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LDN (antiga London Arena)

LDN (antiga London Arena)

01.08.2006, às 00H00.
Atualizada em 19.11.2016, ÀS 11H08

James Dean Bradfield:
O culpado de tudo


Lily Allen
A culpada pelo novo nome


Cheers!

O CDB do McD

Miami Vice
A crítica saiu babando...


Pharrell:
O que ele tinha na cabeça?


Pipettes: Era um biquíni
de bolinha amarelinha...


Papai Smurf de marzipan:
Nem a Smurfette encarava!

JDB na LDN depois de um CDB no McD

Porcos numa fazenda em Worcestershire, interior da Inglaterra, foram obrigados a usar óculos escuros para proteger os olhos do sol e calor.

Hoje, ao ler essa notícia num dos jornais mais respeitados daqui, o The Times, pensei comigo mesmo: A London Arena PRECISA voltar. Qual outra plataforma na imprensa brasileira dedica espaço a notícias tão importantes? Como é que os brasileiros ávidos por conhecimento chegam até elas? Sem encontrar a resposta nos segundos que me dediquei à pergunta, resolvi reanimar este espaço omelético.

Quer dizer, na verdade, a volta tem mais a ver com um novo sanduíche que o McDonalds acaba de lançar no mercado britânico.

Ou melhor, na verdade mesmo (pelo jeito que a coisa tá indo a coluna deveria se chamar "Na Verdade". Mas segura a linha de pensamento que a gente chega lá...), a coluna está de volta por causa de um show de um cara chamado James Dean Bradfield, que além de ter divido o balcão de um bar em Londres recentemente comigo é também vocalista de uma banda que atende pelo nome de Manic Street Preachers.

Ou então a culpa é de uma menina do norte de Londres que teima em pintar as pálpebras de verde, a Lily Allen. Na verdade (olha a expressão aí de novo), a culpa da London Arena (a coluna, não o extinto lugar para shows) perder o Arena e as vogais do nome é dela. E se você não sabe a razão já está mais do que na hora de clicar aqui.

Posso ir em frente?

Então vamos lá. Terça-feira de calor insuportável em Londres. Ônibus quentíssimos, metrô derretendo, pessoas andando sem camisa pelas ruas. Caos. Com menos de duas horas pra acabar o expediente, prestes a partir para uma festa surpresa de aniversário, puxo mais uma vez os e-mails e pinta uma mensagem de última hora de uma assessora internacional da Sony BMG perguntando se alguém, na lista de uns 30 jornalistas, queria ver o tal James Dean mais tarde. As instruções eram simples: quem responder primeiro leva. Pelo desafio de ser o primeiro, topei. E ganhei.

Aliás, vale deixar bem claro aqui, não sou fã do Manic Street Preacher e não pretendo nesse texto divagar sobre a rebeldia das letras, o desaparecimento de um dos integrantes, as conexões com Cuba, as referências ao País de Gales ou mesmo sobre homens estranhos que adoram se maquiar. Para você ver que tipo de fã da banda eu sou, só reconheci uma das faixas do Manics que ele tocou em seu show solo, "Ocean Spray", provavelmente uma das menos conhecidas das quatro ou cinco que rolaram (veja o set list ao final da coluna).

Os ingressos estariam na porta a partir das 20h30. Vale lembrar que festa e show por aqui começam cedo, ou seja, tinha tempo para dar uma alô-surpresa no aniversário e ainda partir pro show. O problema é que festa em pub me faz tomar cerveja. E dois pints, principalmente lá pelas oito da noite, me provocam uma fome incrível. E quando estou com fome e tenho menos de 30 minutos para sair de um lugar e ir pra outro, a única saída costuma ser um lanche rápido.

Entre minhas resoluções de ano-novo para 2006, entre começar a correr todos os dias de manhã, voltar a escrever a coluna e não tomar mais Coca-Cola, resolvi incluir, just for the sake of it, como dizem por aqui, "não comer no McDonalds". A decisão em nenhuma instância tem um teor ideológico, apesar de já ter sido funcionário da empresa, saber o quanto eles pagam mal e ter visto fotos da fazenda onde eles criam aquelas minhocas gigantes que acabam virando hambúrgueres. (Tá bom, essa última é invenção minha...)

O meu problema com o McD é simples: no Reino Unido ele é muito ruim. A casa do palhaço Ronald aqui é suja, o atendimento é péssimo e o gosto dos sanduíches... Que gosto dos sanduíches? Quando você morde um Big Mac inglês você não sente os dois hambúrgueres, o alface, o queijo, o molho especial, a cebola, o picles e o pão com gergelim. Tudo é uma coisa só. Podiam vender em pasta que não faria diferença.

Já no Brasil não. Em quase toda visita dou um pulo em algum méqui e curto um Cheddar McMelt (se é que ele ainda existe...), com fritas, guaraná e torta de banana. E tudo desce bem, redondinho.

Mas dessa vez não tinha jeito. E olha que tentei resistir. Fiquei esperando o ônibus que me levaria para o show por uns 15 minutos, mas nada. O problema é que quem escolhe o lugar para abrir um McDonalds sabe o que faz. Na frente do ponto, só atravessando a rua, cores vermelhas e amarelas brincavam com o meu cérebro. Com dois pints correndo pelas veias, a persuassão foi simples. Em um instante, lá estava eu na fila, envolto por brinquedos, um forte cheiro de batata frita, personagens com hambúrgueres na cabeça e bastante gente estranha. Alguns que até há pouco eram meus companheiros no ponto de ônibus.

Malditas cores!

Sanduíches divinos

Resisti sete meses e alguns dias, mas lá estava eu escolhendo no menu e quebrando uma de minhas promessas de ano-novo (a da Coca-Cola durou 25 dias). Enquanto procurava o sanduíche que iria me acompanhar no ônibus até o show do James Dean Bradfield (de agora em diante, quando falar do rapaz, usarei apenas as inicias JDB, combinado? A coluna vai ganhar espaço e ao menos evita eu ficar olhando no Google pra ver se escrevi o nome dele certo), comecei a reparar que muita coisa ali estava diferente.

O menu estava cheio de palavras grandes que nunca tinha visto por ali. "Saudável, fresco, leve, refrescante". Ao lado, saladas e sanduíches especiais pro verão. A tipologia usada era moderna e clean, o fundo do menu ao invés de cores berrantes trazia um lindo céu, como se os sanduíches fossem uma anunciação.

Que o McDonalds anda se preparando há tempos para uma sociedade mais exigente, preocupada com a saúde, com a origem dos produtos e com o que consome, não é nehuma novidade. Há mais de dois anos eles andam insistindo que seus clientes, além de AMAREM comer lá, parecem ter saídos do sofá do café Central Perk, quando todo mundo sabe muito bem que boa parte dos verdadeiros devoradores de hambúrgueres do McD vem da classe baixa, que não tem dinheiro o suficiente para poder exigir produtos saudáveis e nutritivos.

Recentemente, quando o jornal The Guardian presenteou seus leitores em uma edição de sábado que vinha com um DVD do documentário Super size Me, o McDonalds fez questão de comprar o espaço publicitário principal da edição, a contra-capa. Nela, um texto assinado pelo presidente do McDonalds falava sobre o quanto a empresa está mudando, como a companhia emprega centenas de fazendeiros britânicos e o que anda fazendo para assegurar a qualidade em seus produtos.

Pensando agora, depois de ter escrito o parágrafo acima, será que não foi esse tipo de atitude que me fez quebrar com a minha promessa?

Bem, agora é fácil supor. O que eu sei é que naquele momento eu queria comer qualquer coisa para depois ainda ter forças para continuar bebendo durante o show do JDB. Como é que você acha que eu iria agüentar?

Olhei firme para o menu e reparei em uma dupla de novos sanduíches vindos do céu especialmente para o verão. Os dois eram quase iguais e atendiam pelos nomes de Quarter Pounder with Cheese Deluxe e Chicken Deluxe with Bacon. Optei pelo de frango simplesmente pelo fato do pão ser uma focaccia com ervas. Paguei, peguei o saco e voltei pro ponto de ônibus. Antes mesmo dele chegar, de pé, comecei a devorar o CDB.

Pela primeira vez em anos, senti cada ingrediente de um sanduíche do McDonalds. A começar pela focaccia. Macia, saborosa, com um leve gosto de azeite de oliva e ervas. Depois vinha a salada america: fresca, leve e crocante, como deve ser. Em seguida, o tomate, que tinha quase o tamanho e a textura do bife - por isso o nome Beef Tomato. O queijo, que normalmente é indistinguível em um sanduíche preparado pelo Ronald, parecia um tipo Emental de boa qualidade. O bacon, crocante e saboroso. Até o frango não deixava aquela impressão de se estar comendo um animal inteiro que foi triturado com pena e osso. Incrível. Estava uma delícia! E volto a dizer, eu tinha tomado apenas dois pints, ou seja, as sensações eram bastante próximas da realidade...

JDB na LDN depois de um CDB

Cheguei ao local do show ainda com as evidências do crime nas minhas mãos. Tentei me livrar, mas não tive tempo, fui pego em flagrante. "Você não tinha uma promessa?!", soltou minha companhia para o show assim que cheguei no local. Pois é, mas você não vai acreditar.... E entrei num papo mais longo do que o acima tentando explicar como o McDonalds agora realmente está mudado, como esse sanduíche novo era gostoso e coisa e tal.

Colou? Claro que não! Ela olhou pra mim como se eu fosse maluco, suspirou e partiu em direção do bar para pedir dois pints. Logo em seguida, JDB subiu ao palco. Enquanto ele discorria seu repertório solo, misturado com sucessos do Manic Street Preachers, eu digeria o meu Chicken Deluxe with Bacon e, delicadamente, sem niguém reparar (espero), soltava uns arrotos pra cima com cheiro de frango, bacon e ervas.

Set list do show, copiado e colado direto do e-mail da assessora:

with band:

* Run Romeo Run
* An English Gentleman
* Ocean Spray
* On Saturday Morning We Will Rule The World
* Bad Boys & Painkillers
* Thats No Way To Tell A Lie
* Say Hello To The Pope
* Still A Long Way To Go
solo acoustic set:

* Summer Wind (Frank Sinatra cover)
* This Is Yesterday
* Emigre
* The Wrong Beginning
with band:

* No Surface All Feeling
* Which Way To Kyffin












London XPRESS

:: notas rápidas, curtas e essenciais ::

Soja amazônica

Mal terminei o texto acima e os jornais do mundo publicaram a seguinte notícia: Grandes multinacionais, entre elas o McDonalds, assinaram uma moratória com o Greenpeace. Nela, prometem não comprar soja oriunda de fazendas na Amazônia que forem desmatadas a partir de outubro de 2006. Uma boa ação. Tomara que não seja tarde demais. Leia o relatório completo em www.greenpeace.org.br.

Miami Vice 2006

Sem querer (não me pergunte como), acabei caindo na exibição especial para a imprensa do novo filme com Jamie Foxx e Colin Farrell. O filme é bastante ruim. Salvo por algumas cenas impactantes de tiroteio, o longa, dirigido por Michael Mann, mesmo de Colateral, tem um dos piores roteiros que já vi na minha frente. É tão ruim que, ao final do filme, a galera da distribuidora presente no cinema se viu forçada a puxar uns aplausos. Ninguém acompanhou. O silêncio denunciava o mal estar da platéia. Vários críticos saíram dali salivando. Não de raiva, mas sim por causa da ótima oportunidade de poder escrever uma resenha metendo o pau. Material é que não vai faltar.

Super Zidane

Eu sei que ainda faltam pelo menos 1.400 dias até a próxima Copa, mas vale deixar registrado aqui na volta da coluna a maneira em que cada nação do mundo (e os jornalistas) viram o episódio da cabeçada de Zidane em Materazzi. O momento mais pop de toda a Copa da Alemanha ganhou versões hilárias no mundo virtual (e você, caro leitor, já deve ter visto dezenas delas), mas essa pra mim ganha o prêmio de mais engraçada. É só clicar aqui.

É um momento ruim para...

Bob Geldof - O cantor britânico que mais gosta de lutar contra a desigualdade mundial tinha apresentação marcada em Milão, em um estádio com capacidade para 12 mil pessoas, mas o show acabou cancelado em cima da hora. Motivo: apenas 45 pessoas apareceram. Alguém ainda teve a coragem de arrumar uma desculpa bem esfarrapada pra tal fracasso. "Foi uma maneira de sabotarem as visões políticas de Sir Bob Geldof", soltou um porta-voz. Mas é claro...

Se você só tiver tempo de escutar um CD este mês escute

Personality: One Was a Spider, One Was a Bird, do The Sleepy Jackson - Uma das bandas preferidas dessa coluna volta com um excelente trabalho, extremamente inspirado nas paisagens sonoras criadas por Brian Wilson. Harmonias complexas, corais angélicos, ecos bizarros, mar de metais e cordas e loucuras psicodélicas combinam perfeitamente com as paranóias de Luke Steele, líder da banda australiana.

E se der tempo para apenas uma música escute

"Made Up Lovesong #43", dos Guillemots - A banda formada na Inglaterra, que conta com um brasileiro nas guitarras (apelidado de Mc Magrão), faz um som intenso, criativo, colorido, moderno e bem, bem diferente de tudo o que está por aí. O vídeo está aqui.

O prêmio de pior capa de CD do mês vai para...

In My Mind, do Pharrell Williams - E as músicas também não são lá grande coisa.

Melhor definição de banda do mês

"Elas são o Darkness em um vestido de bolinhas" - Do semanário NME sobre as meninas do The Pipettes.

Cena bizzara do mês

Sábado de sol. Três da tarde. Em frente à National Gallery, em um palco montado entre os leões de Trafalgar Square, um pastor cita algum evangelho. Em português. Centenas de turistas olham confusos, sem entender uma palavra do que ele está pregando no microfone. Parece que se tratava do "Dia Internacional do Gospel", ou algo assim. Ah, então tá.

Website do mês

www.pimpthatsnack.com - Estudante, como já é notório, não tem muito o que fazer. Quando chega à Universidade e fica longe dos pais pela primeira vez, começa a se entupir de porcarias, como salgadinhos e doces. É para deixar essa vida artificial, cheia de conservantes e colorantes ainda mais divertida que surgiu o Pimp That Snack.

Criado por um estudante que num belo dia comprou um Kit Kat edição especial com peanut butter, abriu o chocolate e enfiou mais manteiga de amendoim no meio, o site brinca com o nome do programa da MTV em que um carro velho é transformado em algo absurdamente exagerado. O mesmo acontece com os salgados e doces. Confira a dica de como se fazer um cookie colossal ou mesmo a receita de como fazer um Papai Smurf com colorantes e marzipan. Água na boca não dá, mas tem gente que prefere essa bizarrices a um hambúrger do McDonalds.

Promoção "Sombra Verde nas Pálpebras"

Para homenagear a londrina de 21 anos que ajudou a rebatizar esse espaço, a LDN fez um pacote com algumas coisinhas interessantes da mais nova popstar britânica que você não pode viver sem. Ah, o nome dela é Lily Allen, pra quem não sabe.

  • Uma edição da NME com a Lily Allen na capa - e uma pequena resenha sobre o Cansei de Ser Sexy.
  • Um single do hit "Smile" em vinil 7 polegadas
  • Uma gravação alternativa de uma parte do show dela aqui em Londres - exclusiva!

Para concorrer, basta mandar um e-mail para juliano.zappia@gmail.com com o assunto "Sombra Verde nas Pálpebras". Vai ser na base do sorteio mesmo. Corra!

O fim de verdade da London Arena

Mês passado, como já havia sido anunciado nesta coluna, o espaço para shows e jogos de hóquei no gelo conhecido como London Arena foi finalmente demolido. Em seu lugar, um bloco de apartamentos e escritórios será erguido.

Por isso, de agora em diante, para dar uma modernizada, esta coluna sem periodicidade assume o nome de LDN. E para entender a razão, saca só essa letra:

LDN por Lily Allen

Riding through the city on my bike all day
Cause the filth took away my licence
It doesnt get me down and I feel ok
Cause the sights that Im seeing are priceless

Everything seems to look as it should
But I wonder what goes on behind doors
A fella looking dapper, but hes sittin with a slapper
Then I see its a pimp and his crack whore

You might laugh you might frown
Walkin round London town

[Chorus]
Sun is in the sky oh why oh why ?
Would I wanna be anywhere else
Sun is in the sky oh why oh why ?
Would I wanna be anywhere else

When you look with your eyes
Everything seems nice
But if you look twice
you can see its all lies

There was a little old lady, who was walkin down the road
She was struggling with bags from Tesco
There were people from the city havin lunch in the park
I believe that its called al fresco
Then a kid came along to offer a hand

But before she had time to accept it
hits her over the head, doesnt care if shes dead
Cause hes got all her jewellery and wallet

You might laugh you might frown
walkin round London town

When you look with your eyes
Everything seems nice
But if you look twice
you can see its all lies

Life, thats city life, yeah thats city life, thats city life
Life, thats city life, yeah thats city life, thats city life










































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