Cena de Moonlight: Sob a Luz do Luar (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Moonlight: Sob a Luz do Luar (Reprodução)

Oscar

Lista

30 filmes que explicam o Oscar

Abrindo a temporada, relembramos longas que marcaram a história da premiação

Omelete
40 min de leitura
10.03.2024, às 14H06.

Algumas datas comemorativas, como o Halloween e o Natal, ganharam seu espaço no Omelete com listas de produções que traduzem a essência dessas celebrações nas telas. Agora, nada melhor do que focar em um momento marcante não só para os cinéfilos como para a cultura pop em geral: o Oscar.

Para entrar no clima da cerimônia, que acontece hoje (10 de março), preparamos uma lista com filmes que explicam um pouco mais sobre a história, as categorias e até mesmo as vitórias e derrotas na premiação. Confira abaixo a nossa seleção de 30 filmes que explicam o Oscar.

Central do Brasil

Cena de Central do Brasil (Reprodução)
Cena de Central do Brasil (Reprodução)

Para abrir o nosso aquecimento para o Oscar, a única escolha possível seria com um dos filmes brasileiros que mais marcou a premiação (principalmente na categoria de Melhor Atriz): Central do Brasil

A história do Brasil no prêmio começou há muito tempo, quando Ary Barroso se tornou o primeiro brasileiro a ser indicado pela Academia, em 1945. Mas foi em 1962 que o Brasil conquistou a sua primeira indicação a Melhor Filme Estrangeiro, com o clássico O Pagador de Promessas. Desde então, inúmeras produções brasileiras tentaram conquistar seu lugar na premiação, com O Quatrilho (1995) e O Que é Isso, Companheiro? (1997) concorrendo na categoria de produções internacionais – mas foi Central do Brasil, em 1999, que abriu os olhos do mundo para o nosso cinema.

O longa dirigido por Walter Salles se tornou um marco na história da sétima arte, dando um impulso considerável ao mostrar que produções nacionais deveriam ter o seu espaço no circuito mundial. Até hoje, Fernanda Montenegro é a primeira e única atriz brasileira a ser indicada a um Oscar na categoria de Melhor Atriz, e sua derrota para Gwyneth Paltrow (por Shakespeare Apaixonado) é debatida até hoje. Fernanda pode até não ter levado o prêmio, mas sua indicação serve pelo menos como prova de que ela é, e sempre será, uma das maiores atrizes que já existiram.

Onde assistir? Disponível no Globoplay.

Shrek

Cena de Shrek (Reprodução)
Cena de Shrek (Reprodução)

Sim, Shrek não poderia ficar de fora dessa lista - afinal, o longa dirigido por Andrew Adamson e Vicky Jenson foi o primeiro a vencer a categoria de Melhor Animação no Oscar. 

A história do ogro começou a ser desenvolvida em 1995, com uma ideia inicial bem diferente da que assistimos, com um Shrek que viveria em um lixão perto dos humanos. Em 1998, um software de animação próprio foi utilizado para criar os personagens, juntamente com programas envolvendo CGI e locações reais, que deram mais realismo à produção. 

Com mais de 275 pessoas trabalhando incessantemente durante 4 anos, a animação se tornou um marco na história do cinema por sua qualidade visual, versatilidade e também pelos temas abordados em seu primeiro longa. Apesar de disputar a categoria com Monstros S.A. e Jimmy Neutron, era inegável a popularidade de Shrek dentro e fora da Academia. Sua relevância continua até hoje, como uma das franquias animadas mais amadas por diversas gerações. 

Onde assistir? Disponível no Prime Video, Netflix, Globoplay e mais.

O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Cena de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (Reprodução)
Cena de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (Reprodução)

Nada como um recordista para atiçar nossa curiosidade, né? O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei coroou a trajetória vitoriosa da saga de Peter Jackson no Oscar - após A Sociedade do Anel vencer quatro estatuetas, e As Duas Torres levar mais duas, o terceiro longa adaptado dos livros de J.R.R. Tolkien dominou a cerimônia de 2004 ao faturar nada menos do que 11 Oscars, incluindo melhor filme e melhor direção para Jackson. É uma marca só igualada por outros dois longas na história da premiação: Ben-Hur em 1960 e Titanic em 1998.

O recorde de O Retorno do Rei é mais impressionante, talvez, por se tratar de um filme de fantasia, um daqueles gêneros tradicionalmente ignorados pelo Oscar. Sagas como Star Wars, Star Trek e Harry Potter apareceram pouco ou nada nas listas da Academia com o passar das décadas, enquanto filmes isolados e aclamados, como Avatar, O Labirinto do Fauno, O Tigre e o Dragão, A Invenção de Hugo Cabret e até o clássico O Mágico de Oz chegaram a faturar estatuetas técnicas, mas passaram longe das categorias principais.

O Retorno do Rei é uma das pouquíssimas exceções a essa regra (outra é A Forma da Água, que venceu melhor filme em 2018), e dá para entender o porquê: a produção refinada comandada por Jackson, aliada à força narrativa extraordinária do desfecho da saga de Tolkien, criou uma daquelas obras cuja primazia se torna simplesmente inegável - até por quem costuma se esforçar bastante para negar.

Onde assistir? Disponível no Prime Video e na HBO Max.

... E o Vento Levou

Cena de ...E o Vento Levou (Reprodução)
Cena de ...E o Vento Levou (Reprodução)

A 12ª edição do Oscar foi um banquete para quem é apaixonado por cinema: O Mágico de Oz trazia um respiro para os fãs de musicais; No Tempo das Diligências se tornava um dos maiores clássicos do gênero western; Ninotchka nos brindava com uma atuação divertidíssima de Greta Garbo. Mas somente um filme marcaria a história da premiação (para o bem e para o mal) e não poderíamos deixar de citá-lo - afinal, ele é …E o Vento Levou.

A adaptação do livro de Margaret Mitchell era um prato cheio para os votantes da Academia. Tendo como pano de fundo a Guerra da Secessão, a história acompanha a mimada Scarlett O'Hara (vivida por Vivien Leigh) tentando se reerguer ao lado da família durante o período de confronto entre o Sul e o Norte dos EUA. Com um drama melódico e atuações marcantes, a produção levou 8 das 13 indicações que recebeu. Contudo, a maior e mais importante dessas vitórias foi o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Hattie McDaniel, a primeira mulher negra a levar a estatueta para casa. 

Apesar de ter sido consagrada com o prêmio, a vitória foi um tanto agridoce. Era inegável a alegria da atriz, porém, Hattie foi obrigada a sentar em uma mesa segregada durante a cerimônia e afastada de seus colegas brancos. Foram cerca de 50 anos até outra atriz negra conquistar a estatueta, quando Whoopi Goldberg levou por Ghost - Do Outro Lado da Vida. Se alguma coisa mudou nos dias atuais? A resposta é não: apenas cinco mulheres negras venceram como Atriz Coadjuvante, e só Halle Berry conquistou o prêmio na categoria principal. Apesar de movimentos como #OscarsSoWhite virem a tona nos últimos anos, inúmeros filmes protagonizados e dirigidos por pessoas pretas foram deixados de lado para premiar longas de qualidade questionável, mas que foram feitos por brancos. 

Onde assistir? Disponível na HBO Max.

Infiltrado na Klan

Cena de Infiltrado na Klan (Reprodução)
Cena de Infiltrado na Klan (Reprodução)

Se há alguém com bons motivos para ter ranço da Academia do Oscar, este alguém é Spike Lee. Há muito tempo reconhecido como um dos talentos definidores do cinema dos EUA, o cineasta nunca venceu uma estatueta de direção ou de melhor filme, e antes de Infiltrado na Klan tinha recebido indicações somente em roteiro (por Faça a Coisa Certa) e documentário (por Quatro Meninas). Para piorar as coisas, o clássico absoluto Faça a Coisa Certa ficou de fora da lista de melhor filme em 1990, ano em que o Oscar consagrou o controverso (para dizer o mínimo) Dirigindo Miss Daisy.

Infelizmente, as décadas que se passaram entre 1990 e 2019, ano em que Infiltrado na Klan concorreu a seis Oscars, não trouxeram tantas mudanças assim. Diante da oportunidade de finalmente reconhecer Lee por um dos melhores trabalhos de sua carreira, a Academia escolheu… Green Book: O Guia, mais um filme feito por artistas brancos que aborda o problema do racismo de maneira rasa e pontificadora. Lee saiu com a estatueta de melhor roteiro adaptado, a primeiríssima de sua carreira, mas foi uma vitória amarga.

Isso sem nem considerar que o filme é uma mistura astuta de suspense e sátira sobre um policial negro (John David Washington) que, com a ajuda de um colega judeu (Adam Driver), se infiltra na organização racista Ku Klux Klan para frustrar um atentado terrorista. É uma obra que testemunha a vitalidade de Lee, e que merecia muito mais reconhecimento do que recebeu.

Onde assistir? Disponível no Telecine e no Prime Video.

Sinfonia de Paris

Cena de Sinfonia de Paris (Reprodução)
Cena de Sinfonia de Paris (Reprodução)

Se você achou que nossa lista não traria alguns musicais, sinto informar que Sinfonia de Paris é só o primeiro! Em 96 anos de história, apenas 10 musicais levaram a estatueta de Melhor Filme para casa, e todos eles contribuíram para que tanto a premiação, como o cinema, abrisse portas para a genialidade do gênero.

Dirigido por Vincente Minnelli, o filme protagonizado por Gene Kelly foi o primeiro musical filmado em cores a ganhar na categoria principal, além de outras cinco estatuetas em categorias técnicas. A parceria entre Minnelli e Kelly foi uma importante contribuição para que os musicais atingissem seu ápice nos anos 1950, e foi com Sinfonia de Paris que a dupla conseguiu elevar o triunfo do imaginário sobre o real do gênero e transportar o público para um lugar mágico.

A sequência final do filme é algo à parte: misturando pinturas de Toulouse-Lautrec, Renoir e mais, cenários deslumbrantes pintados a mão e figurinos que parecem ter vida própria, a cena de quase 17 minutos ininterruptos de dança é uma mais bonitas e memoráveis do cinema. Até hoje, o filme é aclamado por vários diretores e referenciado em diversas produções, incluindo o recente La La Land - que, de acordo com o próprio diretor Damien Chazelle, é uma ode a um dos maiores musicais do cinema.

Onde assistir? Disponível para aluguel no AppleTV+.

O Exorcista

Cena de O Exorcista (Reprodução)
Cena de O Exorcista (Reprodução)

Você já se perguntou quantos filmes de terror já venceram o Oscar? A resistência entre os votantes da Academia ao gênero é bem antiga, mais precisamente desde 1932, quando O Médico e o Monstro recebeu apenas 3 indicações ao prêmio (com vitória única para Fredric March, em Melhor Ator). Mas, em 1973, O Exorcista traria ainda mais discussão sobre a falta de inclusão do horror na premiação.

Foi graças ao filme dirigido por William Friedkin que a premiação indicou – pela primeira vez – uma produção de terror para a categoria de Melhor Filme. No caso de Exorcista, o filme concorreu em um total de 10 categorias: Diretor, Design de Produção, Fotografia, Edição e também nas categorias de atuação, com as performances brilhantes e devastadoras de Ellen Burstyn, Jason Miller e Linda Blair. A obra-prima de Friedkin, porém, conquistaria apenas duas estatuetas, uma em Melhor Roteiro Adaptado e a outra em Melhor Som.

É interessante notar que mesmo com toda a aclamação, e sendo um dos gêneros mais populares, o horror continuou sendo deixado de lado quando se trata da Academia. Na história, apenas outros cinco conseguiram a mesma façanha de chegar na categoria principal do prêmio, com uma vitória de O Silêncio dos Inocentes. Mesmo que inúmeros longas de terror fossem extremamente merecedores de conquistar uma vaga na categoria, sempre foi claro que o tema seria ignorado pelos votantes. 

Aos poucos, algumas produções mais recentes até conseguiram furar a bolha dos votantes, que celebraram (ainda que minimamente) longas como Corra!, de Jordan Peele. Mas como ignorar atuações como a de Toni Collette em Hereditário? E o que espera os amantes de horror nos próximos anos? A perspectiva até pode não ser tão boa, mas esperamos que, no mínimo, o trabalho de quem faz bons filmes de terror seja reconhecido como deve.

Onde assistir? Disponível na HBO Max.

Cidade de Deus

Cena de Cidade de Deus (Reprodução)
Cena de Cidade de Deus (Reprodução)

Se Central do Brasil abriu caminho para o cinema brasileiro nas categorias principais do Oscar com a indicação de Fernanda Montenegro a Melhor Atriz, Cidade de Deus terminou de chutar a porta ao ser lembrado pela Academia em Melhor Direção (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani), Melhor Fotografia (César Charlone) e Melhor Edição (Daniel Rezende). Detalhe: isso tudo aconteceu no Oscar 2004, um ano depois de Cidade de Deus ser esnobado pela Academia enquanto representava o Brasil na corrida de Melhor Filme Internacional (na época, ainda chamado de Estrangeiro).

O retorno triunfal do longa de Meirelles e Kátia Lund se deve em parte à campanha agressiva da Miramax, que distribuiu Cidade de Deus nos cinemas dos EUA, mas também ao impacto cultural inegável que o filme foi acumulando durante o ano que se seguiu ao seu lançamento. Premiado em dezenas de festivais, e citado frequentemente por veículos de imprensa internacionais como um dos melhores e mais inovadores filmes de todos os tempos, Cidade de Deus entrou vernáculo pop do mundo todo, e a Academia agarrou a chance de celebrar as conquistas - especialmente as técnicas - do filme e pegar um pedacinho dessa popularidade para si.

20 anos depois do seu lançamento, olhar para Cidade de Deus e seu sucesso é agridoce - afinal, o Brasil nunca conseguiu replicar o êxito do filme no Oscar, muito menos em termos de impacto internacional. Por outro lado, o legado social do filme continua sendo reavaliado pelas pessoas envolvidas nele e pelos moradores das comunidades que ele representa, uma vez que o retrato pop das favelas proposto por Meirelles e Lund nunca foi unanimidade. Para saber mais, acesse nosso especial dos 20 anos de Cidade de Deus.

Onde assistir? Disponível na Netflix e no Globoplay.

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo

Cena de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (Reprodução)
Cena de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (Reprodução)

Nunca um filme tão “fora da caixinha” foi tão bem-sucedido no prêmio da Academia - e o mesmo vale quando falamos de ficção científica. Com sete vitórias ao todo no Oscar 2023, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção (Daniels) e Melhor Atriz (Michelle Yeoh), Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo foi o passo mais ousado que a Academia já deu para tentar provar a sua vitalidade e relevância dentro do contexto do século XXI. Há quem entenda (inclusive, a gente aqui no Omelete) esse aceno à contemporaneidade como um movimento cínico, mas é inegável que Tudo em Todo o Lugarentrou na história do Oscar.

Melhor ainda: fazia muito tempo que um filme tão bom não saía como o principal vencedor da noite mais importante do cinema estadunidense. Com impulso pop irrefreável, os Daniels misturam referências do cinema asiático para construir uma história pulsante de família e resistência ao niilismo que ressoa ainda mais em um mundo diretamente pós-pandemia de COVID-19. Era o filme que precisávamos, que ainda precisamos, e que provavelmente vamos continuar precisando enquanto conseguirmos continuar adiando a nossa extinção.

Ah, e já estava mais do que na hora de Michelle Yeoh ser contemplada com uma estatueta que simbolizasse as décadas de trabalho excepcional que ela vinha fazendo, seja no cinema de ação de Hong Kong ou em papéis coadjuvantes (que frequentemente não a mereciam) em Hollywood. Apenas a segunda mulher não-branca a vencer o Oscar de Melhor Atriz, mais de duas décadas depois de Halle Berry levar por A Última Ceia, Yeoh representa o que a Academia pode fazer de melhor: dar respaldo ao trabalho de gente que vai utilizá-lo para fazer mais arte singular e excelente, e legitimar o espaço ocupado por gente que não tem esse espaço garantido na indústria.

Onde assistir? Disponível no Prime Video.

Branca de Neve e os Sete Anões

Cena de Branca de Neve e os Sete Anões (Reprodução)
Cena de Branca de Neve e os Sete Anões (Reprodução)

Há muito tempo atrás, quando a Academia ainda não possuía uma categoria dedicada apenas para as animações, um conto de fadas baseado na história dos Irmãos Grimm abriria portas para um mundo de possibilidades. Branca de Neve e os Sete Anões não só se tornou o primeiro longa animado da Disney, como deu o pontapé para que filmes animados também conquistassem o seu momento no Oscar.

Para criar o primeiro longa-metragem de animação dos EUA – e vale dizer que o primeiro totalmente a cores no mundo –, foram necessários cerca de 750 artistas criando mais de 2 milhões de esboços, com um resultado de 250 mil desenhos para a criação do filme. Se tudo isso soa absurdo para você, saiba que o pioneirismo da animação não parou por aí. Foi graças a Branca de Neve que inúmeras técnicas de animação começaram a ser utilizadas pelos animadores americanos, como é o caso da rotoscopia. Para criar expressões e movimentos, o estúdio usou modelos vivos, tanto de humanos como de animais, para dar ainda mais movimento e naturalidade para cada um dos personagens.

Toda essa inovação fez com que Walt Disney conquistasse seu lugar na animação americana, e também fez com que o filme fosse indicado na categoria de Melhor Trilha Sonora no Oscar de 1938. No ano seguinte, Disney conquistou um Oscar honorário um tanto “diferenciado”, onde recebeu uma estatueta do Oscar de tamanho normal e mais sete estatuetas em miniaturas. Hoje, é impossível pensar em animação sem lembrar dos grandes sucessos do estúdio, mas também é impossível não falar sobre o amor e a insistência de tantas outras pessoas do ramo para que produções como Shrek, Toy Story, Pinóquio, e tantas outras pudessem se tornar parte da história do cinema.

Onde assistir? Disponível no Disney+.

Mad Max: Estrada da Fúria

Cena de Mad Max: Estrada da Fúria (Reprodução)
Cena de Mad Max: Estrada da Fúria (Reprodução)

Outro gênero pouquíssimo celebrado pela Academia do Oscar é a ação. A última vez que um longa que se aproximou francamente da porradaria venceu a estatueta de Melhor Filme foi Operação França, em 1972 - e nós jamais pensaríamos em desmerecer o clássico de William Friedkin, mas é bizarro pensar que nenhum dos grandes feitos do cinema de ação foram reconhecidos pela maior premiação de Hollywood desde então. Quem teve mais chance de quebrar essa “maldição” foi George Miller e seu inescapável Mad Max: A Estrada da Fúria, que dominou o diálogo sobre cultura pop em 2016 e chegou ao Oscar com nada menos do que 10 indicações, incluindo em Melhor Filme e Melhor Direção.

Mas o dia da cerimônia chegou, e no fim das contas a Academia preferiu o protocolar Spotlight - Segredos Revelados para o prêmio principal da noite, relegando Estrada da Fúria às categorias técnicas. É verdade que foram seis estatuetas ao todo, um número impressionante, incluindo uma vitória surpresa (e muito bem-vinda!) em Melhor Figurino para a incrível Jenny Beavan. Mas reduzir o longa de Miller aos seus muitos méritos técnicos é típico de uma Academia que dificilmente consegue enxergar méritos dramáticos em filmes que ousam ir além de certos parâmetros arbitrários - e, honestamente, meio burros - de gênero e tom.

De qualquer forma, a performance arrasadora de Charlize Theron como Furiosa fez a personagem entrar para o rol das mais marcantes da história do cinemão hollywoodiano - e não é uma esnobada do Oscar que vai mudar isso. Com uma prequel acelerando na direção dos cinemas ainda este ano, a franquia guiada pela visão revolucionária de Miller fica eternizada muito além dos livros de registro da Academia.

Onde assistir? Disponível na Max.

O Silêncio dos Inocentes

Cena de O Silêncio dos Inocentes (Reprodução)
Cena de O Silêncio dos Inocentes (Reprodução)

Já falamos aqui sobre O Silêncio dos Inocentes ser o único longa de terror a levar o Oscar de Melhor Filme, mas a obra de Jonathan Demme tem outra marca importante. Junto com Aconteceu Naquela Noite (1935) e Um Estranho no Ninho (1976), ele completa o trio de filmes que venceram todas as cinco categorias principais do Oscar em seu ano - a saber: Melhor Filme, Melhor Direção (Demme) Melhor Atriz (Jodie Foster), Melhor Ator (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro (no caso, Roteiro Adaptado, para Ted Tally).

É um feito raro não só porque atesta a dominação cultural do filme no ano em que foi lançado, como também porque diz algo sobre quão multifacetada é sua excelência. O Silêncio dos Inocentes adapta o livro de Thomas Harris sobre o serial killer Hannibal Lecter (Hopkins, em uma das performances mais curtas já premiadas na categoria principal) e a detetive Clarice Starling (Foster, que venceu seu segundo Oscar antes dos 30 anos de idade), que se unem para investigar os assassinatos do terrível Buffalo Bill.

A tensão implacável impressa por Demme, junto à densidade do texto de Tally, que confronta a fascinação por serial killers e o machismo do mundo policial ao mesmo tempo e com integridade, fazem de O Silêncio dos Inocentes um dos thrillers de investigação fundacionais do gênero. E não é todo filme que dá papeis tão marcantes para protagonistas de dois gêneros, a ponto de consolidar suas carreiras daquela forma definitiva que pouquíssimos outros astros e estrelas do cinema conseguem - a partir de O Silêncio dos Inocentes, não importava mais o que Hopkins e Foster fizessem: eles sempre teriam lugar no panteão de Hollywood.

Onde assistir? Disponível no Prime Video.

Pantera Negra

Cena de Pantera Negra (2018)
Cena de Pantera Negra (2018)

Os filmes de super-heróis têm uma história mais longa no Oscar do que o público costuma achar - a primeira indicação veio em 1941, quando um curta-metragem de animação do Superman perdeu a estatueta da sua categoria para o Mickey, enquanto o primeiro prêmio veio em 1978, quando o Superman (de novo!) de Christopher Reeve levou um Oscar especial de efeitos visuais, antes mesmo da criação de uma categoria para o trabalho dos artistas de CGI. Batman (1989) venceu um Oscar de Melhor Direção de Arte, Homem-Aranha 2 (2004) ganhou Melhores Efeitos Visuais, O Cavaleiro das Trevas (2008) levou Melhor Ator Coadjuvante para Heath Ledger, Esquadrão Suicida (2016) ganhou Melhor Maquiagem & Penteado, e por aí vai.

A categoria de Melhor Filme, no entanto, seguiu intocada pelas produções do gênero até o Oscar 2019, quando Pantera Negra se apoiou em sua relevância sociocultural e na excelência do diretor Ryan Coogler para chegar à indicação na categoria principal da noite. Foi uma das sete nomeações do longa, que saiu da noite do Oscar com três estatuetas técnicas (as merecidíssimas Melhor Figurino, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora) - ainda a maior contagem para um filme do gênero, ultrapassando inclusive as duas vitórias de Coringa, que recebeu 11 indicações ao Oscar alguns anos mais tarde.

A história recente dos super-heróis no prêmio da Academia fala muito mais sobre a luta da premiação para se manter relevante para o público, e diante das mudanças financeiras de Hollywood, do que sobre a qualidade das produções. Dentro da miopia típica do Oscar, Pantera Negra e Coringa se legitimaram o bastante como “obras de prestígio” para chegar às categorias principais, enquanto outras produções que se apoiam com mais força no cinema de gênero ficaram de fora. É um cabo de guerra que continuará no futuro.

Onde assistir? Disponível no Disney+.

Chicago

Cena de Chicago (Reprodução)
Cena de Chicago (Reprodução)

Chicago não foi o único responsável pelo retorno dos musicais aos holofotes de Hollywood – até porque Moulin Rouge! teve um impacto maior no público do que o longa de Rob Marshall –, mas é impossível não relembrar a importância do primeiro musical a ganhar o Oscar de Melhor Filme desde 1968.

A história de Roxie Hart e Velma Kelly conquistou doze indicações ao Oscar, e trouxe um frescor ao gênero, que não necessariamente era mais uma ode a finais felizes. Com o sucesso de Chicago, que levou seis Oscars para casa, produções como Os Miseráveis, Sweeney Todd, Dreamgirls, La La Land e mais foram vistas com outros olhos pela premiação, sendo finalmente valorizadas pelas suas contribuições para o cinema.

Embora o público moderno ainda tenha resistência quanto aos filmes que são interrompidos por canções, a deslumbrante extravagância das músicas, danças e figurinos de Chicago fazem com que o espectador se sinta parte de uma grande fanfarra. E ainda consiga cantar junto e recuperar o fôlego para a próxima grande apresentação. 

Onde assistir? Disponível na Netflix.

Asas

Cena de Asas (Reprodução)
Cena de Asas (Reprodução)

Essa lista não seria a mesma sem o primeiro vencedor do Oscar de Melhor Filme: o épico de guerra Asas, de William A. Wellman. Lançado originalmente em 1927, a produção foi reeditada em 1928 com som sincronizado, que misturava música e efeitos sonoros de acordo com cada uma das cenas.

E a razão pela qual o filme se tornou o primeiro vencedor da premiação é bem clara, graças ao seu pioneirismo nas questões técnicas e no realismo ao filmar os combates aéreos. Centenas de pilotos e soldados do exército americano se envolveram nas gravações do longa, tanto para supervisionar como participar de sequências específicas, dando a receita de um dos sets de filmagem mais grandiosos da época.

Além disso, o filme estrelado por Clara Bow, Buddy Rogers e Richard Arlen é referência até hoje no quesito edição, equipamentos e fotografia, sendo amplamente referenciado em centenas de filmes e séries ao longo dos anos. Aliás, uma das cenas mais marcantes do filme é quase uma dádiva técnica onde, com a ajuda de uma câmera presa a um trilho invertido, vemos uma tomada ininterrupta de um café, que passa por vários clientes até chegar na felicidade hipnotizante do protagonista.

Apesar de ter sido um tanto ofuscado por ter sido lançado no mesmo ano de O Cantor de Jazz, conhecido como o primeiro filme falado da história, foi graças a Asas que o lado técnico do cinema foi reconhecido pela primeira vez. Sem ele, nenhum filme de Christopher Nolan, Martin Scorsese ou qualquer outro diretor de prestígio atualmente conseguiria criar momentos tão vívidos e marcantes.

Onde assistir? Disponível para aluguel e compra no AppleTV+.

Os Infiltrados

Cena de Os Infiltrados (Reprodução)
Cena de Os Infiltrados (Reprodução)

Foi difícil escolher apenas um filme de Martin Scorsese para figurar na nossa lista de produções que explicam o Oscar, mas no fim das contas a escolha não poderia ser outra além de Os Infiltrados, longa que deu o primeiro (e único) prêmio de Melhor Direção ao cineasta. O drama policial que acompanha um jovem oficial se infiltrando na máfia irlandesa nos EUA se tornou um sucesso entre o público já na época de seu lançamento, e contava com um elenco de peso, com Leonardo DiCaprio, Jack Nicholson, Matt Damon, Mark Wahlberg, entre outros.

Com personagens extremamente complexos e dúbios, performances avassaladoras e uma tensão crescente, o filme é uma aula para o gênero, principalmente na forma como transpõe a tensão para o espectador. É literalmente impossível ficar parado no sofá enquanto se assiste ao filme, seja pela narrativa incômoda, seja pela forma como nenhum dos personagens é confiável e nunca se sabe o que é certo ou errado. A brincadeira de "gato e rato" que Scorsese orquestra em seu filme é envolvente e deliciosa, afinal, você nunca sabe quando o jogo pode virar. 

Um dos maiores crimes da Academia até o momento da 79ª edição do Oscar foi nunca ter premiado o cineasta anteriormente. Somente em 2006 que ele foi consagrado com a estatueta, tendo sido deixado de lado em situações onde comandou, por exemplo, Touro Indomável, Os Bons Companheiros, O Aviador e várias outras produções onde entregou obras acima da média. Hoje, Scorsese é o único diretor na história da premiação que recebeu 10 nomeações ao prêmio e, mesmo que não leve a estatueta para casa em 2024, com certeza continuará sendo um dos maiores de toda a história do cinema. 

Onde assistir? Disponível na Max.

A Escolha de Sofia

Cena de A Escolha de Sofia (Reprodução)
Cena de A Escolha de Sofia (Reprodução)

Impossível falar de Oscar sem falar de Meryl Streep. Com 21 indicações às categorias de atuação do prêmio, ela virou sinônimo da cerimônia da Academia - e, embora sua última nomeação tenha sido em 2018 (por The Post - A Guerra Secreta), mais de meia décadas atrás, ainda é meio estranho ver uma lista do Oscar sem o nome dela entre os concorrentes. Vale lembrar que Meryl não é a intérprete mais premiada da Academia (a honra pertence a Katherine Hepburn, com 4 vitórias), mas ela levou a estatueta três vezes - e a mais marcante provavelmente foi em 1983, por A Escolha de Sofia.

No épico de 2h30 de Alan J. Pakula, Meryl atravessa décadas na vida de uma mesma personagem, começando como uma jovem polonesa que experimenta na pele os horrores da invasão nazista na Segunda Guerra Mundial e acabando na Nova York dos anos 1950, onde ela vive uma relação tempestuosa com um judeu americano (Kevin Kline) e um escritor interessado em contar sua história (Peter MacNicol). É uma performance que supera transformações físicas e linguísticas, mas acima de tudo expressa angústias inimagináveis e traumas profundos de uma forma humana e marcante.

O longa recebeu cinco indicações ao Oscar, a maior parte delas em categorias técnicas - a de Melhor Atriz, para Meryl, acabou atraindo toda a atenção dos críticos, que raramente se lembram de outros aspectos de A Escolha de Sofia hoje em dia. Diante do épico desafiador que é O Franco-Atirador (pelo qual a estrela levou seu primeiro Oscar, em 1979) e da decepção burocrática que é A Dama de Ferro (que lhe rendeu sua terceira estatueta, em 2012), o filme ficou marcado como o maior triunfo de um dos nomes mais indeléveis da história da Academia.

Onde assistir? Disponível para aluguel e compra no Apple TV+ e no Google Play

Parasita

Cena de Parasita (Reprodução)
Cena de Parasita (Reprodução)

Lembra de quando Jane Fonda olhou para a plateia do Oscar 2020 e, com um sorriso de quem sabia o momento histórico do qual estava participando, anunciou que Parasita havia vencido a estatueta de Melhor Filme? Então, a gente era feliz e não sabia! E não é só porque este foi um dos últimos momentos realmente jubilantes de cultura pop antes da explosão da pandemia de covid-19, mas porque o Oscar finalmente reconhecer que um filme produzido fora do eixo EUA-Reino Unido era o melhor do ano é… justica histórica, para dizer o mínimo.

Não nos levem a mal: o longa de Bong Joon-ho é mesmo incrível, uma sátira social afiadíssima e um suspense brilhante ao mesmo tempo, além de estar lotado de interpretações e cenas antológicas (Song Kang-ho foi esnobado na categoria de Melhor Ator). Mas a significância de Parasita na história do Oscar é maior do que seus próprios méritos, servindo como avatar para uma lista gigantesca de grandes longas falados em línguas que não são o inglês, que sempre foram ignorados ou relegados à coadjuvância no prêmio da Academia, muito embora ele se venda como “o maior do mundo”.

Melhor ainda é lembrar que o diretor Bong não perdeu a perspectiva do que aquela vitória significava dentro do grande esquema das coisas. Além de usar um de seus discursos (ele também levou a estatueta de Melhor Direção) para cutucar a reticência do público estadunidense a filmes com legenda, ele deu declarações antes e depois do Oscar em que fez questão de sublinhar que a premiação é “muito regional” diante de outras celebrações de cinema que abraçam muito melhor a pluralidade da produção global. O homem tem um ponto.

Onde assistir? Disponível na Max e no Telecine.

Nasce Uma Estrela

Cena de Nasce Uma Estrela (Reprodução)
Cena de Nasce Uma Estrela (Reprodução)

Nenhum filme marcou tanto o Oscar quanto Nasce uma Estrela, até porque as quatro versões desse drama envolvendo amor e arte foram aclamadas na premiação. Tudo começou em 1937, quando William A. Wellman escreveu a história onde uma jovem sonhadora busca se tornar uma estrela do cinema. Quando começa sua jornada pela fama, a mulher se apaixona pelo astro Norman Maine, mas o conto de fadas logo se torna um pesadelo que custará o amor de ambos.

Logo na 10ª edição do prêmio, a primeira versão da produção conquistou oito indicações, vencendo como Melhor Roteiro Original. A partir dali, essa clássica história seria revisitada mais três vezes: em 1954, com Judy Garland e James Mason (6 indicações); em 1976, com Barbra Streisand e Kris Kristofferson (4 indicações e 1 estatueta); e em 2018, com Lady Gaga e Bradley Cooper. Aliás, foi com a versão de 2018 que a história ganhou um frescor e alcançou um público nunca antes visto para a obra.

A confirmação de Gaga no longa deixou todo mundo ansioso para ver a sua interpretação da protagonista sonhadora, ainda mais por ser após a sua vitória como Melhor Atriz no Globo de Ouro por American Horror Story. A aclamação de sua atuação foi tanta que ela conquistou indicações ao Critics' Choice, Grammy, SAG Awards e outras dezenas de premiações ao redor do mundo. O filme conseguiu também oito indicações na 91ª edição do Oscar, incluindo Melhor Atriz, e uma vitória na categoria de Melhor Canção Original para a cantora.

A nossa única certeza? Que se Hollywood resolver fazer uma nova versão de Nasce uma Estrela daqui alguns anos, ela com certeza será tão aclamada quanto!

Onde assistir? A versão de 2018 está disponível na Max; as de 1976 e 1954 estão disponíveis para aluguel no Prime Video e Google Play, respectivamente; e a versão de 1937 está disponível na MUBI.

Guerra nas Estrelas

Cena de Guerra nas Estrelas (Reprodução)
Cena de Guerra nas Estrelas (Reprodução)

Você sabia que o primeiro Star Wars, originalmente intitulado Guerra nas Estrelas no Brasil (e depois renomeado Episódio IV - Uma Nova Esperança por George Lucas), foi indicado a 11 - sim, onze! - categorias do Oscar 1978? O épico de ficção científica que lançou uma das maiores franquias da cultura pop e redefiniu o blockbuster hollywoodiano foi indicado a Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (para Alec Guinness, o Obi-Wan), mas acabou saindo da cerimônia com “apenas” seis estatuetas técnicas, incluindo Melhor Trilha Sonora para John Williams, Melhor Figurino para John Mollo, e Melhores Efeitos Especiais.

É um tipo de aval que pouquíssimos filmes desse porte, e desse gênero, recebem da Academia. Prova disso é o pouco caso que o Oscar fez das continuações da saga, que permaneceram confinadas a categorias técnicas, e não venceram nem essas - de fato, após o primeiro filme, Star Wars só faturou mais uma estatueta, a de Melhor Som para O Império Contra-Ataca. No fim das contas, o desdém da premiação por franquias (que não sejam O Poderoso Chefão, mas disso a gente fala nos próximos dias) e pelo sci-fi acabou vencendo a apreciação dos votantes pela turma da Nova Hollywood, da qual George Lucas era parte integral.

De fato, é curioso perceber que, dos grandes medalhões da sua época, Lucas é um dos únicos que nunca faturou um careca dourado. Steven Spielberg e Francis Ford Coppola certamente têm os seus - de fato, os dois se juntaram a Lucas no palco do Oscar 2007 para fazer piada sobre isso, enquanto entregavam para outro de seus contemporâneos (Martin Scorsese) o seu primeiro prêmio de Melhor Direção. Que vacilo, hein, Academia?

Onde assistir? Disponível no Disney+.

O Menino e o Mundo

Cena de O Menino e o Mundo (Reprodução)
Cena de O Menino e o Mundo (Reprodução)

Apesar de sempre lembrarmos que o Brasil concorreu ao Oscar com Central do Brasil e Cidade de Deus, nosso país também deu as caras em uma das categorias mais marcantes da premiação: a de Melhor Animação! Sim, já tivemos um representante brasileiro na categoria graças ao longa O Menino e o Mundo, de Alê Abreu.

Um dos pontos que destacam o filme das outras produções que concorreram ao seu lado é a forma como o universo da produção foi criado. Inúmeros cenários divertidos e personagens diferenciados foram criados usando técnicas que envolvem giz de cera, colagem e pinturas, deixando a experiência ainda mais lúdica e com uma sensibilidade extraordinária. Além disso, sons que se diferenciam dos barulhos de verdade também foram adaptados apenas para a produção, tudo isso para deixar a imaginação como o guia do público pelas aventuras do filme.

Mesmo com toda a excelência técnica e de sua história cativante, a animação brasileira enfrentou títulos de peso como Anomalisa, Shaun, O Carneiro, As Memórias de Marnie e Divertida Mente no Oscar, este último sendo o vencedor da categoria em 2016. De qualquer forma, um grande passo foi dado pela história da animação brasileira com o filme figurando em premiações como Oscar, Annie Awards e mais - abrindo espaço para que, no futuro, outras produções animadas do nosso país possam concorrer aos maiores prêmios do cinema.

Onde assistir? Disponível no Globoplay.

Como Era Verde o Meu Vale

Cena de Como Era Verde o Meu Vale (Reprodução)
Cena de Como Era Verde o Meu Vale (Reprodução)

Em 1941, um filme chamado Cidadão Kane estreou nos cinemas e se tornou um das mais celebradas obras da história de Hollywood, uma grande contribuição para a Sétima Arte. Porém, a aclamação foi o bastante para render o Oscar de Melhor Filme no ano seguinte - o vencedor foi Como Era Verde o Meu Vale. É fácil entender a indignação perante a derrota do filme de Orson Welles, principalmente pela atuação impecável do mesmo e a forma como influenciou, tanto tecnicamente como na estrutura de roteiros, as produções que vieram a seguir. Mas o que fez o filme de John Ford ser consagrado como o melhor daquele ano?

Um drama coming of age, Como Era Verde o Meu Vale é muito mais do que "o filme que derrotou Cidadão Kane", e conta a história de uma família de mineiros que vive nos Vales de Gales do Sul. A trama gira em torno de Huw, o mais novo dos irmãos, principalmente quanto ao crescimento da criança na vila, nos relacionamentos de sua família e os efeitos que a busca por minérios causa não só nas estruturas familiares como também na região em si. Aliás, a perda da infância e o desespero da juventude retratados através de experiências traumáticas dos personagens são tratadas de forma sublime por Ford, que também superou Welles e levou a estatueta de Melhor Direção para casa nesse mesmo ano. 

Apesar de sempre estar nas sombras de Cidadão Kane, a obra-prima de Ford merece ser revisitada (ou assistida pela primeira vez), principalmente pela delicadeza que cada um dos temas são abordados, fazendo com que o espectador se sinta parte daquela grande família do interior. E se eu puder te indicar um filme imperdível desta lista, talvez Como Era Verde o Meu Vale seja a opção ideal para quem precisa relembrar um pouco da infância para lidar com as turbulências da vida. 

Onde assistir? Disponível no Star+.

Dia de Treinamento

Cena de Dia de Treinamento (Reprodução)
Cena de Dia de Treinamento (Reprodução)

Somente dois intérpretes negros venceram mais de um Oscar competitivo na história da premiação da Academia: Denzel Washington e Mahershala Ali. O nome de Washington, especialmente, se tornou quase sinônimo de Oscar - se existe um ator que poderia ser definido como “a versão masculina de Meryl Streep”, nós argumentaríamos que é ele. Com nove indicações ao todo, ele levou a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante por Tempo de Glória em 1991, mas só conseguiu ser “promovido” à categoria principal com Dia de Treinamento.

Nas mãos do diretor Antoine Fuqua, que se tornaria parceiro recorrente de Washington (são deles os filmes da franquia de ação O Protetor), o longa escrito por David Ayer se tornou uma plataforma indiscutível para o talento do ator, encarnando um policial corrupto que emana agressividade, mas também eloquência. Com uma mão cheia de discursos inesquecíveis, o terrível Alonzo é o personagem mais shakespeariano no qual Washington havia enterrado suas garras antes de fazer uma literal adaptação de Shakespeare - e ser indicado ao Oscar por isso, diga-se de passagem - em A Tragédia de Macbeth.

A vitória de Washington por Dia de Treinamento também é simbólica porque o Oscar 2002 viu dois intérpretes negros premiados em Melhor Ator e Melhor Atriz (Halle Berry, por A Última Ceia) pela primeira e única vez na história da premiação. Desde então, três outros atores negros venceram a categoria masculina principal da Academia (Jamie Foxx, Forest Whitaker e Will Smith), mas nenhuma outra mulher negra levou Melhor Atriz - tabu que vai continuar em 2024, já que o Oscar decidiu não indicar candidatas fortes como Teyana Taylor (A Thousand and One), Aunjanue Ellis-Taylor (Origin) e Fantasia Barrino (A Cor Púrpura).

Onde assistir? Disponível na Max.

 

Titanic

Cena de Titanic (Reprodução)
Cena de Titanic (Reprodução)

Uma das maiores histórias de amor do cinema, e que conquistou onze (isso mesmo, onze!) de quatorze indicações ao Oscar, não poderia ficar de fora dessa lista! James Cameron até pode tentar transformar Avatar em sua obra-prima, mas foi com Titanic que ele alcançou esse status e também apresentou ao mundo o seu perfeccionismo e foco técnico ao recriar um dos maiores desastres marítimos da história. Se a história do filme surgiu de uma forma simples – como Cameron era apaixonado pelo oceano, ver uma imagem do Titanic fez com que pensasse em uma versão Romeu e Julieta da tragédia–, toda a concepção e a criação de cada um dos detalhes se tornou algo extremamente grandioso. 

Partes do navio foram construídas em escala real para deixar tudo ainda mais verdadeiro, com direito ao convés sendo construído sob uma espécie de dobradiça que conseguia ser erguida de zero a 90º em segundos, assim como no naufrágio de verdade. Peças foram meticulosamente construídas de acordo com imagens e esboços do navio verdadeiro e, para o desespero de várias pessoas da produção - e dos executivos da 20th Century Fox (hoje apenas 20th Century Studios) - um tanque de cerca de 17 milhões de galões de água foi construído para recriar a cena em que o navio finalmente afunda. Mesmo com toda a pressão pelo retorno financeiro, Cameron continuou acreditando no sucesso do filme, e também nas jovens estrelas que fariam parte de seu longa: Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Aliás, foi graças à química formidável da dupla que a produção alcançou o sucesso que tem hoje, e ainda mostrou a Hollywood o seu talento.

Completamente fora do comum, Titanic foi o segundo filme da história do Oscar a ser indicado em 14 categorias (atrás do clássico A Malvada, em 1950), e o segundo a alcançar 11 vitórias, atrás de Ben-Hur, que foi o primeiro a conquistar o feito em 1959. As imagens fascinantes, somadas com um roteiro um tanto quanto simples, fazem desse amor proibido entre dois jovens um dos maiores clássicos do Oscar, e um peso gigantesco na história da Academia.

Onde assistir? Disponível no Star+.

O Poderoso Chefão

Cena de O Poderoso Chefão (Reprodução)
Cena de O Poderoso Chefão (Reprodução)

Tocamos um pouco no impacto da Nova Hollywood no Oscar quando falamos de Guerra nas Estrelas, alguns dias atrás, mas nada supera a chegada de O Poderoso Chefão na premiação da Academia. A obra-prima de Francis Ford Coppola, figura chave dessa geração de cineastas que revolucionou o cinemão comercial estadunidense a partir da década de 70, foi indicado a 11 estatuetas e levou três delas, incluindo a de Melhor Filme e Melhor Ator (Marlon Brando). Compare o épico operático e violento de Coppola com os vencedores de Melhor Filme da década de 1960 (OliverA Noviça RebeldeMinha Bela Dama!), e você vai começar a entender a mudança de paradigma que a Nova Hollywood representou.

Ainda melhor é saber que O Poderoso Chefão: Parte II foi ainda mais fabulosamente bem-sucedido no Oscar do que o primeiro. Com outra vitória em Melhor Filme, a sequência eternizou O Poderoso Chefão como a única franquia a vencer o prêmio principal da Academia mais de uma vez - além de render a primeira estatueta de Robert De Niro, e finalmente dar o prêmio de Melhor Direção para Coppola. Foram seis estatuetas ao todo, deixando clara a dominação exercida por uma geração de cineastas cuja forte ambição autoral fez Hollywood deixar o datado studio system (onde os estúdios tinham o poder de contratar e demitir artistas, e produtores tinham mais controle criativo que diretores ou roteiristas) para trás.

Mas, se tudo isso se aplica, precisamos falar também de O Poderoso Chefão: Parte III, que chegou dezesseis anos depois do segundo filme, encarando uma Hollywood completamente transformada. Sim, é verdade que Parte III é largamente (e merecidamente) reconhecido como o pior dos filmes da saga, mas parte da intensa rejeição que ele sofreu em sua época também teve a ver com o fato de esta ser uma obra completamente descolada de seu tempo. O resultado no Oscar? Sete indicações, incluindo Melhor Filme, conseguidas na força da campanha imponente da Paramount - mas nenhuma vitória.

Onde assistir? O primeiro filme está disponível no Star+ e no Paramount+. O segundo, no Star+ e no Telecine. O terceiro, para aluguel e compra no Prime Video.

Guerra ao Terror

Cena de Guerra ao Terror (Reprodução)
Cena de Guerra ao Terror (Reprodução)

Kathryn Bigelow faz filmes excepcionais desde o começo dos anos 1980. Uma das cineastas que melhor dominam tensão e linguagem de gênero em Hollywood, não é a toa que ela só tenha ganhado a boa vontade da crítica e da Academia quando abandonou a fantasia e o sci-fi por uma história de guerra realista e brutal. Guerra ao Terror se apoiou na relevância social do seu retrato inflexível da realidade no Iraque para surpreender no Oscar 2010 e não só levar Melhor Filme (em cima de favoritos como Avatar e Bastardos Inglórios) como também fazer de Bigelow a primeira mulher premiada em Melhor Direção.

O momento em si já é icônico: Barbra Streisand, repetidamente esnobada pela Academia na categoria de direção, abre o envelope e declara que “chegou a hora” (o “finalmente” ficou subentendido) antes de chamar o nome de Bigelow. Assim como aconteceu com Parasita anos mais tarde, e com tantas outras na história do Oscar, é uma vitória que significou muito mais do que os méritos da premiada - a cerimônia de 2010 foi a 82ª da história do prêmio, o que significa que, nos 81 anos anteriores, a Academia se recusou a premiar nomes que definiram e redefiniram o cinema, como Agnes Varda, Jane Campion, Chantal Akerman, Claire Denis, Ida Lupino, Lina Wertmüller, Julie Dash… enfim, qualquer lista seria insuficiente diante da contribuição gigantesca das cineastas mulheres à sétima arte.

As coisas melhoraram um pouco (ênfase no um pouco) desde então. Chloé Zhao (Nomadland, em 2021) e a própria Jane Campion (O Ataque dos Cães, em 2022) se juntaram a Bigelow no minúsculo time de mulheres vencedoras do Oscar de Melhor Direção, e a categoria normalmente inclui pelo menos uma indicada do gênero feminino nos últimos anos. Mas é claro que não é o bastante - 3 mulheres premiadas em 96 anos? Há muito, mas muito a melhorar nesse número aí, Academia!

Onde assistir? Disponível no Prime Video e na Netflix.

O Artista

Cena de O Artista (Reprodução)
Cena de O Artista (Reprodução)

Um filme completamente mudo, e em preto e branco, em plena década de 2010? Cerca de 84 anos após a vitória de Asas em 1927, a comédia francesa O Artista surpreendeu todo mundo ao conquistar o prêmio de Melhor Filme na 84ª edição da cerimônia da Academia. Mas como um filme que é completamente avesso a tudo que é prezado nos tempos atuais poderia vencer a maior categoria da premiação?

Bem, não é de hoje que Hollywood é fascinada por filmes que falem (e principalmente, aclamem) a própria indústria cinematográfica, então não seria surpresa que O Artista conquistasse pelo menos algumas indicações na premiação. Mas, mesmo com o fascínio por essa metalinguagem no cinema, o que diferencia o filme de Michel Hazanavicius dos outros indicados é a forma simples e inusitada que o filme desabrocha. O melodrama captura o que melhor há no cinema mudo, sua expressividade e também os famosos intertítulos com uma trilha sonora um tanto dramática, e atuações que surpreendem só pelo olhar. Mesmo fazendo referências mais do que bem-vindas a clássicos como Metrópolis, Cidadão Kane, Cantando na Chuva (outro clássico da metalinguagem no cinema) e mais, o filme não depende apenas desses artifícios para criar um ambiente que leva o espectador de 2011 para os loucos anos vinte.

O Artista é uma pequena jóia que muitas vezes é esquecida no hall de vencedores de Melhor Filme da premiação, assim como o sorriso e a performance graciosa de Jean Dujardin e Bérénice Bejo em seu grande ato no final do filme. É como se a verdadeira alma e mágica do cinema fosse revivida nas telas, para que as novas gerações se apaixonem do mesmo jeito que todos os que vieram antes de nós.

Onde assistir? Disponível na Max.

A Malvada

Cena de A Malvada (Reprodução)
Cena de A Malvada (Reprodução)

Ah, nada como uma rinha de artistas para coroar o final da nossa lista e elevar o patamar de performances marcantes do Oscar! E, se você também sentiu falta de Bette Davis por aqui, pode ficar tranquilo. Uma das maiores performances da primeira dama do cinema nunca seria esquecida por nós -  sim, estamos falando de A Malvada

Tudo começou quando o cineasta Joseph Mankiewicz leu uma história real chamada The Wisdom of Eve, onde uma atriz renomada admitia uma jovem fã em sua equipe e era surpreendida quando a garota tentava roubar o seu papel. Ele pensou que daria uma ótima história nas telonas. Após a escrita do roteiro e uma busca árdua para encontrar as melhores opções para interpretar as protagonistas, a equipe escolheu Davis como Margo Channing e Anne Baxter como Eve Harrington. As escolhas não poderiam ter sido mais adequadas, afinal ambos os papéis caíram como uma luva para as atrizes, que entregaram performances surpreendentes e totalmente inesquecíveis: enquanto Davis era uma afiada e sarcástica estrela da Broadway, Baxter conquistou com sua falsa doçura, transformando-a em uma vilã ainda mais traiçoeira e cínica. 

É inegável que o peso das atuações seja o grande carro-chefe do filme, mas a história instigante do lobo em pele de cordeiro conquista desde seus primeiros minutos, e faz com que você se compadeça da jornada não tão invejável de Margo. E quase como um paralelo com a produção, a performance brilhante de Davis não foi escolhida como a melhor daquele ano pela Academia, e nem Baxter, quiçá Gloria Swanson no também clássico Crepúsculo dos Deuses… o Oscar foi para Judy Holliday em Nascida Ontem. Como falamos anteriormente nessa lista, nem sempre os favoritos saem premiados, não é mesmo?

Onde assistir? Disponível no Belas à La Carte.

Ligações Perigosas

Cena de Ligações Perigosas (Reprodução)
Cena de Ligações Perigosas (Reprodução)

É uma pena - para não dizer um ultraje - que o único recorde relacionado ao Oscar na carreira de Glenn Close seja um recorde negativo. A atriz atualmente está empatada com o falecido Peter O’Toole como a intérprete que mais recebeu indicações à premiação sem vencer uma estatueta sequer. Foram oito as performances de Close reconhecidas pela Academia, mas difícil negar que a mais marcante foi em Ligações Perigosas, que a colocou na corrida de Melhor Atriz (eventualmente vencida por Jodie Foster, por Acusados) do Oscar 1989.

O filme de Stephen Frears colocou Close na pele da implacável Marquesa de Marteuil. Junto com seu comparsa, o Visconde de Valmont (John Malkovich), ela planeja arruinar a reputação - e o psicológico - das relativamente inocentes Cecile de Volanges (Uma Thurman) e Madame de Tourvel (Michelle Pfeiffer). Mesmo com um elenco absurdo no topo de seu jogo, declamando um dos roteiros mais afiados dos dramas de época hollywoodianos, Close é o destaque óbvio do filme, criando uma mulher cuja frieza cortante só se compara às emoções que borbulham por baixo dessa fachada, que vem à tona em uma cena devastadora.

Diante do espelho e tirando a maquiagem pesada da alta sociedade francesa do século XVIII, a Marquesa desmorona aos poucos… e Close demonstra controle absoluto da sua arte ao transmitir toda a sua dor sem uma única palavra. Pensar que uma intérprete dessa estatura nunca venceu um Oscar, mesmo que tenha oferecido tanto de si em filmes como Atração Fatal e A Esposa, é enfurecedor. Aqui vai uma torcida: que Close, ao contrário de O’Toole, não tenha que se contentar com o mais famoso “prêmio de consolação” do Oscar - a estatueta honorária pelo “conjunto da carreira”.

Onde assistir? Disponível para aluguel e compra no Apple TV+ e no Prime Video.

Moonlight: Sob a Luz do Luar

Cena de Moonlight: Sob a Luz do Luar (Reprodução)
Cena de Moonlight: Sob a Luz do Luar (Reprodução)

Moonlight: Sob a Luz do Luar é muito maior do que a confusão que marcou a sua vitória em Melhor Filme no Oscar 2017 - mas, para ser bem sincero, a gente meio que ama a confusão também. Por conta de uma troca de envelopes e da hesitação dos apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway, a estatueta foi entregue erroneamente para a equipe de La La Land: Cantando Estações, que subiu ao palco e precisou corrigir o equívoco ao vivo, com o produtor Jordan Horowitz graciosamente chamando os responsáveis por Moonlight para receber o prêmio em seu lugar. Um dos momentos de televisão ao vivo mais absurdos e excitantes deste século, ponto final.

Mas Moonlight merece fechar a nossa lista de filmes que explicam o Oscar também porque é uma daquelas obras-primas que acontecem muito raramente, e que ainda mais dificilmente são reconhecidas pela Academia. Barry Jenkins realiza aqui um filme que merece ser visto e revisto com o passar dos anos, porque se abre em significados e sensibilidades novas sempre que o espectador volta a ele amadurecido, mudado pela vida que viveu desde a última vez que o assistiu. Uma obra que se converte em companheira para uma vida inteira, uma fonte de significados visuais, sonoros, verbais, sociais e emocionais interminável.

Igualmente importante é notar que Moonlight foi o primeiro longa focado em personagens negros e em personagens LGBTQIA+ a vencer o Oscar de Melhor Filme - mais uma daquelas portas abertas pelas quais poucas obras conseguiram passar desde então, graças à teimosia e lentidão da Academia para se adaptar aos novos tempos. Mais simbólico do que isso para definir o Oscar? Impossível.

Onde assistir? Disponível no Prime Video e na Max.

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