mesmo, no Brasil recentemente.

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