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Crítica

Inferno | Crítica

O inevitável desgaste de uma fórmula de sucesso

03.08.2013, às 14H45.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H03

Dan Brown nunca teve uma escrita de encher os olhos. Ainda assim, a agilidade narrativa e os temas que escolheu para suas obras o tornaram um dos autores mais reconhecidos dos últimos tempos. Essa receita, efetiva em O Código DaVinci e, principalmente, em Anjos e Demônios, no entanto, não funciona em Inferno. A última aventura do professor Robert Langdon não se sustenta com as interpretações sobre a Divina Comédia, de Dante Alighieri, nem funciona como um bom romance investigativo.

Por mais que o título e a ambientação do livro sugiram que a Igreja Católica esteja envolvida na trama, isso não acontece de forma literal. Langdon acorda em um hospital de Florença sem saber como foi parar ali. Ele então sofre uma tentativa de assassinato e começa a se envolver em um enigma que tem como pano de fundo a obra de Aligheri, Inferno. Além da capital do Renascimento, Veneza também se torna palco da aventura, que toma proporções globais.

A descrição dos monumentos e as rápidas explicações que Brown dá sobre os cenários continuam. Os personagens visitam boa parte dos pontos turísticos das cidades e, junto com eles, aprende-se mais sobre cada local - por mais redundante que isso pareça a um experiente professor de Harvard. Por outro lado, mais do que nunca, a escrita do autor norte-americano é feita com o intuito de montar uma sequência cinematográfica para o leitor - frases curtas nas cenas-chave e diálogos longos e explicativos no fim do livro, por exemplo, são comuns.

Como de costume, tirando Langdon, todos os personagens são superficiais ao extremo, com a mínima motivação necessária para qualquer atitude impetuosa. Neste ponto, inclusive, é que está o grande defeito do livro. Por não se pautar em polêmicas religiosas ou uma teoria realmente ameaçadora (a sugerida não tem o impacto e abordagem para tal), tudo se resume à relação entre os protagonistas.

E nada funciona, desde o vilão, que é engenhoso mas vazio, até Sienna Brooks, a insossa parceira de Langdon esta vez. As sequências de ação não causam suspense ou aflição, algo essencial para um romance que pretende passar a sensação do apocalipse iminente. Construir pontes e laços críveis entre o leitor e a trama não é o forte de Brown, nunca foi, mas aqui tudo fica mais evidente.

Inferno pode funcionar com fãs ardorosos, sedentos por revelações inusitadas a dez páginas do desfecho. Esta fórmula se repete, mas consigo traz um desgate à forma como as obras do escritor são realizadas. E mesmo que essa mente criativa consiga entregar um final interessante, a jornada não vale a pena. São muitas cidades e explicações vazias feitas de uma forma modorrenta, sem a inspiração vista em outros sucessos de Brown.

Nota do Crítico
Ótimo
Inferno (2005)
L´Enfer
Inferno (2005)
L´Enfer

Ano: 2005

País: França, Itália, Bélgica, Japão

Classificação: 14 anos

Duração: 121 min

Direção: John G. Avildsen

Elenco: Jean-Claude Van Damme, Pat Morita, Danny Trejo, Gabrielle Fitzpatrick, Larry Drake, Vincent Schiavelli, David 'Shark' Fralick, Silas Weir Mitchell, Jaime Pressly, Bill Erwin, Ford Rainey, Kevin West, Priscilla Pointer, Robert Symonds, Paul Koslo, Brett Harrelson, Jeff Kober, Gregory Scott Cummins, Neil Delama, Lee Tergesen

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