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Invasão Secreta deu adeus à aliada fiel dos Vingadores que pouco se conheceu

Despedida pontua gravidade da ameaça e impulsiona protagonista da vez — mas o que diz sobre a personagem que se foi?

Omelete
4 min de leitura
27.06.2023, às 19H29.
Atualizada em 01.07.2023, ÀS 14H19

[Atenção: artigo contém spoilers de “Ressurreição”, episódio de estreia de Invasão Secreta]

A morte de Maria Hill (Cobie Smulders) nos minutos finais da estreia de Invasão Secreta tinha tudo para ser caracterizada como uma decisão arrojada da Marvel, a começar pela crueldade da cena. Vê-la ser assassinada por um Nick Fury (Samuel L. Jackson), sem que ela tivesse certeza de que era mesmo seu amigo ou o vilão Gravik (Kingsley Ben-Adir) disfarçado, desperta uma aflição particular, incomum no MCU nos últimos anos. É um momento que mostra com clareza não só os riscos da ameaça Skrull à Terra, como também frisa que esta é uma aventura que não se encerrará sem sacrifícios — e nem uma das aliadas mais fiéis dos Vingadores, em tela desde o primeiro filme da equipe, está a salvo. Repito: risco e sacrifício, dois conceitos relevantes quando o assunto é heroísmo, e que inexplicavelmente a Casa das Ideias subestimou em algumas das suas histórias mais recentes. Ou seja, a cena é um ponto fora da curva, um encaminhamento que parece mais ousado do que o habitual, e que dá um baita sacode no protagonista da vez.

É irônico, portanto, notar como este é também um direcionamento confortável, na medida em que a morte da personagem deixa às claras seu caráter utilitário dentro do MCU. Desde 2012, embora estivesse presente em batalhas, esquemas e estratégias importantes, ela basicamente existiu em função da missão. Qualquer que fosse o perigo, era certo que Maria Hill estaria lá, explicando os pormenores do que estava em jogo, e não havia resquício da sua personalidade que pudesse suplantar isso. Quer dizer, enquanto você poderia descrever alguns dos seus pares com um punhado de adjetivos, como “arrogante”, “justo”, “genial” ou “turrão”, você talvez pudesse caracterizá-la como “dedicada ao trabalho”, “fiel aos amigos” e “corajosa”. E, ainda assim, note: quase todos são traços que pontuam sua relação com a S.H.I.E.L.D. e com os heróis, mas não ela mesma. No fundo, foram poucas as ocasiões em que a Maria Hill pessoa física deu as caras em tela — e a mais notável delas, quando peita Fury sobre seu sumiço em Invasão Secreta, foi só um degrau na construção do seu inevitável fim.

É evidente que, no MCU, Maria Hill era uma personagem coadjuvante — quando não figurante —, imersa em um mundo habitado por muitos heróis. Logo, era impraticável concedê-la um desenvolvimento semelhante ao de um Tony Stark (Robert Downey Jr) ou um Peter Parker (Tom Holland). Aliás, sequer faria sentido. A questão é que, apesar de longe do holofote, a agente poderia ter sido tratada com um pouco mais de dignidade. Basta olhar para o próprio universo cinematográfico que você encontrará bons exemplos de como sua jornada poderia ter sido conduzida. Em Guardiões da Galáxia Vol. 3, a cachorrinha Cosmo (Maria Bakalova) teve essa chance e com tempo de tela reduzido; na franquia Thor, dá para mencionar o Korg (Taika Waititi); em Homem-Formiga, Jimmy Woo (Randall Park) e Luís (Michael Peña). Veja, todos são personagens com funções narrativas bem definidas — alívio cômico e/ou burocrata —, mas que ainda assim tiveram a chance de deixar vazar um pouco mais do que um lampejo de individualidade.

Tendo isso em mente, vê-la sangrando sozinha em Moscou, uma cena filmada de modo propositalmente carregado, ganha, no mínimo, uma inevitável camada de artificialidade. Afinal, se espera que o espectador se importe, mas durante mais de 10 anos o próprio universo cinematográfico pouco ligou. Na verdade, quando foi conveniente, Invasão Secreta — série que prometia dar mais espaço para Hill — não hesitou em usar seu sacrifício como catalisador da jornada de Fury — seguindo uma convenção narrativa conhecida como fridging, que inclusive já vitimou outras personagens no MCU

Mesmo que, no caos que é o multiverso, uma variante de Maria Hill apareça, é difícil imaginar que vá ser capaz de corrigir essa despedida, digamos, agridoce. Enquanto não há qualquer indício dessa possibilidade, a esperança é torcer para que, nos próximos cinco episódios, Invasão Secreta exponha também Fury e Talos (Ben Mendelsohn) aos tais riscos e sacrifícios que a história anuncia.

Invasão Secreta é exibida às quartas, no Disney+. Abaixo, confira nossa entrevista com o elenco:

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