É com uma pegada bastante marcada de trama de espionagem moderna - sem falar do parentesco com Orphan Black... - que começa All-New Wolverine, a nova série da Marvel Comics que coloca a clone do falecido Logan, X-23, no papel de Wolverine.
Assassina treinada para matar sem remorso não tem muito sucesso na hora de esconder suas habilidades em público. Persegue um grupo misterioso diante de cartões-postais internacionais, como a Torre Eiffel (que timing infeliz, Marvel...), e no confronto direto com seu oponente termina descobrindo coisas sobre seu passado, coisas que sua mente falha escondia. É o resumo dessa primeira edição de All-New Wolverine, publicada semana passada nos EUA, mas poderia ser a sinopse de qualquer filme de Jason Bourne.
Outro elemento central às histórias de Bourne - e dos filmes de matador em conflito, em geral - é a demonstração de amor como uma forma de desarmar a insensibilidade do assassino e humanizá-lo. Na HQ, essa figura é representada pelo mutante Anjo, parceiro e interesse amoroso da nova Wolverine desde que Brian Bendis juntou o casal ano passado nas HQs dos X-Men. Como tudo em All-New Wolverine #1 que tem um compasso rápido - a ação não dá descanso nem no flashback - a HQ acelera a relação dos dois mas, pelo menos nesse primeiro momento, parece uma química meio apressada.
De qualquer forma, essa subtrama afetiva talvez seja um dos principais elementos que servirão para diferenciar a nova Wolverine do velho. Porque, em termos de ação e arco, não muda muita coisa (com exceção de um ou outro gadget novo, como a lâmina na bota): X-23 já é uma veterana, não passará na HQ por processos de aprendizagem, e seus conflitos de personalidade são muito parecidos com os de Logan - como o próprio explica no flashback. A julgar pela pegada mais Orphan Black/Jason Bourne, é provável que essa nova fase tente deixar sua marca mais pelo gênero escolhido do que pela personagem em si.