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Crítica

Vigor Mortis Comics | Crítica

As histórias da companhia teatral inspiradas nos quadrinhos voltam à sua mídia, em troca sangrenta

14.07.2011, às 00H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 00H00

Existem quadrinhos teatrais, mas são poucos os quadrinhos que podem se dizer de teatro. Vigor Mortis Comics se encaixa nas duas categorias. São as HQs que acompanharam as peças produzidas pela companhia teatral Vigor Mortis, que quase sempre inspiram-se nos quadrinhos ou no lado mais sangrento ou noir da cultura pop.

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"Oswald Apaixonado"

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"Ursula Unchained"

As histórias fazem parte das peças de várias formas: são os personagens da trama em outras situações, são histórias apenas citadas na peça, são as HQs que a personagem quadrinista desenha... Ou uma mistura de tudo. O que interessa é trazer a inspiração nas HQ - essência da companhia de teatro curitibana - de volta às HQs, uma troca que a companhia já havia experimentado com o cinema em Morgue Story.

O álbum que sai pela Zarabatana reúne oito histórias. José Aguiar (Quadrinhofilia, Folheteen, O Gralha) e DW Ribatski (quadrinista em ascensão que este ano ainda lança Campo em Branco, com Emílio Fraia) revezam-se nos desenhos, enquanto os roteiros são divididos entre Aguiar e o dramaturgo Paulo Biscaia Filho, cabeça da Vigor Mortis.

Sangue, tripas, cabeças decepadas, perversões sexuais, assassinos, zumbis e outros típicos convidados das histórias de terror comparecem a todas as páginas - que apropriadamente só usam preto, branco e vermelho. O diferencial é o humor. A primeira história, "Oswald Apaixonado", é exemplar: o zumbi Oswald encontra uma namorada, mas descobre que as taras dela incluem acessórios e posições que constrangeriam qualquer necrófilo. Coisa fina.

As histórias mais divertidas do álbum são "Corra, Cataléptico, Corra" - sobre o vendedor de seguros cataléptico que de uma página para outra pode acordar no necrotério - e "Ursula Unchained". Nesta última, é o grid das páginas e os planos, dos mais fechados aos abertos, que ditam o ritmo da trama de uma atriz pornô raptada por um fã.

Um dos aspectos mais interessantes em Vigor Mortis Comics é lembrar que, poucos anos atrás, era preciso garimpar muita HQ indie para encontrar boas histórias como as de Aguiar, DW e outros. Ver esse material em livro, em livrarias, com uma apresentação legal, é sinal de que o nosso mercado de HQs não só fica mais interessante como publica histórias B sem pudor.

Nota do Crítico
Bom

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