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No final dos anos 80 e início dos 90, a cidade inglesa de Manchester foi o grande foco musical do Reino Unido e do mundo.
Esse período foi mais conhecido por Madchester e sua música era uma combinação de indie rock, psicodelismo e dance music. Nessa época surgiram grandes bandas, reconhecidas internacionalmente, como The Smiths, Happy Mondays, The Stone Roses, The Charlatans, The Inspiral Carpets e New Order. Sendo este último um dos grandes destaques da cena musical criada por ali.
Depois que o vocalista do Joy Division, Ian Curtis, cometeu suicídio em maio de 1980, os três membros remanescentes do grupo continuaram na ativa sob o nome New Order. Bernard Summer ficou com os vocais e guitarra, Peter Hook no baixo e Stephen Morris na bateria. Logo mais, a namorada de Morris, Gillian Gilbert, seria recrutada para assumir os teclados. Ainda naquele ano eles lançaram seu álbum de estréia, Movement, juntamente com o single "Ceremony". Em 1981 eles estavam no Top 40 do Reino Unido, mas o legado do Joy Division ainda pesava nos ombros da banda. A linha de baixo de Hook e a bateria incessante de Morris eram a marca registrada do antigo grupo e Summer soava nos vocais como uma paródia de Curtis.
Em 1983, a banda começou a explorar novas tecnologias em sua música e a flertar com o acid house. A imersão na cultura dance, os experimentalismos com os aparatos eletrônicos junto com os elementos marcantes vindos do Joy Division (o baixo e a bateria) e com Bernard Summer encontrando seu estilo de cantar e compor letras, eles descobriram sua identidade.
Ao misturar todos esses elementos, o New Order foi o precursor do electropop e nos presenteou com canções ótimas e estilo inovadores como "Temptation", "Blue Monday", "Bizarre Love Triangle" e "True Faith".
O disco Substance
Bom, feita a apresentação, vamos ao disco em questão, que na verdade é duplo e contém singles e lados-B lançados entre 1980 e 1987. "Ah, nada mais é que uma compilação, um The Best of, não é um disco de verdade?". Sim e não. A questão é, o New Order nunca foi uma grande banda criadora de álbuns, mas uma extraordinária banda de singles.
Substance é um exemplo brilhante de como grupo verdadeiramente bom pode evoluir num curto espaço de tempo e como quatro músicos puderam moldar e definir todo um novo movimento musical.
O disco começa com "Ceremony" (1981), uma canção inédita do Joy Division e que remete ao início da carreira promissora, porém cautelosa da banda. Eles ainda soavam como seu antigo grupo com a única diferença de que a voz ouvida é a de Summer e não a de Curtis. As comparações foram a maior fonte de aborrecimento do New Order naquela época.
Em "Temptation" (1982) é possível notar o vocalista Bernard Summer mais confiante e dá pra perceber também que o som do grupo já tem seu estilo definido. Uma simples canção de três acordes e que utiliza a repetição de batidas e letras, causando um efeito hipnótico e o baixo conduzindo a melodia. Pronto! Aí está a marca registrada do New Order. Você tem um clássico da dance music pós era disco.
"Blue Monday" (1983) inicia o período de flerte com os aparatos eletrônicos. Basta ouvir as batidas iniciais da música, muito rápida, mecânica e calculada. A era da bateria programada. E não é só isso, os efeitos na voz, dos teclados e sintetizadores eram completamente inovadores na época. Quando a canção foi lançada, não havia nada parecido com ela antes. Obviamente ela causou um tremendo estranhamento, admiração e repulsa.
O que se segue no disco são faixas que representam o processo evolutivo da banda, pontos altos que vão além de "Blue Monday", como a romântica "Thieves Like Us" (1984), que já foi tema de filmes adolescentes dos anos 80; o hard-beat misturado com batidas tribais em "Perfect Kiss" (1985); o electro-hip-hop de "Confusion" (1983).
"Bizarre Love Triangle" (1986), que você já deve ter ouvido na versão fofinha do Frente!, é puro electro-pop, melodia agradável e letra que gruda na cabeça (Every time I see you fallin´ /I get down on my knees and pray...) e jogue a primeira pedra quem não cantarolou a música facilmente depois de ouvi-la.
"True Faith" (1987) já dá pistas de como será o som do New Order no futuro. É sofisticado, mais limpo, mas que ainda guarda sua marca registrada.
Além dos singles, o disco 2 está repleto de lados-B com remixes, experimentações e versões instrumentais, que vale a pena ser ouvido para se ter uma idéia de como as versões finais foram construídas a partir dos instrumentais.
Substance - 1987 está acima de qualquer compilação e vale a pena ter na coleção. E se você não tem nenhum disco do New Order, que esse seja o seu escolhido.
Leia
- "New Order & Joy Division: Pleasures And Wayward Distractions", de Brian Edge
- "New Order & Joy Division: Dreams Never End", de Claude Flowers
Assista
- Substance 1989 (Video)
- 24 Hour Party People
Ouça
Movement, Power, Corruption&Lies (1982), Brotherhood, Technique, Low Life, Republic, The Best Of, Get Ready, BBC Radio Live in Concert, New Order & Joy Division - Before and After: BBC Sessions
Trilhas sonoras
Psicopata Americano, Blade, The Wedding Singer, Trainspotting, Threesome, A garota de rosa shocking, Something Wild
Projetos Paralelos
Electronic (Bernard Summer e Johnny Marr), Other Two (Morris and Gillian), Monaco (Peter Hook)
Influências
Joy Division, cultura dance/house music, Kraftwerk
Influenciados
Toda música eletrônica produzida depois do surgimento da banda. Ex: Depeche Mode, Soft Cell, Duran Duran, Information Society...
Mais sugestões dos chefs:
London
Calling
Paranoid - Black Sabbath
Sgt.
Pepper´s Lonely Hearts Club Band -
The Beatles
Pet
Sounds - The Beach Boys
Revolver
- The Beatles
Parklife - Blur
Dois
- Legião
Urbana
Never
mind the bollocks (here´s the Sex Pistols) -
Sex Pistols