HQ/Livros

Crítica

The Unbelievable Gwenpool #1 | Crítica

Mercenária que surgiu como piada entre Gwen Stacy e Deadpool ganha vida própria

27.04.2016, às 13H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Dentro da tradição de quadrinhos de Deadpool, a boa e velha metalinguagem é uma das marcas de The Unbelievable Gwenpool #1, e ela vem a calhar para o roteirista Christopher Hastings se eximir de explicar quem, afinal, é a tal Gwenpool. "Eu já vi o Tio Ben morrer mais vezes do que comi rúcula", diz a aprendiz de mercenária. Essa suposta fadiga com histórias de origem é usada aqui como desculpa, e de fato uma HQ cômica como esta prescinde de grandes explicações e, por enquanto, de uma mitologia definida.

None

Depois de uma coadjuvação rápida na HQ de Howard, o Pato e do especial de Natal que saiu em dezembro nos EUA, o que sabemos não é muito: a jovem loira Gwen Poole veio de uma realidade paralela e chega ao Universo Marvel regular acreditando estar dentro dos gibis que costumava ler. Essa premissa metalinguística gera humor porque a personagem (que não é parente de Deadpool nem de Gwen Stacy, embora tenha sido criada como uma piada da fusão dos dois, ano passado) não tem poderes, embora seja ótima autodidata. Ela assume encomendas de mercenário e coloca sua vida em risco porque acredita estar num mundo de faz-de-conta.

O que essa primeira edição de The Unbelievable Gwenpool sugere é que o humor virá menos da hiperviolência, como nas histórias de Deadpool, embora ela esteja presente, e mais da comédia de erros. Como aquelas clássicas figuras de pantomima que acabam, num lance de sorte, fazendo tudo certo ao mesmo tempo em que agem atrapalhadamente, Gwen ridiculariza a pose dos heróis, a eficiência dos matadores e a autoimportância dos vilões. Nesse sentido, a personagem parece longe de se tornar estritamente uma versão feminina de Deadpool, com piadas de conotação sexual de gênero trocado. Se Gwenpool nos ganha, é pela inocência.

Os desenhos do brasileiro Danilo Beyruth, particularmente seu senso cômico na hora de desenhar feições, são o ponto alto do breve prólogo, que na prática só serve para nos apresentar o ajudante hacker de Gwenpool. Hastings se destaca mais na história principal, em que os desenhos do coletivo Gurihiru dão à HQ uma cara mais próxima dos mangás mas não ofuscam o texto. Particularmente, a capacidade de Hastings de surpreender com viradas de roteiro, até o final, torna a leitura bem interessante.

Ainda que o leitor se sinta confortável identificando as piadas internas de The Unbelievable Gwenpool, esta primeira edição não passa a impressão de que já vimos aquilo. A aposta no absurdo, em vilões cartunescos, e na imprevisibilidade da comédia de erros pode sustentar a nova série com folga nesse início - e quem sabe venha por aí, mesmo, uma origem e uma mitologia para Gwenpool chamar de suas.

Nota do Crítico
Bom

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.