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Crítica

Quarteto Fantástico - The End is Fourever | Crítica

"Despedida" da série faz só o feijão-com-arroz da velha história de ataque à reputação

06.05.2015, às 18H36.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

É com uma história desconfortavelmente genérica que a Marvel Comics coloca na geladeira a série Fantastic Four - aposentadoria forçada que, nos bastidores, o CEO Ike Perlmutter teria exigido depois que a Fox negou compartilhar os direitos do Quarteto Fantástico no cinema com a Marvel. "The End is Fourever" está longe de ser uma despedida à altura da importância do grupo que inaugurou o Universo Marvel em 1961.

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Por mais que a decisão estratégica tenda a vigorar só durante o período de divulgação do novo filme da equipe - rumores dizem que a Marvel relançará a HQ do supergrupo depois que o longa sair de cartaz ou após o lançamento do Blu-ray - essa história carece de brilho mesmo como desfecho do primeiro arco do escritor James Robinson à frente da série. Pelo visto, a Marvel ainda não encontrou um roteirista capaz não só de herdar mas também de expandir as ideias que Jonathan Hickman trouxe a Fantastic Four na sua bem sucedida fase, entre 2009 e 2012, quando criou a Fundação Futuro e extrapolou os limites criativos do espaço-tempo.

"The End is Fourever" encerra o arco de Robinson iniciado em fevereiro de 2014 em All-New Marvel Now (ou Totalmente Nova Marvel, como a Panini chama no Brasil essa mais recente iniciativa de relançamentos da editora): na história, enfim conhecemos a identidade do vilão por trás dos planos de desmoralizar o Quarteto publicamente. Depois de ver Reed Richards desprestigiado e atrás de um novo emprego, Sue Storm à beira de um ataque de nervos, sem seus filhos, Johnny Storm depressivo e em negação sem seus poderes, e Ben Grimm preso pelo assassinato do Mestre dos Bonecos, o grupo precisa se refazer para combater essa ameaça.

Ah, o bom e velho ataque à reputação... Todo super-herói da Marvel um dia encarou ou vai passar por isso, processo que inevitavelmente termina com uma superação, quando os personagens acham uma redenção para suas culpas e reencontram os motivos do seu heroísmo. Robinson segue essa cartilha no automático, desde a sucessão de tragédias, passando pela revelação do antagonista (o fato de Reed zoar as motivações do vilão Quiet Man fala alto sobre elas) até o clímax apoteótico com superlotação de heróis e algum fan service (como Tundra diz, "não vou perder a oportunidade de aparecer").

Embora a história e o arco como um todo tenham bons momentos - como a edição do julgamento, com flashbacks de autoria de desenhistas vários, contando o passado do Quarteto no melhor estilo "esta é a sua vida" - fica muito aparente, num título como Fantastic Four, quando o roteirista não conhece o suficiente de ficção científica ou simplesmente não tem imaginação para dar conta do fantástico. Robinson se atém a formular situações para expor os poderes dos heróis (colocar o Coisa na cadeia e incluir a infame cena do chuveiro é uma de suas poucas e boas sacadas, nesse sentido).

Ironicamente, não fosse vendido como uma despedida, "The End is Fourever" até funcionaria como uma porta de entrada a novos leitores: faz a função de apresentar os personagens sem recontar a origem que todos já conhecem (não só a edição do flashback no tribunal mas outras relembram passagens importantes do passado, desde quando Reed conhece Sue até o segredo que Johnny mantém de Ben) e não envereda por sci-fi hardcore. Com exceção dos básicos portais interdimensionais, não espere ler neste arco nada sobre complexas reviravoltas de multiverso ou conceitos e aparelhos científicos usados a título de Deus ex machina. Nesse ponto, Robinson está mesmo longe de ser Jonathan Hickman.

Nota do Crítico
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