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Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

27.02.2004, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H32

Na seção "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

Será que aquele projeto que foi tantas vezes notícia aqui rendeu alguma coisa boa ou foi decepcionante? Quais são as novas séries que estão agitando os leitores americanos? Onde estão surgindo os novos nomes, seja de escritores ou ilustradores?

Vamos conferir aqui, sempre atentos às lojas especializadas americanas, as respostas para estas e outras perguntas.

AQUAMAN 15

Eu não sou o primeiro a dizer isso: Aquaman é um personagem amaldiçoado. Suas séries - já são quatro - nunca conseguiram emplacar e jamais atraíram bons autores. Como aquelas propagandas da Cartoon Network nos levam pensar: qual é a graça (para leitores e criadores) em um cara que fala com os peixes?

Ok, há uma exceção: Peter David virou o herói de cabeça para baixo e só assim conseguiu torna-lo interessante. Entretanto, escreveu tudo que podia e soltou-o de volta ao mundo cruel. Desde então, sem chance: ele é ainda é aquele cara chato que fala com os peixes.

Nesta quarta série, a DC Comics veio com novidade: conseguira pegar Rick Veitch, que há quase quinze anos se recusava a escrever roteiros para a editora. Um tiro n’água, isso sim. Veitch bolou histórias chatas, verborrágicas, e misturou, nas suas últimas edições, a lenda do Rei Artur, valquírias nórdicas, a volta do Arraia Negra e doses obscenas de baboseira new age. Ficou apenas no seu ano contratual e já foi tarde.

Depois de duas edições redigidas por John Ostrander, a DC está investindo para divulgar a entrada de Will Pfeifer nos roteiros. É o cara que está fazendo sucesso com H.E.R.O.. Talvez levante um personagem que - com o perdão do trocadilho - teima em afundar.

Pfeifer começa com calma. Não escreve uma história sobre Aquaman, mas sim uma história com Aquaman: uma onda gigante tira a cidade de San Diego do mapa, e alguém tem que descobrir quem é o responsável pelos milhares de mortos. Só que começar numa série e não escrever sobre o protagonista sempre foi sinal de que o escritor está perdido, não vai ficar muito tempo ou vai levar a revista ao cancelamento. E com um sujeito que carrega maldições editoriais, só se pode pensar no pior.

BATMAN: GOTHAM KNIGHTS 50 / DETECTIVE COMICS 790

Enquanto a série-mãe Batman era agraciada com histórias especiais por grandes nomes (Loeb/Lee, Azzarello/Risso, Winick/Nguyen), as revistas-satélite eram deixadas ao Deus-dará. Então, os editores tiveram sua grande idéia: por que não usa-las de laboratório para novos escritores?

Bem, não tão novos assim.

A.J. Lieberman - que assume Gotham Knights - está escrevendo, sem muito destaque, mas com boas críticas, Harley Quinn faz um ano. E é certamente o mais promissor dos calouros. Sua história pega algumas pontas soltas de Silêncio (o recente sucesso de Jeph Loeb e Jim Lee em Batman) e aparentemente vai penetrar no submundo dos supervilões com boas idéias. Por enquanto, está médio, mas é bom ficar confiante. O novo desenhista, o argentino Al Barrionuevo, também é promissor. Desenha tudo com tranqüilidade e bom estilo.

Por outro lado, você só descobre de onde saiu Anderson Gabrych - que assumiu Detective Comics - pelo Google. Ao que parece, ele é conhecido como ator de filmes para o público homossexual e escreve peças de teatro. Infelizmente, apenas continua o naufrágio de Detective desde a saída de Greg Rucka. Afinal, que critério utilizaram para contratar um cara que nunca escreveu uma revista em quadrinhos e jogá-lo direto numa das séries mais antigas do mundo? Como única compensação, a publicação tem Pete Woods, de Deadpool e Robin, que só progrediu nos desenhos.

Os previews das próximas edições já mostram Detective escrita a quatro mãos por Gabrych e Lieberman, o que é sinal de que o primeiro foi mandado embora.

Sabe quem está faltando pra dar um jeito nisso? Chuck Dixon, que escrevia trezentas bat-histórias médias/boas por mês. Quando é que ele volta?

EPIC ANTHOLOGY 1

Morta no berço.

A antologia que reuniria os projetos desenvolvidos para a linha Marvel Epic por criadores estreantes viu a luz do dia, mas morreu por aqui. Segundo os sites informativos, não haverá segunda edição.

Um resumão: a Marvel relançou sua linha Epic, na qual criadores podiam lançar projetos e manter os direitos sobre os mesmos. convidou muita gente, principalmente jornalistas da área de HQ, para fazer propostas. Criou um cronograma de vários lançamentos. Logo a seguir, desistiu da idéia de dar os direitos aos criadores. Poucos meses depois, mandou às favas todas séries e mini-séries planejadas, condensando algumas nesta antologia. E, agora, jogou a pá de cal.

Não se perdeu muita coisa.

Das três aventuras apresentadas na edição, a mais promissora seria Strange Magic, de Jason Henderson e Greg Scott, sobre uma jovem bruxa. Mesmo assim, roteiro e desenho não atingiram um bom nível em nenhuma das histórias. Há uma mania irritante de seguir o estilo de roteiro-clichê de Hollywood, com aqueles diálogos e situações forçados do tipo olá, sou o personagem principal, gosto disso, não gosto daquilo, vivo aqui, trabalho ali.

Gibi fraco, a gente já tem demais.

THE DEMON: DRIVEN OUT 6

Até o Demônio de Jack Kirby rende-se ao mangá.

Ok, não exatamente um mangá, mas um estilo próximo e, mais importante, no mesmo ritmo do quadrinho japonês.

Jason Blood consegue se livrar de Etrigan com a ajuda de um tecno-mago. O Demônio liberta-se descontrolado e possui o corpo de uma jovem de origem japonesa, braço direito de um dos chefões da Yakuza em Los Angeles. Com a mentalidade punk rebelde da menina, Etrigan começa a usar seus contatos na máfia para trazer o inferno à cidade.

O escritor contratado pela DC para reviver o Demônio é Joshua Dysart, autor do medianamente conhecido Violent Messiahs, da Image. Dysart é bom em idéias, bom em ritmo, bom em diálogos, mas opta pelo que seria a adaptação do personagem para o cinema, com perseguições de carro, explosões, alta tecnologia e essas coisas que insistem em inserir em todo filme de ação.

O desenhista Pop Mhan (Flash) também não colabora. Estilo inconstante, falta de expressão nas personagens, lay-outs paupérrimos. Com um desenhista melhor, a série teria mais chance de sucesso. Assim, ficou só na chamada da última edição, tipo fique ligado, Etrigan pode voltar a qualquer momento para aterrorizar o universo DC. Traduzindo: Ih, acho que não vendemos nada. Manda esse cara de volta pro limbo.

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