Música

Artigo

Tim Festival 2007 - Sons finais

Sobre as performances de CirKus, Spank Rock e Girl Talk

31.10.2007, às 01H40.
Atualizada em 21.07.2017, ÀS 10H03

Nos últimos momentos do festival, enqüanto todo o lugar se transformava numa grande e chata pista de música eletrônica, o palco Lab via as duas boas surpresas da maratona: CirKus e Spank Rock.

A primeira é o novo projeto de Neneh Cherry, uma banda de casais: ela com o maridão Burt Ford (uma espécie de clone de Robin Williams) e o casal Lolita Moon e Karmil. Mesmo prejudicados pelo atrasos, tendo que fazer uma apresentação mais curta do que o esperado, o grupo sueco impressionou.

GirlTalk

None
GirlTalk

Spank Rock

None
Spank Rock

cirKus com neneh cherry

None
CirKus com Neneh Cherry

A divulgação tratava o CirKus como uma banda de trip hop, mas o resultado final vai bem além disso, numa jam que vai da calmaria à esquizofrenia inclassificável, com cada integrante tocando seus instrumentos em um andamento próprio.

Neneh, mesmo sendo a mais conhecida sobre o palco, está longe de ser a cereja do show, restringindo seu microfone ao cantinho do lugar. Ela berra, como em "Fuc all the doh" (dedicado a "todos os que estão na 'fauvela'"), canta cool/jazzy e dá todo o espaço a Lolita,

Depois de um atraso inominável, o coletivo Spank Rock subiu para outro show fora de esquadro. Liderado pelo MC Naeem Juwan (que também atende pelo nome do grupo), o bando explicou ali, afinal, o que diabos quer dizer "alternative rap"

Juwan dá o espetáculo, dançando em frenesi, ao lado de mais dois MCs (incluindo a espetacular Amanda Blank), dois DJs e um quarteto percussivo, que passou todo o tempo nos atabaques. Nas caixas, a massa ia do rap ao funk ao soul à pura bagunça anárquica (com uma dúzia de gurias da platéia dançando no palco). Um dos shows mais vivos e divertidos do festival inteiro, de longe.

Encerrando tudo, era o momento de conferir o hype do "mashupeiro" Gregg Gillis, o Girl Talk. O produtor de Pittsburgh ganhou fama ao gravar um disco inteiro levando o conceito do mash-up às últimas instâncias: criou músicas utilizando micro-trechos de centenas de canções já prontas, de outros artistas. É como um pout pourri em fast forward: o que vale aqui não é o BPM, batidas por minuto, mas o MPM, músicas por minuto que você consegue reconhecer (ou não).

Pra ficar em um só exemplo, em um dos momentos no Rio de Janeiro, ele emendou "Gasolina", do Bonde do Rolê, com "God only knows", dos Beach Boys, com "Harder, better, faster, stronger", do Daft Punk. E pareceu tudo muito lógico.

Mas se no disco, a técnica é bem colada, ao vivo a coisa desanda e vale só pelo terror que o alucinado Gillis (sozinho no palco com seu laptop) toca no lugar. Já no primeiro sample, o produtor estava pulando no meio da platéia - que novamente, mais tarde, invadiria o palco a seu convite.

No final de tudo, várias dezenas de samples depois, Gillis voltava para os bastidores só de samba canção, tropeçando nas calças arriadas no tornozelo. E deixa a pergunta no ar: é esse o futuro da música?

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.