Filmes

Entrevista

V de Vingança - Exclusivo: Omelete entrevista Natalie Portman

V de Vingança - Exclusivo: Omelete entrevista Natalie Portman

06.04.2006, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Natalie Portman

V de Vingança
V for Vendetta


EUA, 2006
Ficção - 132 min
ESPECIAL

Direção: James McTeigue
Roteiro: Andy Wachowski &
Larry Wachowski, baseados em HQ de Alan Moore e David Lloyd

Elenco: Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, John Hurt, Roger Allam, Sinéad Cusack, Stephen Fry, Rupert Graves, Ben Miles, Tim Pigott-Smith, John Standing, Natasha Wightman, Clive Ashborn





O salão do primeiro andar do Whitehall Hotel muda de clima quando as estrelas de V de Vingança entram na sala. Apesar da presença de Hugo Weaving, os olhos seguem sem vergonha a silhueta diminuta e magricela que caminha com uma camiseta simples e calças largas, lembrando muito a Sinéad O Connor dos anos 90.

Mas que os olhos não se deixem enganar. Ao contrário da cantora irlandesa, Natalie Portman é intelecto agindo sobre emoção. Ela sabe quem é, o que quer e como trabalhar para chegar lá. Não cai em armadilhas de jornalistas espertos, iludidos com a forma mais do que o conteúdo. Sim, a anedota do perfume é verdadeira, mas Natalie sorri tranquila ao perceber que no cinema de hoje, ainda há muito espaço para se discutir cabelos e não idéias.

Você já está se saco cheio de te perguntarem do seu cabelo?

Não, pois acaba desviando a conversa de assuntos que realmente interessam (sorriso). É a primeira vez que o meu couro cabeludo ficou exposto desde que eu era bebê, então é preciso tomar muito cuidado com o sol, passar um creme e usar sempre um chapéu quando tenho que sair.

Você pretende manter esse corte?

Não sei, acho que não. Pensei nisso por um momento, mas acho que vai ser só para o filme. É divertido por um tempo, mas vou deixar crescer outra vez.

Em V de Vingança você teve que contracenar o tempo inteiro com o personagem de Hugo Weaving, que usa uma máscara. Foi difícil?

Minha preocupação era passar as minhas frustrações para o personagem, que vai ficar se perguntando quem é a pessoa sob a máscara, ele é feliz ou louco, que tipo de homem se esconde sob a máscara, sabendo que o mistério é parte do personagem V. E foi um desafio enorme para ele, pois V tem falas bem longas.

É verdade que havia máscaras diferentes para certas cenas?

Sim, tinha uma máscara mais brilhante, outra mais opaca... mas o interessante é que a máscara muda conforme a luz, tem momentos em que o personagem parece sorridente, outros mais doce, mais esperto, triste... e, na verdade, a máscara é a mesma. Isso é incrível.

V seria feito inicialmente pelo ator James Purefoy, que desistiu das filmagens logo no começo e foi substituído por Weaving. Como você lidou com tudo isso?

Foi muito difícil. James é um ator incrível, um sujeito incrível. Hugo também é um ator incrível e um ser humano maravilhoso. Acho que entendemos o processo pelo qual James estava passando. Hugo entendeu o personagem de V, que se divide entre a ação e discursos bem longos e conseguiu juntar os dois lados e fazer um trabalho incrível.

E como foi trabalhar com sotaque britânico?

Ah, isso foi muito divertido. Eu trabalhei com meu vocal coach e foi muito interessante treinar a voz e integrar isso ao personagem.

Você continuava usando sotaque britânico mesmo fora das filmagens?

Fiz isso durante um mês, mas parei porque começou a ficar estranho. Houve vezes em que liguei para minha mãe e estava falando com aquele sotaque e ela sem entender nada... E foi uma risada só. Mas depois de um tempo você consegue entrar e sair do personagem o tempo todo.

Em relação a V de Vingança, houve algum momento que você achou mais desafiador?

É uma história muito intrigante, muito interessante. Meu personagem tem que encarar a tortura e quando li o roteiro, me veio tudo o que já tinha lido em livros, em filmes e todas as conversas que tive sobre o assunto. Não sei como é aqui, mas nos EUA temos uma cultura da prisão e existe toda uma discussão em torno da tortura. Eu li muito sobre isso na faculdade, como a tortura foi usada em outros países e toda a discussão sobre a moralidade.

Acho que o filme vai levantar diferentes discussões sobre a violência em geral. Às vezes é difícil definir violência, as opiniões ficam mudando. É quase uma obsessão definir a violência. A violência do Estado contra a violência que vem de atividades terroristas; a luta pela liberdade e como outras culturas encaram isso. Mesmo na nossa sociedade, a justiça define o crime sem intenção (culposo) daquele que é cometido com intenção de matar alguém (doloso). Então, se você mata alguém porque é judeu ou porque era sua namorada, existe uma diferença entre o crime racial e um homicídio doloso. E eu achei tudo isso muito fascinante, ler sobre todas essas categorias e como existe uma linha muito fina separando todas elas. Nos anos 60 e 70 havia grupos radicais que atacavam o governo e matavam em nome de uma causa e outro dia vi uma entrevista com um ex-ativista que disse que naquela época as coisas eram muito difíceis nos EUA, principalmente com a guerra no Vietnã, dizendo que muita gente enxerga até hoje as sanções americanas como totalmente legais, enquanto todos os outros tipos de violência não são aceitáveis. Eu acho que todo tipo de violência é simplesmente terrível.

Você já fez filmes de orçamento menor e também participou de blockbusters, como Star Wars. Você tem algum tipo de preferência quando se trata de escolher o filme?

Não, eu procuro escolher papéis que sejam interessantes e diferentes. Eu tive muita sorte de ter tido experiências diferentes, a coisa mais importante para mim é que seja algo novo, interessante e que me atraia.

Mas para uma geração inteira você é e será sempre a princesa Amidala de Star Wars...

Foi maravilhoso fazer parte de Star Wars, eu adorei participar do projeto, mas acho que de uma certa maneira é muito bom voltar a fazer personagens mais adultos. É engraçado porque de repente tem um bonequinho e algumas pessoas te reconhecem como aquele personagem.

Muitos atores de Hollywood hoje estão seguindo o caminho da direção. É uma coisa na qual você também vai apostar?

Na verdade, a coisa mais incrível é que não consigo me ver dirigindo meu primeiro filme agora. É uma coisa muito complicada, enorme para se lidar, um desafio gigantesco e fazer isso deve ser incrível. Tenho certeza que dirigir o primeiro filme é muito estressante. E quando vi como James (Mcteigue) estava dando conta de tudo e se mantendo tranqüilo, sempre falando calmamente com os atores e ao mesmo tempo mantendo o controle, fiquei admirada.

Você é uma pessoa que adora viajar no mundo das idéias, talvez mais do que no mundo real. Que tipo de livros você tem lido recentemente?

Fiz uma grande pesquisa sobre Guy Fawkes e a conspiração da pólvora, a história dos personagens envolvidos no complô e o que os levou a tentar destruir o Parlamento em 5 de novembro (data que é celebrada até hoje no Reino Unido com fogos de artifício). Agora estou lendo The Coda Feature right, de Anderson e estou no meio das filmagens, pois vamos filmar em breve, mas posso recomendar One Day in September e Obvious Strangers.

Ouvi dizer que existe um projeto para a sequência de O Profissional. Você vai fazer?

Não ouvi nada sobre isso (risos). As pessoas já me perguntaram, mas até agora só conheci um produtor francês que estava interessado.

Você já parou para pensar no poder que tem quando sua imagem aparece no cinema?

Não muito. Eu venho de uma família de um background nada glamouroso, e acho que qualquer ser humano pode olhar para você como uma estrela, mas aí vai perceber que você é apenas uma pessoa.

Quando você decidiu fazer universidade, você realmente pensava em seguir carreira ou apenas achou que seria importante para sua formação?

Não acho que a universidade tenha desenvolvido a minha personalidade, mas eu tinha muitas perguntas não respondidas na minha cabeça e fui lá para ver se teria coragem de fazer essas perguntas. Foi uma experiência maravilhosa, pois tive oportunidade de encontrar cientistas, criadores, gente fazendo centenas de matérias diferentes, gente da minha idade e com projetos diferentes de vida. E isso foi crucial na minha vida.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.