Segundo ano de Bel-Air

Créditos da imagem: Segundo ano de Bel-Air

Séries e TV

Crítica

Bel-Air noveliza segunda temporada e abandona muletas da série original

Reboot de Um Maluco no Pedaço encorpa sua trama e enfim trilha seu próprio caminho

Omelete
3 min de leitura
25.07.2023, às 15H38.

Quando estreou, em 2022, Bel-Air atiçou a curiosidade de muitos fãs de Um Maluco no Pedaço por subverter a sitcom original dos anos 1990, que tratava de temas complexos de modo irreverente e descontraído. A ideia de Bel-Air era buscar mais seriedade e menos irreverência, e atrair por esse contraste com o original. Agora a série, como seria de esperar, fica cada vez menos dependente da trama original.

No segundo ano, Bel-Air reorganiza seu foco e traz a família de Will para mais perto. Com os episódios cada vez mais novelizados, acompanhamos o desenvolvimento de dramas individuais. No caso do protagonista Will Smith (Jabari Banks), vemos sua evolução pessoal e seu desejo de trocar o time da escola por uma grande equipe de basquete amador. Durante esse processo ele conhece o empresário Doc Hightower (Brooklyn McLinn) e a sobrinha dele, Ivy (Karrueche Tran). Rapidamente, Doc se mostra uma figura perigosa na vida de Will, enquanto a jovem se torna o interesse amoroso do jovem da Filadélfia.

Enquanto isso, vemos Carlton (Olly Sholotan) encarando seu futuro profissional e retornando ao seu problema com drogas; a pressão que ele sofre em casa o empurra de volta para as péssimas companhias. O retorno de um antigo caso de Phill (Adrian Holmes) também movimenta o clima na mansão Banks, aumentando a tensão dele em relação aos problemas da empresa e de Vivian (Cassandra Freeman) com sua arte. Ashley (Akira Akbar) sofre com a demissão de uma professora negra, interpretada por Tatyana Ali — a Ashley original.

Essa colisão entre os atores da série dos anos 90 com seus personagens do reboot é um grande trunfo do drama. A relação entre “as Ashleys” é fundamental para o desenvolvimento da jovem personagem e também para reanimar a relação entre Will e Carlton. No núcleo adulto da família, temos ainda a colisão entre as “tias Vivian”. Enquanto a personagem do reboot tenta colocar em prática uma exposição de arte moderna, Daphne Reid, a segunda tia Vivian da sitcom, retorna como Janice, a diretora da fundação que abrigará a exposição. Nesse processo, as personagens acabam digladiando com fineza e classe.

É com essa dinâmica que Bel-Air cria personagens fáceis de amar e odiar. Mesmo com o drama e as críticas sociais sem meias-palavras, a produção cria um ambiente confortável e convidativo tanto para quem lembra das situações com o elenco original quanto para quem está chegando agora no mundo de privilégios e desafios do choque cultural do bairro de Bel-Air. O roteiro cativa até nos problemas triviais e supérfluos do elenco mais afortunado da série.

Passada a euforia da primeira temporada, quando a graça era acompanhar como a história de Will seria recontada numa chave dramática, a séria começa a caminhar com as suas próprias personas, respeitando a trama original, mas sem a necessidade de referenciá-la constantemente. O ano dois se mostra mais maduro e autoconsciente, sabendo medir os passos que pretende dar no futuro. Sem medo de perder as amarras da referência, Bel-Air justifica as escolhas narrativas que fez — a decisão de inverter a comicidade do original nunca deixou de ser arriscada —, valoriza seus personagens secundários e se firma no seu próprio caminho.

Nota do Crítico
Ótimo
Bel-Air
Em andamento (2022- )
Bel-Air
Em andamento (2022- )

Criado por: Will Smith

Duração: 2 temporadas

Onde assistir:
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