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Crítica

O Amuleto vol. 1 | Crítica

Embora deslumbrante, álbum de Kazu Kibuishi segue os clichês da fantasia infantil pós-Harry Potter

05.07.2013, às 14H04.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 00H04

J.K. Rowling e Harry Potter, mais do que merecidamente, conseguiram fazer os editores de livros lembrarem de que a boa literatura infanto-juvenil não deve esconder das crianças as tragédias, os medos e as emoções mais pesadas que fazem parte da vida. E o mercado editorial ainda vive uma ressaca de Harry Potter, tentando encontrar fórmulas para alguma coisa que atinja as cifras do bruxo órfão.

Enquanto os livros de prosa infanto-juvenil são os mais afetados por essa tendência de mercado, há um segmento de quadrinhos para o mesmo público que também tenta entrar nesse esquema. É aí que se encaixa O Amuleto (Amulet) - série que, não por acaso, é publicada nos EUA pela mesma editora da Harry Potter, a Scholastic.

O Amuleto 1 - O Guardião da Pedra já abre com uma tragédia: os irmãos Emily e Nevin perdem o pai num acidente de carro. A cena é tensa e acaba ancorando um tom mais triste ao resto do álbum. Dois anos depois do acidente, os irmãos e a mãe mudam-se para a casa do falecido bisavô. É lá que encontram um portal para outro mundo.

Apesar deste mundo paralelo conter robôs, bichinhos falantes e até o bisavô que todos consideravam morto, o que mais se encontra passando o portal são perigos: criaturas rastejantes, monstros cheios de tentáculos - um deles rapta a mãe das crianças - e um vilão de cicatriz no rosto com propósito mal esclarecido, por enquanto.

Kazu Kibuishi, criador e faz-tudo da série, é ilustrador de mão cheia. Com experiência em animação, seus traços, suas cores e sua imaginação visual são de encher os olhos. Ele repete em O Amuleto o que fazia como editor na antologia Flight: HQs com paisagens deslumbrantes, personagens fantásticos e, enfim, ilustração belíssima.

No roteiro, porém, Kibuishi parece estar atado aos clichês que se sedimentaram na literatura infanto-juvenil (e, por conseguinte, no cinema infanto-juvenil) pós-Harry Potter: personagens da mesma idade do público-alvo que se metem num mundo fantasioso, cheio de perigos mortais e sombrios. Tudo para ativar o medo nas mentes impressionáveis.

"Sombrio", voltando à arte, é palavra-chave: parece que o autor se esforça demais para mostrar que seu mundo, apesar do desenho fofinho, não é condescendente com as crianças.

O Amuleto sem dúvida vale pela arte, tecnicamente perfeita e com boas ideias. Mas falta vigor e entusiasmo no roteiro. De qualquer forma, a série já teve o segundo e o terceiro volume lançados no Brasil. O sexto já está encaminhado lá fora. Quem sabe ganhe mais impulso depois.

Detalhe importante: as editoras brasileiras pouco acostumadas a HQs tendem a manter distância de graphic novels coloridas porque o custo final de impressão costuma subir demais. A Fundamento conseguiu chegar a um preço adequado (menos de R$ 30) aos volumes da série, o que é louvável.

Nota do Crítico
Bom
O Amuleto (2014)
O Amuleto
O Amuleto (2014)
O Amuleto

Ano: 2014

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 80 min

Direção: Nelson Pereira dos Santos

Elenco: Ney Santanna, Anecy Rocha, Joffre Soares, Maria Ribeiro, Bruna Linzmeyer, Michel Melamed, Maria Fernanda Cândido

Onde assistir:
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