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O Homem de Aço | Mark Waid explica por que não vai receber nada por suas HQs citadas no filme

Autor está contente em ver suas ideias sendo aplicadas no longa de Superman

26.06.2013, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

Desde os trailers, já ficou claro que O Homem de Aço faz bom uso de várias histórias em quadrinhos de Superman - até repetindo textos dos gibis. Estão lá cenas, falas e imagens saídas direto de HQs de John Byrne, que reinventou a origem do Super nos anos 80, e de uma outra versão mais recente da origem do herói, a minissérie O Legado das Estrelas.

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Mark Waid, o roteirista de Legado, foi questionado pelos fãs sobre sua participação no filme: se houve consultoria ou mesmo alguma remuneração por suas ideias nas HQs terem sido adaptadas. Waid respondeu que não ganhou nada - e não vê problema nisso.

"Não, eu não ganho nenhuma compensação financeira por O Homem de Aço, nem Grant Morrison, cujas palavras em Grandes Astros: Superman ganharam a voz de Russell Crowe, nem John Byrne (talvez ele ganhe algo por ter criado o robô Kelex, que é um personagem e não um conceito tipo "salão cheio de embriões kryptonianos"), tampouco outros roteristas e desenhistas (fora os criadores Siegel e Shuster) cujas contribuições ao mito Superman foram utilizadas no filme. E tudo bem. Não é o ideal, mas a gente sabia das regras quando topou o serviço. Por mim, sinceramente, meu sorriso quando ouvi as frases de O Legado das Estrelas no trailer - a confirmação de que eu havia dado algo de duradouro a um personagem que me deu tanto - vale mais do que qualquer quantia em dólar", escreveu Waid no blog de seu site Thrillbent.

Leia a crítica de O Homem de Aço

Waid faz um histórico do posicionamento da indústria de quadrinhos dos EUA quanto às recompensas que autores recebem pela criação de personagens, quando os mesmos viram filmes, desenhos animados, bonequinhos e assim por diante. Desde os anos 80, os contratos da DC Comics preveem participação nos lucros, mesmo que mínima, quando são aproveitados personagens. Waid diz, por exemplo, que por ter criado o personagem Impulso, ele recebe "uns duzentos, trezentos dólares quando lançam uma action figure e alguns centavos por coletânea ou venda digital; somando tudo, dá um bom jantar a cada dois, três meses", diz. Chuck Dixon, que já escreveu histórias de Batman, recentemente mencionou que teve participação nos lucros de Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge por ter sido um dos criadores de Bane.

A DC, porém, tinha outro programa de compensação instituído pelo publisher Paul Levitz, que dava dinheiro aos autores por ideias, tramas ou diálogos reaproveitadas em filmes ou similares. Waid exemplifica que o roteirista Christopher Priest ganhou um cheque porque a cena de Batman Begins na qual Bruce Wayne escala uma montanha segurando uma flor havia sido tirada de uma HQ escrita por ele.

Essa última forma de compensação não era prevista em contrato; Waid especifica que era uma "cortesia" de Levitz, e que deixou de acontecer assim que este deixou o cargo em 2009. "Muito de vez em quando, gente (como Levitz) dentro de uma empresa consegue trazer uma versão pessoal de ética e briga para que se façam gestos que não visam lucro mas que têm benefício financeiro duradouro. O que a gente precisa entender é que, quando isso acontece, é uma falha no sistema (...) Ficar irritado porque isso não acontece com mais frequência me parece uma perda de tempo, pois, de início, é uma coisa que não devia acontecer."

No regime atual da DC, o autor diz que não vai receber nada por Justice League: Doom, longa animado que saiu em 2012, levemente inspirado numa história da Liga da Justiça que ele escreveu. Embora a trama tenha sido reaproveitada, o longa não tinha nem o mesmo nome da HQ. Por outro lado, Frank Miller recebeu pelas animações baseadas em Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano Um.

Waid aproveita para colocar que, embora adore trabalhar com os personagens das grandes editoras, os autores devem estar cientes das regras a que se submetem e que não adianta se irritar. E sugere que, se querem ver mais lucro em torno de suas criações, que apostem em criações próprias - como as que o próprio Waid faz no site de quadrinhos digitais Thrillbent.

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