Séries e TV

Entrevista

The Knick | Elenco fala sobre cérebros realistas, o bigode de Clive Owen, expectativa de vida e muito mais

Segunda temporada estreia em 16 de outubro

17.10.2015, às 10H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Apesar de ser ambientada na virada do século, The Knick traça muitos paralelos com o mundo atual. Mesmo que tenhamos evoluído consideravelmente na frente médica, socialmente as coisas ainda caminham a passos lentos rumo a igualdade. Em entrevista com o elenco, conversamos com Clive Owen, André Holland, Michael Angarano e Eve Hewson sobre as mudanças do primeiro ano para o segundo, como é trabalhar com Steven Soderbergh e muito mais.

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Assim que Owen chegou, a primeira pergunta foi: cadê o bigode? "Antigamente, você tinha que esperar pelo ok da produção. Então ao terminar de gravar uma cena, se tivesse um corte de cabelo em particular, eles pediam que não fizéssemos nada até que tudo fosse checado. Era um dia ou dois [que demorava até tudo acontecer]. Hoje, com tudo sendo feito digitalmente, as coisas podem ser revistas instantaneamente. Nas duas temporadas, no exato minuto que eu terminei de gravar... [risos] Agora já é como um ritual, vou para o meu quarto e tiro o bigode", explicou o ator, dizendo que nem ele, nem sua esposa, gostam muito de sua presença.

Owen contou que a escolha de usar um bigode foi originalmente sua: "Nas pesquisas que fiz, eu li um livro sobre um médico daquela época e sua esposa descreveu que beijar alguém sem bigode era uma sensação esquisita", contou. Ele disse que pelos no rosto eram prevalecentes, então era estranho se você não tivesse. "E aí foi só uma questão de encontrar algo que fosse meio presunçoso. Eu não queria algo grosso e pesado porque não parecia certo, então decidi seguir em frente com o bigodinho fino e arrogante", encerrou.

Ainda sobre o estilo dos anos 1900, Eve Hewson explicou que as roupas que a enfermeira Elkins usa são "muito desconfortáveis". "Não dá pra sentar direito. Mas ao mesmo tempo é muito bom porque ajuda a te colocar dentro do personagem", explicou. Hewson disse também que era engraçado, ao final do dia, ouvir os suspiros de alívio vindo dos camarins femininos quando as atrizes são libertas de suas vestimentas.

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Assim como todos os dez primeiros episódios, Steven Soderbergh retornou para a segunda temporada da série no comando de todos os novos capítulos. "É raro conseguir um diretor que dirija uma temporada completa de qualquer coisa, mas é ainda mais raro que um diretor dirija duas temporadas", explicou Holland, que confirmou que podemos esperar mais cirurgias grotescas no segundo ano. "O que ele está fazendo, especialmente nos episódios finais, é incrível. No fim do dia, ter apenas uma pessoa comandando tudo nos permite ir mais afundo nos personagens e deixa a série melhor", disse o ator.

O curioso no trabalho de Soderbergh em The Knick, no entanto, é que o cineasta tinha acabado de anunciar sua aposentadoria do cinema quando decidiu que comandaria esse novo desafio. "Steven me ligou e eu amo o trabalho dele, mas não tinha certeza se eu queria fazer uma série de dez horas", contou Owen. "Aí eu li o primeiro roteiro e eu sabia. Não tinha jeito, eu tinha fazer. Ele teve uma reação bem similar. Ele anunciou que ia se aposentar, quatro semanas depois alguém mandou um roteiro para ele e ele decidiu fazer dez horas de TV. [risos] É isso que um ótimo texto pode fazer."

Não somente Owen, mas todos os atores tinham coisas boas para falar do trabalho de Soderbergh, principalmente sobre sua liberdade criativa no set: "Ele só te dirige quando você precisa, ele é muito honesto e eu acho reconfortante ele ser assim porque se você errar de qualquer forma, ele estará ali para te ajudar e te deixará fazer a cena novamente", contou Hewson. Enquanto isso, Angarano explicou que Soderbergh delega uma certa responsabilidade por ser muito liberal com a direção. "Ele contrata o ator com a esperança de que ele saberá o que está fazendo, ele mexe pouco na sua performance. Isso é muito emocionante", contou.

Uma questão que não poderia ficar de fora eram os corpos e próteses usadas nas cirurgias do Knickerbocker. "É muito assustador. Se você visse esses corpos... Até o cabelo, dá pra ver cada fio crescendo da cabeça. É uma loucura. Eu não me dou com sangue, então foi complicado", confessou Holland. Owen se lembrou de uma cena de cirurgia com um cérebro, dizendo que "eles fizeram com um mecanismo que fazia com que ele se mexesse e pulsasse... Parecia totalmente convincente".

Hewson, por sua vez, se lembrou de um momento na primeira temporada: "Quando nós amputamos aquele braço, eu estava segurando enquanto Clive cortava... Dava pra sentir onde ele estava serrando. O músculo, quando encostou no osso... Foi muito nojento." Holland disse ainda que um hospital de Nova York, contente com a veracidade dos moldes produzidos pelos especialistas da série, entrou em contato para encomendar corpos em que os estudantes de medicina possam estudar anatomia humana.

Sobre as semelhanças de The Knick e os momentos pelos quais passamos atualmente, todos mencionaram as questões raciais, de gênero e imigração, mas Owen foi um pouco além, comparando ainda a medicina da época e seus profissionais. "O que é um pouco preocupante é que eu falo com alguns médicos e quando eles me perguntam sobre o que é The Knick, eu digo que interpreto um cara, durante os anos 1900, que é um médico brilhante e viciado em drogas. Então eles me respondem 'mas o que mudou?'", contou o ator.

The Knick retorna com episódios inéditos em 16 de outubro no canal pago Max.

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