Música

Artigo

Ricky Martin em São Paulo 2011

Cantor assume totalmente sua sexualidade na turnê Música + Alma + Sexo

29.08.2011, às 19H25.
Atualizada em 22.12.2016, ÀS 04H00

Na última sexta-feira, 26 de agosto, Ricky Martin iniciou em São Paulo, no Credicard Hall, o braço latino da turnê Música + Alma + Sexo. O título do novo álbum já deixa claro aquilo que podemos esperar do cantor: muita música, a entrega de sua alma e, quanto à sexualidade, esse elemento também não faltou durante todo o show.

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Ricky Martin já é mais do que um cantor, é um ícone pop que representa para o mundo a sensualidade do homem latino. Sua carreira lembra uma combinação de referências que vão da abertura da novela Salsa e Merengue, com “Maria”, entre outras cafonálias gostosas dos anos 90, como a recriação do cenário do clipe “Livin’ La Vida Loca” no Programa do Gugu, ao pop sério do single de 2011, “The Best Thing About Me Is You”. E é tudo isso que povoa o imaginário dos fãs e cria expectativas para o show.

Ao chegar no Credicard Hall, nos deparamos com o palco todo coberto por uma imensa lona, já deixando claro que algo grandioso seria revelado ali. Por volta das 22h20, um vídeo começou a ser projetado na tela. Ricky Martin aparece preso em um cenário sombrio, tentando se libertar de muitas correntes (sem dúvidas, uma analogia à repressão de sua sexualidade nos últimos anos). O cantor cai cansado, mas se levanta e consegue se soltar das correntes. As fãs, histéricas, gritam tanto que mal dá para ouvir o áudio do vídeo. A lona cai e revela Enrique Morales (seu nome de nascença), sua banda e dançarinos em um andaime opulento de três andares estilizado.

O show já começa enérgico com “Será Será (It’s Too Late Now)”, adornada com o cenário de ferro, jaquetas de couro e capacetes de motoqueiros. O porto-riquenho conversa com a plateia (em português) dizendo que todos deveriam ser felizes do jeito que quisessem, sem ter medo. Em seguida, vai para a beira do andaime e, dando uma dica de que a noite seria cheia de pompa, drama e efeitos, despenca de costas de uma altura de quase três metros e cai nos braços dos dançarinos.

O setlist teve poucos momentos calmos, como durante a balada “Vuelve”, e fez jús a tudo aquilo que se poderia esperar de Ricky Martin: muito quadril remexendo, caras e bocas caricatas e divertidas e seus passos de dança mais famosos, que o acompanharam em seus mais de 25 anos de carreira.

Durante os 90 minutos de show, a voz firme do cantor veio em espanhol nos hits mais antigos “Dime Lo Que Quieres”, “Fuego Contra Fuego”, “Que Dia Es Hoy”, “La Bomba” e “Maria” e nas faixas mais atuais “Pégate” e “Tu Recuerdo”, do CD acústico, e “Frío”, “Mas” e “Lo Mejor de Mi Vida Eres Tu”, todas do último álbum, M.A.S. (Música + Alma + Sexo). Os destaques da noite, no entanto, foram os sucessos em inglês, principalmente da fase 1998-2000, pico de sua carreira. Desta época, cantou “Livin’ La Vida Loca” e “Shake Your Bon Bon”, lançadas em Ricky Martin, disco que transformou-o em sucesso pop mundial em 1999, vendendo 22 milhões de unidades no mundo, e “She Bangs”, do ano seguinte.

A turnê foi segmentada em quatro atos principais. Primeiro, tivemos o bloco motoqueiro, em seguida uma viagem no tempo com figurinos da época de Elvis Presley, com ternos brancos e golas levantadas, passando para o drama de musicais clássicos como West Side Story e sua atmosfera gangster e um retorno aos anos 1920, com o brilho dos vestidos melindrosos de franjas, com muitas jazz-hands à la Chicago e seu número musical "All That Jazz".

Como mencionado no começo, a parte “sexo” da turnê marcou presença, com um segmento sensual que deixou as fãs ainda mais histéricas do que já estavam. Todo o rebolado de “It’s Alright”, no começo da noite, pareceria uma dança recatada quando comparada ao momento em que o cantor simulou uma orgia em um sofá no palco, com direito a dançarinos mascarados e laçada com chicote de uma dançarina só de lingerie - uma combinação digna de ser incluída no filme De Olhos Bem Fechados. Uma projeção com o cantor totalmente nu, em poses estratégicas para não escapar nada, sendo coberto por tintas, também deixou muita gente sem fôlego.

Aliviando o clima, o bloco final foi leve e descontraído. O cantor apareceu de calça, camisa e tênis brancos e agitou a galera com hits como “La Bomba” e “The Cup of Life”, música-tema da copa de 98. Após agradecer àqueles que foram prestigiá-lo, o ex-Menudo sai do palco e retornapara o bis com uma camiseta branca que dizia “Tu = Yo”, cantando a versão espanhola do single “The Best Thing About Me is You”, e encerra a noite cantando “Maria” pela segunda vez (êta Salsa e Merengue!), mas agora em produção original e não remixada.

Ricky Martin quebrou um tabu da masculinidade latina ao sair do armário no ano passado, ainda com a carreira a todo vapor, assumindo-se plenamente como ícone gay. No entanto, seu público predominantemente feminino, conquistado na fase dos Menudos e outras que o conheceram já em carreira solo, pareciam não se importar com isso e gritavam a cada mínimo movimento que ele fazia com o quadril. O cantor provou assim que assumir-se gay, medo de muita gravadoras e empresários, não é assim tão problemático.

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