Filmes

Artigo

V de Vingança - Exclusivo: Entrevista James McTeigue

V de Vingança - Exclusivo: Entrevista James McTeigue

06.04.2006, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

James McTeigue

V de Vingança
V for Vendetta


EUA, 2006
Ficção - 132 min
ESPECIAL

Direção: James McTeigue
Roteiro: Andy Wachowski &
Larry Wachowski, baseados em HQ de Alan Moore e David Lloyd

Elenco: Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, John Hurt, Roger Allam, Sinéad Cusack, Stephen Fry, Rupert Graves, Ben Miles, Tim Pigott-Smith, John Standing, Natasha Wightman, Clive Ashborn





Quando assumiu a direção de V de Vingança, James McTeigue era apenas um assistente de direção. O diferencial é que ele havia trabalhado em Star Wars Episódio II e na trilogia Matrix. Com todo o apoio que recebeu dos irmãos Wachowski, que lhe deram apenas o roteiro de uma das melhores histórias escritas por Alan Moore, McTeigue deixou para trás o antigo posto e assumiu de vez a cadeira do diretor. Leia agora uma entrevista cedida com exclusividade ao Omelete pela Warner Bros.

Com a sua experiência de primeiro assistente de diretor, qual tipo de assistente de diretor você teve agora que está no comando?

James McTeigue: Tive um muito bom! Trabalhei com um cara chamado Terry Needham, que foi o assistente do Stanley Kubrick por muito tempo. Então, eu estava em boas mãos. Parte do processo de fazer um filme é ter confiança nas pessoas. Você tem que confiar nelas e que os trabalhos estão sendo cumpridos. E Terry é um destes caras que é ótimo e tive momentos muito legais com ele.

Teve alguma sociedade ou governo em particular que você tinha em mente enquanto dirigia este filme?

Na verdade, não. Eu moro em Nova York, mas já morei no Reino Unido e Austrália. Eu também já viajei bastante. Então, você vai pegando referência de tudo isso, pode ser dos noticiários, da literatura ou dos filmes... Espero que V de Vingança seja um tipo de amálgama de todas estas coisas que de certa forma representam algo para mim.

Na adaptação da graphic novel, você mudou o ano em que a história se passa para 2020. Por que você escolheu esta data?

Nós nos mantivemos bastante fiéis à graphic novel. O pano de fundo do álbum era o começo dos anos 80 e o futuro daquela época seria o fim dos 90. Então, para atualizar e ainda manter o espírito do gênero ficção científica, nós pegamos isso e criamos o nosso pano de fundo sobre o agora e o futuro daqui a 20 anos, como eles fizeram. Portanto, foi de certa forma arbitrário e, ao mesmo tempo, eu tentei fazer o design do filme falar sobre o aqui e agora, mas também do futuro. Há coisas que são sobre os dias atuais, mas há também as que falam sobre o amanhã. O teste que eu usei para isso foi um exercício de imaginar como a Grã-Bretanha era 20 anos atrás e perguntar se ela tinha mudado até 2005? E aí, se você esticasse até 2025, vai mudar tanto assim?

Joel Silver disse que você sempre quis a Natalie Portman para o papel da Evey. É verdade?

Eu tive a sorte de trabalhar com a Natalie num dos filmes da série Star Wars [Episódio II - Ataque dos clones]. Acho que ela é uma ótima atriz. Ela tem uma inteligência que está nos seus olhos. Você precisa acreditar na jornada pela qual a personagem passa. Natalie faz você realmente acreditar nisso. Você embarca nessa com ela e ela te leva através da narrativa. Na graphic novel, Evey era um pouco mais maleável e meio influenciável. Tivemos que fazer mudanças.

Você acha que a baixa estatura da Natalie ajuda a mostrar uma vulnerabilidade na personagem?

É interessante este lance da altura porque de forma alguma diminui a presença dela. Na tela, ela é incrível.

Visualmente, foi restritivo fazer um filme baseado em uma graphic novel?

Pra dizer a verdade, foi fantástico! Quando David Lloyd desenhou a graphic novel, ele quebrou paradigmas. Ele desenhou de uma forma bem cinemática e muito modernista. Eles não utilizaram balões de pensamento, nem onomatopéias. Eu li muito antes de começar e daí deixei de lado, porque você quer impor a sua própria visão. Você não quer recontar a história exatamente como a graphic novel - isso já está pronto! Mas o que você quer fazer é se manter fiel à idéia e à intenção da graphic novel, então há também algumas homenagens.

Houve um desafio extra em dirigir Hugo Weaving com uma máscara?

Foi um desafio porque quando você tem um objeto inanimado e você não pode ver o rosto, isso por si só já é um desafio. Mas acho que Hugo reconheceu o quanto isso poderia ser libertador também. Foi uma forma diferente de como usar o seu lado físico e também a sua voz. Eu o conheço há muito tempo. Acho que ele confiou no meu julgamento de que aquilo estava ficando bom ou ruim. Ele pegou muito rápido o que ele poderia fazer com a mascara e onde ele poderia ficar na cena. Acho que ele encarou o desafio e curtiu muito. Acho que, no final, apesar da claustrofobia inicial, ele achou que foi bastante libertador.

Você quase consegue ver as expressões na máscara...

Sim, porque a máscara reage de forma completamente oposta à que um rosto funcionaria. Um rosto absorve a luz, e a máscara a reflete na sua direção. Então, em alguns momentos, eu desligava algumas luzes e deixava tudo escuro e meio sinistro. Quando queria que ele parecesse um pouco mais amistoso ou expressivo, bastava iluminar mais as linhas da máscara. Há uma série de truques que dá para usar. Na graphic novel, eles desenharam o rosto dele sempre diferente, mas nós não tínhamos esta liberdade, infelizmente.

Você chegou a ficar tentado a mostrar o V sem a máscara?

Não, porque eu queria me manter fiel ao original. O que a máscara acaba por representar é o povo. No momento em que você revela o personagem por trás da máscara, você perde o fato de que ela é na verdade uma idéia. Acho que o grande diferencial da performance do Hugo é que você pode sentir algo humano por trás da máscara e isso transcende no fim.

A máscara é quase um outro personagem no filme. Quem a desenhou?

Há um desenho excepcional na graphic novel e eu queria mantê-lo. Mas eu queria que ele tivesse algo de orgânico, para que pudesse sentir que há um rosto por baixo da máscara. Eu consegui um artesão muito bom com a argila. Era inspirada em alguns tipos diferentes de rostos e ele juntou tudo em uma versão de argila, que foi usada para fazer os modelos em fibra de vidro e então pintados.

O que levou a ser um cineasta?

Eu tive sorte de crescer nos anos 70, que eles chamam de "O Renascimento do Cinema Norte-Americano". Tínhamos estes cineastas como Coppolas, Scorseses e De Palmas. E como como diretor de fotografia, tinha este cara que era inacreditável: Gordon Willis.

Você usa muitos efeitos digitais neste filme.

Acho que vindo de onde eu venho, você esperaria mais. Creio que tivemos por volta de 450 cenas, o que se for comparado a The Matrix ou Star Wars é nada. Mas acho que o grande lance ds efeitos digitais é conseguir uma boa integração. Eu filmei miniaturas. O Tribunal de Old Bailey, o exterior do Parlamento e o Big Ben são todas miniaturas aumentados via efeitos digitais. Acho que o ideal é quando você consegue casar as duas coisa.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.