Nas rodas de conversa sobre o mercado de quadrinhos, já começou o burburinho sobre Wesley Rodrigues, o ilustrador e animador do Espírito Santo que venceu o Prêmio Barba Negra. Embora sua obra selecionada ainda não tenha saído, ele já fez sua estreia nos quadrinhos de livraria com Luiz Gonzaga: Asa Branca - O Menino Cantador.
O Rei do Baião faria 100 anos em 2012, que teve entre as comemorações a cinebiografia Gonzaga: de pai para filho. O álbum em quadrinhos saiu no finalzinho do ano, perto da data de aniversário de Gonzagão.
Da capa até a última página, é indiscutível o talento de Rodrigues como ilustrador. As variações de estilo e de técnica - há lápis bem solto, aquarela, giz de cera - combinam bem com a cena em que aparecem. Da mesma forma, o uso de cor - há uma intercalação de cenas monocromáticas e explosões de tinta - respeita o que se quer de cada parte da narrativa.
Narrativa, aliás, muito bem acertada entre desenhista e roteirista. A obra usa pouquíssimos recordatórios (quando aparecem, são desnecessários), preferindo situar cada cena somente a partir de desenhos e diálogos. A variação de estilo e cor dá conta de fazer estas transições, de forma que o álbum não cai naquela chatice de HQ histórica ou biográfica onde o texto tem que explicar tudo. As imagens falam, e falam bem.
O ponto negativo do álbum é que ele termina muito cedo. As 58 efetivas páginas de história se encerram no momento em que Gonzagão atinge o sucesso. Pode-se defender que a história posterior é bem conhecida, ou que a proposta do álbum está cumprida em traçar a ascensão do músico. Mas dá vontade de ver os autores continuarem com a história, nem que fosse só para ver mais daqueles desenhos.
gonzaga
Ano: 2012
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Duração: 120 min