Seu Jorge trocou bebida por chá e lembra ajuda de Frejat no início da carreira

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Seu Jorge trocou bebida por chá e lembra ajuda de Frejat no início da carreira

Ator e cantor fala sobre série do Anderson Silva no Rio2C

Omelete
4 min de leitura
14.04.2023, às 17H04.

Parte do elenco da série Anderson Spider Silva, que estreia em breve no Paramount+, Seu Jorge está mais do que versado na arte de contar histórias reais na cinema ou na TV. Nos filmes Pixinguinha, um Homem Carinhoso e Marighella, o cantor e ator interpretou os papéis principais. No streaming, ele vai viver o tio do lutador.

"São três homens pretos potentes. Pra mim, isso traz força pra continuar acreditando nas coisas que eu acredito. O privilégio de representar essas vidas, de ajudar a contar essas histórias, é uma coisa que jamais imaginei na minha vida. Vou contar uma coisa pra vocês, quando eu entrei na música foi um ato de desobediência", declarou ele, durante o painel da Paramount no Rio2C nesta sexta-feira (14). Segundo ele, o que costumava ouvir da própria família era que "arte não levava a lugar nenhum".

"Lá em casa, eles tinham uma preocupação maior, que era fazer com que eu chegasse no caminho do trabalho, da estabilidade. E a arte é o contrário disso, você vive do que inventa. Você faz aqui, executa em outro lugar. E meu povo não entendia isso, foi uma resistência muito grande", recordou. "Enveredar por esse caminho foi um ato de desobediência, porque o normal pra mim era obedecer essa normativa de se manter com o sonho castrado. Meus amigos, não façam isso. Caixão não tem gaveta, a gente não leva nada."

Em seguida, Seu Jorge traçou um paralelo entre sua trajetória e a de Anderson, dois talentos em busca de oportunidades e reconhecimento.

"Anderson Silva tinha muita convicção do valor, do talento, da qualidade que ele tinha. Nas suas primeiras lutas, em cada entrada no ringue, olha dentro do olho dele. Inabalável. Ficava claro que aquela pessoa estava pronta. Mas, pra subir lá, com essa confiança, tem que estar estruturado com uma força muito grande, que é a força do sonho e o prazer da realização", afirma.

Uma grande realização que teve na música, aconteceu ainda nos tempos do grupo Farofa Carioca, com a ajuda do amigo Roberto Frejat.

"Meu sonho, até aquele momento, era me ouvir no rádio. Uma vez só, não precisava ser sempre. Prometi pra mim: um dia eu ia ouvir minha voz no rádio. O Frejat me ajudou a gravar uma [fita] demo com quatro músicas. Ele juntou um pessoal de gravadora pra ver a gente no Balroom [casa de shows no Rio, fechada em 2005]. E no dia ele falou: vai tocar na Rádio Cidade", contou. 

Cheios de expectativa, eles foram para o estúdio. Frejat falava com alguém da rádio quando a confirmação veio: era a próxima música na programação. "Quando tocou, saí gritando, olhando pro céu agradecendo. Pode nunca mais tocar, mas eu ouvi minha voz no rádio", disse, sob muitos aplausos.

Cerca de 25 anos depois, com muitos álbuns, shows, filmes e séries no currículo, Seu Jorge hoje se permite sonhar em vários tipos de criações.

"Ain't no Sunshine", que ele gravou para a série, foi ensaiada no estúdio de TV que começou a construir em casa, numa garagem ociosa, durante a pandemia. Inicialmente, a ideia era ter um espaço para a música, mas surgia ali a possibilidade de gravar lives e, com o passar do tempo, o projeto ficou mais ambicioso: hoje é o seu "afrobunker".

"Não tem volta. Agora já gastei um monte de dinheiro", brincou. "Quero fazer um programa de música, debate, entrevista, quero fazer uma revista [eletrônica] sobre notícias do Brasil e do mundo, uma vez por semana discutir questões como economia, geopolítica, essas coisas. Mas vai ter música variada, porque vivemos num país de muita diversidade, de muita pluralidade", disse ele, defendendo a criatividade como uma "revolução afetiva".

Seu Jorge também protagonizou momentos divertidos no evento, como quando explicou que não conseguiria dar uma canja ao vivo pela manhã.

"Eu não armei nada, não vim nem com caixa de fósforo (risos). E outra coisa que é importante dizer. Eu fui agraciado por Deus com esse instrumento chamado corda vocal. Só que de manhã é um negócio complicado. Eu não sou digital, sou valvular. E válvula você tem que esquentar", brincou. "Acordo [com a voz] grave, até atingir a região média, tem que comer um monte de coisa, falar pra aquecer. esperar."

Uma rotina de disciplina que ele não segue à risca, ao contrário do amigo Alexandre Pires, com quem divide a turnê "Irmãos".

"Faz aquecimento, come maçã, faz flexão... E eu, não, eu fumo cigarro na cara dele (risos). Mas eu mudei, agora estou bebendo chá. Parei de beber, já não bebia muito, agora parei", afirmou. "É a única coisa legal que eu faço, o resto... Não durmo, como mal, não ensaio também. Mas tá tudo certo, é o meu jeito. Agora o Alexandre, todo certinho. É um bom garoto!".

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