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Crítica

Moon Knight #1 | Crítica

Marvel reapresenta o Cavaleiro da Lua em inteligente HQ claustrofóbica

19.04.2016, às 18H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

A Marvel Comics publicou na semana passada nos EUA a primeira edição da nova HQ Moon Knight, uma das últimas que faltavam estrear na fase All-New All-Different da editora, que vem desde outubro passado. E pelo que o roteirista Jeff Lemire e o desenhista Greg Smallwood oferecem, é uma série que parece destinada não apenas a replicar mas também a aperfeiçoar a ideia de que o Cavaleiro da Lua é louco de pedra.

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A trama começa com o vigilante preso num hospício. Segundo os médicos, Marc Spector nunca foi o Cavaleiro da Lua; seus registros médicos dizem que ele é órfão e está internado desde a infância, com distúrbio de personalidade, e no noticiário na TV Spector assiste a um suposto Cavaleiro da Lua patrulhando as ruas de Nova York. Como em qualquer história de hospital psiquiátrico, porém, que representa o sistema que oprime o indivíduo, a meta é fugir - seja Spector demente ou não.

Criado em 1975, o Cavaleiro da Lua sempre passou por variações do vigilante obcecado. Criadores como Doug Moench, Don Perlin, Charlie Huston e, mais recentemente, Brian Bendis e Warren Ellis trataram o herói como uma figura atormentada por seus poderes (Spector se torna o avatar do deus egípcio Khonshu na Terra durante uma viagem arqueológica) e por sua missão. O que Lemire faz é trazer esse gênero da história de hospício à la Um Estranho no Ninho para o primeiro plano, e por ser um ambiente contido, onde nada é o que parece ser, o leitor iniciante não precisa necessariamente conhecer o contexto e os coadjuvantes de Moon Knight para aproveitar a HQ.

A nova série já parece um ótimo ponto de partida, portanto, para conhecer Marc Spector, e as estilosas escolhas visuais de Greg Smallwood ficam na fronteira entre o quadrinho tradicional e o experimentalismo. O desenhista oferece um empolgante exercício de composição que é fundamental para o sucesso do projeto de Lemire.

Primeiro, os quadros rabiscados no começo, na cena do templo que refaz sutilmente a origem do Cavaleiro, transmitem-nos a precariedade do relato do herói. É como se as páginas se assemelhassem às paredes de um hospício mesmo, onde internos expressam suas histórias, mas de um jeito mais controlado. Com o passar das páginas, os quadros vão diminuindo de tamanho e criam uma sensação de claustrofobia que ajuda a nos colocar dentro da história.

As arrojadas elipses de tempo são, porém, a ferramenta central - não só a cada apagão de Spector (que apanha dos enfermeiros e passa pelo clássico eletrochoque) mas na sensação de que às vezes se passam dias entre uma página e outra. Quando teóricos dizem que boas histórias em quadrinhos são contadas nos espaços em branco entre um quadro e outro - porque cabe ao leitor completar os movimentos da narrativa sugerida na página - eles sem dúvida se referem a HQs como esta. E espaço em branco é o que não falta nos quadros claustrofóbicos de Smallwood, que emulam a brancuro de um sanatório.

Como dentro de um cárcere sem janelas, a noção de tempo nos escapa ao longo de Moon Knight #1, e isso acaba ajudando o leitor a se situar mais rápido no ambiente da série, potencializando essa bela reapresentação do personagem a novos e velhos leitores.

Nota do Crítico
Ótimo

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