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Entrevista

Os Sete | André Vianco comemora nova edição de clássico: “Temos muito espaço a ser conquistado”

Obra de estreia do autor foi relançada pela Editora Aleph

26.08.2016, às 10H56.

Depois de quase duas décadas de seu lançamento, Os Sete, livro de estreia de André Vianco, ganhará uma nova edição. O livro, originalmente autopublicado em 2000 e que ao longo dos anos se transformou em um clássico da fantasia nacional, ganhou uma nova edição, agora pela Editora Aleph. Em entrevista exclusiva ao Omelete, o autor comenta sobre o relançamento e as expectativas de crescimento da ficção nacional.

Omelete: Qual o sentimento em ver seu primeiro livro, com todo o significado que ele carrega, ser relançado por uma editora como a Aleph?

André Vianco: Apesar de tantos anos de estrada, estou muito ansioso. Esse relançamento tem muito significado para mim. A Aleph é uma editora que tem fãs, eu sou um autor que tem fãs. Essa união vai ser ótima.

Omelete: Nos últimos anos percebe-se que as obras de ficção dentro da cultura pop foram marcadas por forte influência de gêneros como terror, ficção científica e fantasia. Você acha que o relançamento dos Sete pode se beneficiar deste movimento?

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Vianco: Sim, sem sombra de dúvida. Além disso, os leitores estão mais receptivos para autores nacionais. Apesar de eu ter cavado esse caminho na marra lá em 2000, ainda sou um autor a ser descoberto por muitos leitores do gênero.

Omelete: Diferentemente de outros autores que escrevem ficção nacional, a sua obra traz uma ambientação no Brasil. Como é esse processo de criação e quais são os principais desafios?

Vianco: É pura birra! Eu sempre me ressenti por Manhattan ser destruída um zilhão de vezes e nada acontecer aqui no Brasil. Dai eu criei minhas feras, meus monstros, para destruir Osasco. Missão cumprida. O pior desafio, no começo, era o preconceito do leitor com obras de terror e fantasia onde as personagens flanavam nesse cenário brasileiro, usando bonés da 51 e falando de problemas que reconhecemos, pernoitando no Rancho da Pamonha para fugir de vampiros e coisas do tipo, mas os meus leitores logo sacaram que o barato das histórias não era onde, mas o que ia dentro dos personagens e logo essa escolha do cenário nacional se tornou um atrativo e não um obstáculo.

Omelete: Fora os vampiros e outras criaturas sobrenaturais, você acredita que tenha algum tema que permeie toda a sua obra?

Vianco: Acho que o que costura tudo que eu escrevo seja a nossa percepção de finitude, o chamado "memento mori". Sou um melancólico de raiz, sempre fui seduzido pela estética do gótico, é onde sinto conforto em transitar com meus textos e sentimentos por mais melodramáticos que pareçam.

Omelete: Você sente que a fantasia nacional, depois de 16 anos de lançamento do livro, é uma realidade mercadológica no Brasil? Você vê isso partindo para outros formatos, como o audiovisual em breve?

Vianco: Eu acho que temos poucos autores e autoras ainda, acho que temos muito espaço a ser conquistado, que esse movimento da fantasia nacional ainda está só no começo. Fico orgulhoso de ajudar a fortalecer o gênero, mas temos muito o que fazer ainda para chamarmos de "nossa literatura de fantasia" a começar por criar uma literatura com mais cara de Brasil e não apenas ficar imitando a forma que vem de fora. Nós, fãs e autores de fantasia, terror e ficção científica, estamos com a faca e o queijo na mão. Agora o leitor escolhe direto na fonte o que quer ler, não precisamos mais da validação de uma editora. Antes escritores sonhavam em aparecer no Jô Soares, na capa da Veja, hoje o bom é estar conectado com o mundo. Estou sempre com a mente ligada em outras plataformas. Ainda sonho com um seriado do Vianco arrebentando.

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